Problema Solucionado
De acordo com os números dos últimos Censos sobre o tema, havia 1,8 milhão de moradores de rua no Brasil em 2012. Isso representa aproximadamente 1% da população total de 200 milhões de pessoas. Em quatro anos, esses números cresceram 10%. Uma pesquisa nacional feita em 71 cidades do país demonstrou que 82% dos moradores de rua são homens e quase um terço deles tem de 26 a 35 anos de idade. Além disso, pouco menos da metade dos entrevistados completou o ensino fundamental, mas, por outro lado, declararam que exercem uma atividade remunerada, sendo a mais citada a de catadores de lixo.
Contudo, muito mais do que números e porcentagens, recentes estudos sobre o tema revelaram que a questão da moradia de rua tem razões mais sociais e culturais do que educacionais ou econômicas. A forma que a sociedade vê – ou não vê – o morador de rua é um ponto central para compreender o problema. Há muitos mitos envolvendo moradia de rua no Brasil e isso reflete como a questão é tratada no Brasil. O que está sendo proposto aqui é repensar essa ideia tradicional sobre o tema e construir uma estratégia de cooperação e inclusão visando a reintegração de moradores de rua na sociedade.
Descrição
O projeto gira em torno de uma publicação sociocultural, distribuída para moradores de rua e pessoas em vulnerabilidade social dela decorrentes. Essa distribuição é feita a preço de custo de produção da revista e comercializada com uma margem de lucro preestabelecida. A ideia é oferecer uma oportunidade de geração de renda que desperte o empreendedorismo nos beneficiários e estimule a responsabilidade financeira. Isso se fundamenta no ciclo de comercialização, já que o pagamento inicial pela revista junto à organização é condicionado às vendas do lote anteriormente comprado.
Além disso, o projeto se propõe a lidar com a questão da moradia de rua e da vulnerabilidade social por ela gerada através de uma aproximação inclusiva entre o leitor e o beneficiário. Oferece uma nova perspectiva tanto para o uso do espaço público, redesenhando a interação entre seus atores, quanto para a compreensão dos diferentes aspectos relacionados à moradia de rua, incluindo no que se difere da mendicância.Assim, promove a inclusão social dos beneficiários no contexto social em que eles estão inseridos.
Outro aspecto que o projeto procura abordar é a questão cultural. Através de uma rede de voluntários, o projeto estimula a produção de conteúdo jornalístico que englobe os diferentes contextos sociais presentes na cidade onde é comercializada. A organização valoriza essa abordagem como parte de sua missão, já que busca trazer ao leitor a realidade social encontrada nesses centros urbanos, a fim de gerar um conhecimento e compreensão maiores sobre questões muitas vezes subexploradas pela mídia tradicional.
Nesse sentido, busca também a integração dos beneficiários no processo de produção da publicação. Oficinas de produção de texto e fotografia são oferecidos com a intenção de prepara-los para produzirem conteúdo sociocultural e, assim, criar uma plataforma colaborativa voltada à transformação social dessa comunidade de forma abrangente.
Desde o começo de suas atividades, a organização procura aprender com os seus pares e refinar os seus processos para conquistar mais espaço e ter mais impacto. Como parte da International Network of Street Papers, uma organização mundial voltada para publicações de rua, a Ocas” está em constante atualização das tendências do seu setor e das possibilidades exploradas com os projetos aplicados em diferentes contextos ao redor do mundo. Dessa forma, trabalha constantemente para fortalecer sua administração e torná-la cada vez mais sustentável. Não só em termos financeiros, mas também vislumbrando a missão de estruturar essa rede de economia colaborativa cultural.
Assim, considerando o caminho trilhado pela organização nos últimos 15 anos, suas conquistas, evolução e impacto, a Ocas” se consolidou como uma tecnologia social eficiente na abordagem da moradia de rua. Isso se deve ao fato de replicarmos e adaptarmos tecnologias já desenvolvidas em outras comunidades, de termos uma participação significativa no setor em que atuamos, o acesso fácil aos beneficiários do projeto e o baixo custo com retorno constante. Esses fatores levam a organização a almejar a expansão constantemente, de forma que desenvolveu um plano estratégico focado na implementação do projeto em outros centros urbanos. No momento, estamos iniciando as atividades em Curitiba onde esperamos alcançar resultados positivos, chegando a comercializar 1.200 cópias da publicação no primeiro ano.
Recursos Necessários
Uma unidade de Tecnologia funciona como uma triagem dos moradores de rua que abordam o projeto pela primeira vez e como distribuidora dos exemplares da publicação. Dessa forma, exerce trabalhos administrativos que requerem:
· 1 Centro de Distribuição;
· 2 computadores com sistema Office;
· 2 impressoras;
· Internet.
Além disso, uma unidade requer materiais e móveis de escritório diversos para sua manutenção.
Resultados Alcançados
O projeto completa 15 anos em 2017 e, durante este período, foram lançadas 113 edições da publicação. Em média, foram comercializadas 2.780 revistas mensalmente, superando a marca de 500 mil exemplares desde 2002. Isso representa uma receita total de R$ 1,5 milhão gerada para os beneficiários.
Desde o início do projeto, foram atendidos mais de 1.000 moradores de rua, tanto no projeto de comercialização da revista, quanto de profissionalização nas oficinas oferecidas. Entre beneficiários temporários e permanentes, atendemos em média 66 beneficiários ao ano, muitos deles já tendo se desligado do projeto por atingirem o objetivo de saírem das ruas e/ou obterem um trabalho formal.
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