Problema Solucionado
Quintais Agroecológicos fazem parte da composição da paisagem de uma pequena propriedade, onde organizadamente serão produzidas hortaliças, legumes, frutas e plantas medicinais livres de agrotóxicos. A realização de ações de formação desses Quintais; o uso racional dos recursos naturais; a troca de saberes e a disseminação de novos conhecimentos com a participação de mulheres poderão empoderar e transformar a realidade de cada uma, ampliando suas possibilidades de participação ativa na sociedade e no mundo do trabalho. A agroecologia e a agricultura familiar sempre contaram com uma presença significativa das mulheres. Fortalecer mulheres para que tenham condições de viver com dignidade, rompendo com todas as formas de opressão e violências que compõem seu cotidiano é um grande desafio e se apresenta como um dos eixos norteadores para o qual esse projeto se propõe a trabalhar. Contribuir para que um conjunto diversificado de mulheres tomem consciência das opressões que sofrem e sejam capazes de construir caminhos para se emanciparem precisa ser um compromisso do Estado. Buscamos mudar a história de mulheres, para que deixem o papel de vítimas e sejam protagonistas de suas vidas.
Descrição
É preciso resgatar a centralidade sobre as relações de trabalho no contexto de uma conjuntura marcada pelo avanço de retrocessos que impactam mais radicalmente sobre a vida das mulheres. Nesse projeto, a agroecologia é apresentada tanto como uma ciência quanto como um conjunto de práticas agrícolas: como ciência “é a aplicação da ciência ecológica ao estudo, desenho e manejo de agrossistemas sustentáveis” e, na prática, “procura sempre melhorar sistemas agrícolas por meio da imitação de processos naturais, criando interações e sinergias biológicas benéficas entre seus componentes”. Promove o empoderamento e o protagonismo feminino, uma vez que é perceptível que as mulheres no ambiente rural são responsabilizadas pela maioria das atividades da casa e da família, já no ambiente urbano, além das tarefas citadas também lidam com atividades fora do ambiente doméstico, com emprego nem sempre valorizado pelo mundo machista ao qual são inseridas. Em busca da autonomia destas mulheres o ICBE realizou ações em diversos municípios de Minas Gerais voltado para a agroecologia, quintais produtivos e plantas medicinais. Este projeto qualificou mulheres, visando a geração de renda e oportunidades de trabalho em locais de vulnerabilidade social e baixa renda.
A capacitação foi constituída de dois módulos, sendo um teórico e outro prático, no teórico foram tratadas as questões referentes ao meio ambiente, sustentabilidade, direitos humanos, cidadania, questões de gênero, empoderamento feminino, discussões de textos e trocas de experiências. No prático foram ministrados os conteúdos específicos da capacitação pretendida voltada para a agroecologia e de um caderno de receituário elaborado pelas participantes.
Procuramos direcionar o nosso trabalho para o acesso a terra e aos recursos naturais; o reconhecimento do trabalho da mulher e de sua contribuição na renda familiar; a formação, capacitação e técnicas; a pesquisas que permitam a auto identificação; a ampliação e fortalecimento de políticas públicas para mulheres e a sua participação na vida política das mulheres mineiras.
Vivenciamos em São Joaquim de Bicas com o apoio do Centro de Referência Ambiental João Amazonas a implantação de quintal agroecológico que resultou na produção e comercialização de mudas, hortaliças e temperos, além da criação de um minhocário, que é uma boa alternativa para minimizar o resíduo orgânico com a produção de húmus de boa qualidade.
A ação voltada para o presídio feminino da cidade de Eugenópolis foi baseada na agroecologia, visando a produção de alimentos com qualidade e sem uso adubo químico ou defensivos agrícolas. Os alimentos produzidos pelas detentas são encaminhados, pela Direção do Presídio, para creches, APAEs e escolas. Realizamos canteiros/mandalas na área interna do presídio, espiral de ervas e mini viveiro de mudas.
Algumas plantas suplantam os efeitos terapêuticos e acabam ficando conhecidas, através da força, da sabedoria e das crenças populares, pelos seus poderes energéticos de limpeza e proteção espiritual, cuja fama vai sendo passada de geração em geração. Mito, crendice ou superstição para alguns, ou uma ajuda realmente eficaz para outros, o fato é que, desde os tempos mais remotos, várias culturas agregam este simbolismo “mágico” a determinadas ervas e as utilizam até os dias atuais. Este trabalho desenvolvido no Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira (CENARAB) em Belo Horizonte fornece folhas e ervas sagradas dos Orixás a diversos Centros de Umbanda além de vasos com Plantas de Proteção.
O trabalho realizado em cinco municípios do Vale do Jequitinhonha: Almenara, Araçuaí, Chapada do Norte, Jequitinhonha e Minas Novas teve como tema Plantas Medicinais. Em cada município uma experiência inovadora desde levantamento de receitas da medicina caseira que foram repassadas pela mãe ou avó e pela tradição, até as dificuldades encontradas pela falta de água, que é uma realidade na região. Entre as alunas encontramos indígenas, de diferentes etnias, quilombolas, agentes comunitárias de saúde e profissionais da assistência social bem como contempladas pelo Bolsa Família. Foram trabalhados desde a manipulação dos medicamentos e cosméticos naturais a troca de saberes e rodas de conversa com moradores das cidades como raizeiros e raizeiras; terapeutas florais; indígenas; quilombolas e parteiras. Cada participante recebeu um CD sobre “Tratado de Plantas Medicinais Mineiras Nativas de Cultivadas”. Um livro virtual elaborado de Telma Sueli Mesquita Grandi sobre as Plantas de Minas Gerais autorizado pela Editora Adaequatio Estúdio. As alunas estão trabalhando para criarem um sistema floral com as Flores do Vale do Jequitinhonha.
Com a participação de jovens, adultas e idosas, feministas, diversidade sexual; mulheres intergeracionais e mães que informam foi produzida uma cartilha de formação para a construção da autonomia e empoderamento das mulheres na tentativa de transformar a realidade de cada uma.
Recursos Necessários
Conteúdos Básico e Específicos: Apostila específica sobre a ação proposta, sendo um exemplar para cada participante, teóricas: para cada participante: 1 pasta com aba, 1 caderno brochura, 1 caneta, 1 lápis, 1 borracha e 1 apontador. práticas: Espaço Físico: espaço para 15 participantes com 15 cadeiras; 01 quadro negro/ branco. EPI: Mascara, boné, avental de plástico; luvas de tecido e raspa, botina plástica cano longo. Equipamentos: 2 picaretas, 3 podões, 5 pás,5 enxadas, 15 kits de ferramentas: ancinho, pá larga e pá estreita, 5 regadores, 2 mangueiras de 50 mts, 1 Furadeira, 1 jogo de serra copo, 4 Brocas de 8mm, 20 parafusos de 8 com bucha, Cano de PVC 4 polegadas – 2 varas inteira, 5 sementeiras de pvc, 30 vasos de plástico de 30 cm, 1 minhocário de pvc completo, Placas de identificação PVC, 03 carrinho de mão. Insumos: 50 sacos de terra de 50kg, 25 sacos de adubo de 50kg, ½ metro de areia, 3 sacos de substrato, 2 kg minhocas californianas, 20 metros de sombrite 70%, 10 sacos de argila expandida. Mudas: 4 dúzias de: Alface lisa, alface crespa, alface roxa. salsinha, cebolinha, coentro, rúcula, almeirão, espinafre, agrião, cenoura, beterraba, repolho, rabanete, 20 manivas de mandioca, 8 mudas de: manjericão, alecrim, lavanda, orégano, hortelã, 6 mudas de: capim limão, citronela, erva doce, calêndula, camomila, malva, 20 mudas de pimenta
Resultados Alcançados
Os resultados serão alcançados por meio da união de mulheres para o compartilhamento de conhecimentos e pela dinâmica de aprender e construir em conjunto. É certo que as mulheres quando se juntam, são como as águas, são avassaladoras. A união e troca experimentada nesse processo são transformadoras. O aprender e fazer em conjunto fortalece na construção de oportunidades e saídas, ensina a construir rede de apoio entre as mulheres e é a chave para a sustentabilidade do projeto, que oferece a possibilidade de construção de um produto a ser trabalhado em continuidade pelas participantes, que podem seguir multiplicando o aprendizado e divulgando as obras/produtos do projeto em suas comunidades. O resultado com este projeto é oferecer a mulheres em situação de risco e vulnerabilidade social, formação sobre seus direitos e as suas lutas para que estes sejam conquistados. Conhecendo os caminhos e sabendo onde encontrar apoio, elas possam construir saídas para as situações em que vivem e serem multiplicadoras desse conhecimento em suas comunidades, além de compartilhar caminhos de construção diária de autoestima, amor próprio, autonomia, autocuidado, união e organização das mulheres e do registro de sua trajetória. Outros conteúdos relevantes dizem respeito à legislação previdenciária e trabalhista, acesso à justiça, acesso às políticas públicas de assistência social, saúde e educação, formalização profissional, uso de novas tecnologias de comunicação e cultura do bem viver. Estas ações atentam e respeitam as vocações locais e regionais, contemplam médios e grandes municípios, sendo que esta conexão na sua forma material trará benefícios importantes para o crescimento da economia, pois as atividades econômicas desenvolvidas por estas mulheres estão inseridas nas atividades preponderantes, sendo de praxe a procura destas produtoras de bens e prestadoras de serviço, pelo setor produtivo em geral. Ao mesmo tempo, as ações uma vez desenvolvidas e implantadas, tendem a inibir e eliminar a informalidade, que é um núcleo ativo dentro do mundo do trabalho em linha crescente, que domina uma faixa expressiva do mercado. E este ambiente nos remete a uma reflexão importante e oportuna, pois nos permite a uma avaliação dos impactos sociais que gera esta modalidade de trabalho no dia a dia das pessoas envolvidas. Para além do objetivo específico, o que se propõe é a construção de ação integralizadora com capacidade de financiamento social, político, econômico e cultural.
Comentários