Objetivo
Entendendo a carência dos sistemas educacional e social hoje quanto à formação de pessoas autônomas, conscientes, sensíveis às desigualdades e capazes de promover mudança, o Programa Jovens Transformadores (PJT) é criado para que as juventudes sejam protagonistas de suas próprias vidas e de suas comunidades, por meio do desenvolvimento de habilidades e competências cognitivas, socioemocionais e comportamentais, de forma a promover a transformação pessoal e comunitária, gerando impacto nos territorios onde estão inseridos. A cada edição, busca-se atender principalmente jovens de baixa renda e de grupos socialmente minoritários, como mulheres, população negra e LGBTQIA+.
Problema Solucionado
Habilidades socioemocionais são reconhecidas, atualmente, como fundamentais para o desenvolvimento integral dos seres humanos. Diversos estudos as qualificam como determinantes inclusive para o aperfeiçoamento das habilidades cognitivas dos indivíduos. Entretanto, poucas escolas adotam práticas que desenvolvam uma educação emocional desde a primeira infância até a adolescência, em especial escolas públicas que atendem jovens de baixa renda. Da mesma forma, ferramentas ou conteúdos que catalisem a atuação de jovens como protagonistas de suas próprias vidas e de suas comunidades são, geralmente, pouco trabalhadas. Ou seja, em geral, os jovens não têm sido preparados para temas como trabalho em equipe, colaboratividade, empreendedorismo, educação política, comunicação não violenta, liderança e participação social. Dessa forma, o Programa Jovens Transformadores (PJT) busca preencher uma lacuna da educação tradicional e atuar com um conjunto de temas e habilidades fundamentais para que jovens possam colaborar ativa e conscientemente com a construção de uma sociedade mais sustentável, democrática e justa.
Descrição
O PJT baseia-se no protagonismo da juventude que, inserida em uma metodologia ativa de trabalho, aprende ao mesmo tempo em que atua em ações de desenvolvimento de sua comunidade. O eixo central do PJT é a correlação entre território e juventude. A partir de uma imersão na realidade e no contexto local e de diversas atividades, o processo envolve o desatar de nós e a potencialização de atuação em iniciativas transformadoras no âmbito pessoal e coletivo.
Neste sentido, o processo que apoiamos é aquele onde em grupos os jovens definem as causas com as quais se identificam. A partir de dinâmicas, jogos e debates, facilitamos o processo para a construção coletiva das ações. O PJT trabalha com a formação em três conjuntos integrados de competências: cognitivas, socioemocionais e comportamentais, buscando uma equivalência com o que a antroposofia traz do Pensar, Sentir e Agir, respectivamente.
O processo pedagógico aberto não se reduz a um passo a passo. Ele envolve momentos importantes que acontecem durante a facilitação e que levam ao aprendizado, a partir da sensibilização individual, inteligência coletiva, ação e sistematização das ideias.
As especificidades de cada território e dos jovens beneficiários irão garantir que os processos sigam caminhos distintos para cada edição e território que vivenciará a metodologia PJT, criando movimentos, recebendo diferentes identidades, e podendo focar mais especialmente em certos eixos do PJT, como empreendedorismo ou educação política. Mas a metodologia base que caracteriza o PJT será seguida em todos os casos e está apresentada nos seguintes passos:
PASSO 0 - SELEÇÃO DO PÚBLICO BENEFICIÁRIO:
O primeiro passo é a escolha do público a ser trabalhado, da demanda a ser acolhida. Em geral, ocorre em diálogo com parceiros, como prefeituras, escolas, coletivos, movimentos sociais, ONGs ou empresas. A partir de então, a comunidade é escolhida e são elaborados critérios para a seleção dos jovens, que podem envolver: grau de vulnerabilidade social; nível de renda; paridade de gênero; idade; potencial de replicação dos conteúdos trabalhados, entre outros. Destaca-se que a participação dos jovens é voluntária e a inscrição é feita por eles mesmos.
PASSO 1 - DIAGNÓSTICO DO GRUPO DE JOVENS:
Nessa etapa, é necessário desenvolver um panorama das circunstâncias que envolvem a vida dos jovens escolhidos como público beneficiário do projeto. De qual comunidade vêm; quais as políticas para a juventude no local; como são as escolas; qual a situação socioeconômica de suas famílias; quais as taxas de empregabilidade dos jovens; quais seus interesses, entre outras características.
PASSO 2 - DESENHO PERSONALIZADO DO PROGRAMA/PROJETO:
A partir do conhecimento qualificado das características que envolvem a vida dos jovens, é possível desenhar um modelo de programa ou projeto de educação adequado. Assim, definem-se a carga horária, a periodicidade, a duração, as temáticas e as atividades a serem trabalhadas. Normalmente, soma-se a esses fatores o financiamento disponível para o programa/projeto, para então escolhermos entre oficinas de curta duração (20h) ou um curso de longa duração modular (80h). São utilizadas três dimensões conceituais básicas, que reconhecem a importância de que sejam trabalhadas em conjunto a) as habilidades cognitivas; b) as habilidades socioemocionais (soft skills); e c) as habilidades comportamentais que possam facilitar o desenvolvimento individual e coletivo, além de promoverem a transformação social. Portanto, as principais temáticas abordadas, tanto nas oficinas quanto nos módulos completos, podem ser divididas em três blocos: a) Desenvolvimento pessoal: valores humanos, comunicação não violenta, educação emocional, trabalho em equipe, liderança e resolução de conflitos, empregabilidade. b) Desenvolvimento comunitário e carreira: sustentabilidade, empreendedorismo, empreendedorismo social e sustentável, consumo consciente e consumismo, funcionamento do sistema político, cidadania e protagonismo cidadão, impactos socioambientais e desigualdades social e econômica. c) “Mão na massa”: prototipagem e desenvolvimento de projetos socioambientais de impacto relacionados à participação social, ao empreendedorismo ou ao voluntariado.
PASSO 3 - EXECUÇÃO DOS MÓDULOS:
Realização das atividades referentes aos módulos do Programa. A metodologia adotada prevê um conjunto de atividades que mais se adequem às variáveis do momento e do território onde os jovens estão inseridos, como: palestras interativas; dinâmicas reflexivas e divertidas; jogos colaborativos; design thinking; mentorias individuais; encontros em grupo; prototipagens; atividades artísticas e culturais; criação de conteúdos digitais; entre outros. Os temas dos módulos podem ser diversos, a partir do que se identifica como mais intrínseco e importante aos jovens e ao território, como por exemplo: 1) Trabalhando em Grupo com Valores Humanos – da autotransformação à transformação social; 2) Sendo um Jovem Empreendedor Social – do trabalho em equipe ao trabalho voluntário; 3) Despertando o Cidadão Participativo – da comunicação não-violenta à participação cidadã; 4) Praticando o Voluntariado e a Solidariedade – da carreira convencional à nova economia para o desenvolvimento sustentável; 5) Planejando a Própria Transformação – o planejamento da transformação: da vida pessoal, profissional e comunitária.
PASSO 4 - AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES:
A avaliação inicia, primeiramente, no contato com a turma, por meio de um questionário de avaliação do marco zero e prossegue ao longo do seu desenvolvimento, com avaliações diárias das atividades realizadas e feedbacks constantes entre a equipe executora e os participantes. No final do projeto, além do registro oral dos depoimentos dos jovens participantes, também é preenchido um questionário individual avaliativo. Na sequência, a equipe reúne-se com os parceiros envolvidos para uma avaliação global do projeto.
PASSO 5 - ACOMPANHAMENTO DOS JOVENS E DAS SUAS INICIATIVAS:
A depender do projeto desenhado, pode ser inserida uma etapa de acompanhamento dos jovens, presencial ou a distância, a partir dos projetos/ações/empreendimentos elaborados pelos jovens ao longo do curso. Tal acompanhamento é importante para garantir a perenidade dos conteúdos trabalhados, por meio do fortalecimento das iniciativas construídas pelos jovens, tais como: projetos sociais ou ações voluntárias, empresas, associações, grupos informais, ou movimentos sociais.
Recursos Necessários
• Local para realização dos módulos com infraestrutura adequada (local para palestras, dinâmicas e atividades ao ar livre) – nos últimos tempos, por conta da pandemia e a necessidade de manter o isolamento físico, foi preciso trabalhar a distância, por meios digitais.
• Alimentação (quando presencial).
• Profissional responsável pela preparação das refeições (quando necessário).
• Materiais de comunicação (cartazes impressos, materiais de divulgação digitais, materiais digitais de conteúdo produzido, recursos para realização de encontros e Lives no meio digital).
• Materiais de apoio (apostila, flipchart, folhas, cartolinas, revistas, tesouras, colas, canetinhas, canetões, barbantes, etc.).
• Transporte e hospedagem para a equipe de facilitação (quando necessário).
• Recurso financeiro para recarga de internet no celular, de forma a garantir participação de juventudes mais vulneráveis (quando necessário).
Resultados Alcançados
• Até o momento foram ou estão sendo realizadas 11 turmas do PJT, em diferentes formatos, com a participação de 268 jovens, de 7 cidades diferentes, advindos de diferentes comunidades, escolas ou universidades. Atualmente estamos implementando mais 5 turmas do PJT, abrangendo mais 6 municípios, nos estados de SP, BA, PI e AP.
Segundo as avaliações realizadas durante as edições do Programa:
• 100% dos participantes sentiram-se beneficiados.
• 100% também indicariam o curso para outros jovens.
• 92% dos participantes classificaram o PJT como “excelente” na avaliação final;
• A assiduidade dos jovens sempre esteve acima dos 80%.
• Em uma das edições dos Programas, foram elaboradas e entregues à Prefeitura Municipal de Sertãozinho 39 demandas de políticas públicas mais urgentes.
• Em outra edição do Programa, foram elaboradas, apresentadas e entregues aos pré-candidatos e pré-candidatas 3 documentos com 34 propostas de políticas públicas para arte, cultura, meio ambiente, juventude e mulheres.
• Na cidade de Matão-SP, foi realizado junto aos jovens do Programa o Festival da Democracia - Matão-2020 online, recebendo personalidades importantes área da cultura, educação e participação política, movimentando mais de 7.000 participantes na audiência.
• Alguns projetos prototipados durante o PJT ganharam vida e foram executados pelos próprios participantes, tais como: a) a realização de um Curso de Ecopedagogia; b) o desenvolvimento de um aplicativo de celular (app) que estimula doação de sangue; e c) um dos jovens se tornou delegado estadual da Conferência Nacional de Saúde.
Além disso, as percepções dos jovens acerca do Programa também possuem um alto valor para a sua avaliação.
Abaixo seguem alguns trechos de depoimentos dos participantes:
• “Uma coisa que aprendi, e que vou levar comigo, foi a parte de se conscientizar como cidadã e enxergar meus direitos, saber o meu dever de cidadã, não só da parte ambiental, mas também na parte da economia, do social, e não ser uma consumista em exagero”. (Laís Gabriela do Amaral dos Santos, 14 anos)
• “Após ter participado dos cinco módulos, posso dizer que sou um Jovem Transformador, pois consegui entender muitos acontecimentos da minha vida, as direções que fui dando, sinto paz interior e preparado para atuar na sociedade de maneira consciente e verdadeiramente colaborativa”. (Hélio Porto, 25 anos)
• “Não foi algo só de teoria, teve muita dinâmica. Vocês foram pessoas maravilhosas, que fizeram de coração esse trabalho gratuito, com pessoas que nem conheciam, me sinto muito grata e acolhida. Obrigada por fornecer esta oportunidade de abrir mais ainda minha cabeça.” (Evelyn Moura, 18 anos)
• “Eu aprendi a trabalhar em grupo, porque às vezes eu não consigo trabalhar em grupo, por causa da questão de diferentes opiniões e com esse projeto eu aprendi, que, com opiniões diferentes, dá para fazer um trabalho maravilhoso.” (Breno Luca Teles da Silva, 15 anos)
• “Eu criei uma maior responsabilidade política, tenho agora mais coragem para opinar sobre minhas opiniões, e tenho uma maior capacidade para ouvir argumentos contrários aos meus.” (Clara Fraga, 16 anos)
• “Acho interessante que os projetos tenham equipes que saibam lidar com os jovens e escutar. Acredito que é muito interessante se os projetos possuírem eventos que reúnam estes jovens conciliando tanto os objetivos de cada projeto com a diversão e forma de expressão juvenil.” (Mariana Marquioni, 17 anos)
• “Escutem. Escutem tudo que nós jovens temos a dizer. Mas não apenas ouçam, nos questionem, nos provoquem, nos ensinem, e deixem, que nós também ensinemos vocês. Isso que faz a mudança.” (Rafaela Bozelli, 16 anos)
Público atendido
Adolescentes
Alunos do ensino fundamental
Alunos do ensino medio
Alunos no ensino superior
Empreendedores
Famílias de baixa renda
Jovens
Mulheres
Tecnologias Sociais Semelhantes
Adolescentes Protagonistas
Saneamento Básico Na Área Rural - Fossa Séptica Biodigestora
Secador Solar De Madeira
Resgatando Gerações: Medidas Socioeducativas Aos Adolescentes Infratores