Problema Solucionado
Um dos principais problemas em comunidades com características de vulnerabilidade social é a insegurança alimentar em que se encontram as famílias, devido ao alto consumo de produtos industrializados e o baixo consumo de frutas, verduras e legumes. Tal fato está associado à baixa renda e à falta de acesso a alimentos saudáveis próximos da comunidade.
A tecnologia possibilita a essas famílias a produção de parte de seu alimento, livre de agrotóxicos, melhorando a qualidade de sua alimentação a custo mínimo e favorecendo a descompressão de suas rendas.
Outro problema enfrentado no meio urbano periférico é a presença de espaços ociosos e subutilizados, o que piora a qualidade de vida, já que esses lugares são, muitas vezes, usados como depósitos de lixos e entulhos. Assim, a TS também atua na revitalização desses espaços ociosos, aumentando as áreas verdes, embelezando o local, trazendo vida social, saúde alimentar e ambiental.
Descrição
O desenvolvimento e implantação da tecnologia iniciaram-se com um diagnóstico, em parceria com as lideranças comunitárias locais, para identificar a necessidade de promoção da segurança alimentar, a existência de espaços ociosos e o interesse das pessoas desta comunidade em realizar esse tipo de atividade.
Foi designado um espaço público na comunidade, onde os envolvidos (pessoas da comunidade, técnicos do terceiro setor e do poder público municipal) pudessem se encontrar para desenvolver conjuntamente a tecnologia de Produção Agroecológica de Alimentos em Meio Urbano (PAAMU).
A partir da criação deste grupo, foi possível a elaboração do projeto “Cidadania e Autonomia alimentar: uma experiência de Agricultura Urbana Integrada e Sustentável” (CIDAAU), que trouxe a materialização das ideias surgidas no grupo, a partir de seu financiamento pelo Fundo Especial do Meio Ambiente (FEMA). O projeto foi uma das experiências onde a Tecnologia PAAMU pôde ser implantada. Assim, a sistematização desta tecnologia é fruto da experiência do Instituto Pólis no projeto CIDAAU, ainda que ela esteja sendo aplicada em outros locais, por diferentes atores.
O espaço encontrado para este trabalho tem a peculiaridade de ser um antigo lixão, e a comunidade que se formou no seu entorno por muitos anos se beneficiou dos materiais que retiravam desse, posteriormente transformado num parque público. Diante dessa condição de solo contaminado, a solução encontrada foi de realizar o plantio de maneira suspensa, utilizando canaletas com 9m de comprimento por 80cm de largura. Seu preenchimento foi feito com uma camada de brita no fundo para favorecer a drenagem, e o restante preenchido com terra, vinda de cortes de empreendimentos imobiliários urbanos e enriquecida com adubo orgânico. Os canteiros foram pintados com tinta natural, feita com terra de barranco retirada no local.
O plantio nos canteiros suspensos das plantas companheiras com adubo orgânico e a forração do solo com palhas recolhidas no próprio local foram realizados dentro dos princípios da agroecologia. Para enriquecer ainda mais o solo e proteger as plantas das possíveis pragas, foram implantadas técnicas distintas: compostagem (decomposição de matéria orgânica, transformando-se em adubo), minhocário (matéria orgânica em decomposição acelerada pelo trabalho das minhocas produzindo o húmus), chorumada (biofertilizante produzido a partir de elementos – folhas, flores, pedras – colhidos no local) e adubação verde.
Para a rega da horta, pensou-se na economia de recursos e de água, implantando a técnica de captação de água da chuva e a irrigação por micro-aspersão, reutilizando mangueiras e canudinhos plásticos. Para a produção das mudas no próprio local, foi construída uma estufa com bambu, sob os princípios da bioconstrução.
A tecnologia prevê o forte envolvimento dos participantes. No projeto CIDAAU, foram envolvidos na implantação de todo o sistema. Para a aplicação das técnicas e reflexão sobre os temas propostos, são realizados encontros semanais, onde juntos, os envolvidos criam e experimentam formas de realizar esta produção para que posteriormente possam reaplicar em suas casas e em outros espaços de atuação.
A cada semana, é trabalhado um tema específico da produção agroecológica, tanto sob os aspectos teóricos, através de dinâmicas, leituras, palestras e do resgate do saber popular, quanto sob os aspectos práticos, efetivando a implantação das técnicas propostas.
É incluso na aplicação da tecnologia um trabalho de reeducação alimentar, que acontece por meio da preparação de lanches saudáveis durante os encontros, estimulando pelo paladar a transformação dos hábitos alimentares.
Para a reaplicação da tecnologia, é realizado um mapeamento na região levantando os locais possíveis de realizar o plantio com as técnicas deste sistema, bom como os locais que produzem alimentos e trabalham com agroecologia. Isso visa a formação de uma rede de troca de saberes e possibilidades.
Recursos Necessários
-Alicate de poda aço inox oito polegadas;
-Bandejas de isopor 128 células;
-Carrinho de mão com braço bipartido com caçamba de metal;
-Lona plástica preta 3X3m (conservar insumos);
-Enxada estreita c/ cabo de madeira;
-Facão de aço carbono c/ cavo de madeira - 26 polegadas;
-Forcado reto p/ silagem 4 dentes c/ cabo de madeira 130cm;
-Luvas de raspa (par);
-Pá de bico c/ cabo 71cm 320x270mm;
-Pá transplantadora;
-Plaquinhas de identificação de canteiros;
-Pincel de pintura duas polegadas;
-Pulverizador manual 1,25L (aplicar defensivos naturais);
-Sacho duas pontas cabo curto;
-Mudas de hortaliças diversas;
-Semente de adubação verde;
-Sementes de hortaliças agroecológicas - 40g de 25 variedades diferentes;
-Terra;
-Bambu;
-Material de papelaria;
-Canaletas;
-Blocos de cimento ou outro material alternativo;
-Caixa d'agua;
-Calhas para telhado;
-Tambores plásticos;
-Mangueira reutilizada;
-Canudinhos de pirulitos ou cotonetes reutilizados.
Resultados Alcançados
1. Aproximadamente 1.000 famílias beneficiadas pela tecnologia, por ter sido proporcionado:
-Melhora nos hábitos alimentares;
-Aumento do consumo de frutas, legumes e verduras;
-Autonomia em relação à produção de alimento para consumo próprio;
-Maior relação com a terra e com o meio como um todo;
-Construção de conhecimento a respeito de plantas espontâneas e sua utilização medicinal e culinária;
-Consciência sobre a importância de separar o lixo domiciliar;
-Descompressão da renda;
2. Re-socialização de pessoas da comunidade, antes isoladas pela auto-estima fragilizada.
3. Revitalização de um espaço público urbano, com o engajamento da comunidade para o esforço conjunto na conquista e revitalização do mesmo.
4. Diminuição do consumo de água tratada neste espaço público.
5. Maior segurança pela utilização comunitária em um espaço antes ocioso e degradado.
A Tecnologia Social foi implantada em diversos estados do pais. Implantados em 30 empreendimentos pelo projeto em parceria com "Minha Casa, Minha Vida"
Tecnologias Sociais Semelhantes
Tanques Em Lajedos De Pedra
Bancos De Sementes Comunitários
Campo Ativo
Agro-Infusor De Bio-Composto