Problema Solucionado
O problema central é o individualismo e o egoísmo com a falta de consciência ambiental que geram inúmeros problemas sócio-ambientais, tais como negligência de áreas comuns, a falta de reciclagem e muitos resíduos produzidos não tratados, espaços verdes não cuidados. Todos estes problemas giram em torno de um tema: educação e conscientização. Se quisermos cidadãos educados temos que concientizá-los com exemplos, com ações concretas que mostrem boas práticas ambientais. Se quisermos uma comunidade unida temos que formar novos laços com ações coletivas para o bem comum. Para adultos sensibilizados com bons hábitos devemos começar desde a infância, ensinando boas práticas para que no futuro sejam adultos responsáveis com o meio ambiente.
Na cidade de Lima, o déficit de educação, sensibilização e conscientização ambiental é enorme tanto como o déficit de áreas verdes ou florestadas. E com o intuito de responder a esses dois déficits que lançamos esta iniciativa de sensibilização por meio do plantio de árvores em um morro sem vegetação, com solo seco e poeirento onde ninguém acreditava que podíamos cultivar, plantar e reflorestar.
Descrição
Conceito:
Após identificar o local ideal para iniciar o plantio, começamos sozinhos, os dois fundadores da associação. O local é árido, seco e desértico, tivemos que plantar e mostrar aos cidadãos que é possível cultivar plantas e criar uma floresta. Da ideia à implementação, um só passo: trazer a primeira planta e plantá-la.
Implementação e aplicação:
Começa com a produção de compostagem (adubo orgânico) para acrescentar na terra infértil, enriquecendo-a com produtos minerais antes do plantio. A coleta dos detritos foi da casa dos fundadores e dos vizinhos mais próximos, sendo feita diariamente. O lixo orgânico era levado ao local para gerar um composto, estando pronto em poucos meses.
Ao mesmo tempo em que era feita a compostagem, a água da máquina de lavar roupa era recolhida para a rega manual de cada planta semeada (água reciclada). Uma média de 150 litros de água semanalmente, que em vez de jogá-la para o esgoto, era recuperada e usada para molhar os cactos, arbustos não comestíveis e plantas ornamentais.
Começamos com 5 dólares (um par de luvas e uma pá), sem fundos, de modo que procuramos por nossas primeiras plantas nas ruas (podadas e plantas abandonadas), assim semeamos cerca de 50 plantas, sem ter que comprá-las, e, especialmente, dando-as chance de viver, de dar vida e de encontrar uma nova casa com a gente.
A rega manual tem os seus limites, especialmente entre duas pessoas, graças a uma doação instalou o sistema que ainda existe até hoje, com mangueiras de irrigação por gravidade e reservatórios. Este sistema permite-nos emitir zero de gases causadores de efeito estufa, não utiliza energia e rega cada planta por gotejamento, de modo a não desperdiçar água, questão mais importante no deserto em que estamos semeando.
Nossa metodologia e nossa tecnologia é simples: aprender fazendo e depois compartilhar o que aprendeu e feito com os outros para sensibilizar e unir.
Aos 6 meses do inicio do projeto, tinhamos as primeiras 100 plantas semeadas, tinhamos algo para mostrar e demonstrar para incentivar as pessoas a participar. Começamos a divulgar as ações e o projeto nas redes sociais, desenvolver as ferramentas necessárias para a divulgação (web e local de Facebook) e a convidar as pessoas para participar dos dias de plantio e dias ambientais. Buscando doações de materiais e árvores para continuar o plantio.
O envolvimento da comunidade foi crescendo lentamente, a promoção das ações tornou-se conhecida e a comunidade começou a juntar-se prontamente, pessoas de 3 até 85 anos de idade.
No 1º ano, a comunidade local particupou de inúmeras conferências ambientais, a atividades de plantio e irrigação, oficinas educativas jardinagem, hortas e agricultura urbana, oficinas de arte (reciclagem e arte). Muitos vizinhos doaram água, transportando galões cheios de suas casas, regando manualmente as plantas que tinham semeado.
No 2º ano lançamos o programa de compostagem coletiva, convidando a população a separar os seus resíduos em casa e gerar o adubo com o seu lixo orgânico. Para facilitar o acompanhamento, o recolhimento, e por sua vez, visualizar a ação, construímos caixas de compostagem urbanas coletivas feitas de madeira reciclada, colocadas nas ruas do bairro. Treinou-se uma família para cada caixa e em poucos meses, cada família treinada havia ensinado seus vizinhos a fazerem. O efeito multiplicador foi muito importante, contando hoje com uma média de 30 famílias para cada 3 caixas de compostagem.
No 3º ano, as escolas do distrito participaram com visitas ao terreno plantado e fizeram a trilha que foi implementada interpretando a biodiversidade. Eles fizeram uma média de 10 visitas com grupos de 30 alunos de cada.
Muitas crianças da vizinhança participaram de muitas atividades culturais e artísticas nas ruas em que interviemos com a criação de murais ambientais, pintura e plantação dos espaços urbanos muito negligenciados. 15 adolescentes de bairro participaram do programa anual Jardim-arte, todos os sábados, para aprender a plantar e cultivar, a reciclar resíduos e transformá-los com arte. Formou uma pequena equipe de pessoas locais para assegurar o acompanhamento do plantio, a manutenção do espaço criado coletivamente e sua sustentabilidade. Voluntariamente, sem receber pagamento ou benefícios, eles gastam cerca de 10 horas por semana para que a iniciativa perdure e cresça.
Recursos Necessários
Materiais de jardinagem (luvas, varas, picaretas, rastelos, carrinhos de mão, baldes);
Materiais para o sistema hidráulico (reservatórios, mangueiras, vários acessórios para o sistema);
Materiais de florestação (sementes, adubos, água);
Material para móveis de construção (broca, chave de fenda, serra de madeira, martelo, pregos, parafusos).
Resultados Alcançados
Em 3 anos nós plantamos mais de 600 árvores, arbustos e plantas, 4 500m2 florestada com caminhos e trilhas, mobiliário para sentar e contemplar o local, instalou seis reservatórios de água, 3 caixas de compostagem com cerca de 30 famílias que segregam os seus resíduos orgânica e depositá-os em caixas localizados nas ruas.
Foram 10 de jornadas artísticas envolvendo centenas de crianças para pintar e decorar a parede, 300 metros de murais pintados no bairro com mensagens ambientais e de bons hábitos, uma centena de pneus reciclados, pintados e transformados em vasos, 200 crianças que receberam oficinas Jardim-arte, 25 oficinas ambientais de plantio com a participação de cerca de 150 pessoas do bairro, de Lima e estrangeiros. Contamos cerca de 800 pessoas que estiveram envolvidas com a tecnologia e 25.000 pessoas locais que se beneficiram dela.
Em nível qualitativo temos muitas pessoas no bairro que reconhecem o trabalho realizado, a mudança positiva na imagem urbana, na parte ambiental com a área reflorestada, no social tem a recuperação do espaço que antes era um lugar bastante desagradável e, sobretudo os pais que inscreveram seus filhos para os workshops.
Todos estes resultados estão gravados com fotografias, vídeos, inventário de campo. Crescimento em redes de pessoas que se juntam a iniciativa e os pedidos que recebemos para acompanhar e aconselhar outras comunidades na região de Lima, que nos contactem para replicar a iniciativa. É a maior conquista, é a replicabilidade. Recebemos três delegações de comunidades que sabiam o que haviamos feito e querem fazer nas colinas onde vivem, onde há pouca consciência sócio-ambiental.
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