Problema Solucionado
De acordo com a Pesquisa de Percepção dos Cidadãos de Lima, apenas 15,7% dos Limenhos mais pobres estão satisfeitos com o espaço público disponível no local onde vivem versus 42,1% com maiores recursos, o que mostra a desigualdade existente na cidade especialmente em termos de serviços básicos. Ao mesmo tempo, o crime e a percepção de insegurança - ambos diretamente ligados à qualidade do espaço público - aparecem como o principal problema que preocupa o cidadão desde 2010. Além disso, em relação às áreas verdes, em Lima há apenas 3,04 metros quadrados de área verde por habitante em média, que, juntamente com o manejo deficiente de resíduos e a acumulação de lixo nos espaços em desuso, afeta a qualidade de vida dos cidadãos. Da mesma forma, os conflitos relacionados à privatização de espaços públicos ou aqueles que priorizam infraestrutura para carros estão se desenvolvendo. Os movimentos de cidadãos organizaram-se para enfrentar esses conflitos, mas sem um apoio adequado à informação urbana e uma estratégia sólida.
Descrição
Diante da aparente escassez de espaços públicos em áreas vulneráveis de Lima, Lima Como Vamos e outras partes interessadas viram a necessidade de implementar intervenções em pequena escala. Foi assim que a primeira intervenção piloto da Ocupa sua rua surgiu no âmbito da COP 20 em dezembro de 2014, com o objetivo de posicionar a importância dos espaços públicos e gerar a reflexão sobre uma cidade sustentável através da experiência. Esta estratégia procurou levar a COP 20 para a rua e aproximá-la dos cidadãos por meio de intervenções urbanas e artísticas. Desta forma, procurou-se envolver o público com as questões que estavam sendo discutidas na COP 20 e gerar o debate público. Do mesmo modo, esse contexto foi utilizado para ativar e expandir os espaços públicos, promovendo a mobilidade sustentável e garantindo a transferência e permanência do legado da COP 20 em Lima.
Esta primeira intervenção ocorreu em um estacionamento não utilizado do supermercado Vivanda em Miraflores. Houve conversas com o prefeito de Miraflores e funcionários públicos, bem como com representantes da empresa para obter as permissões para realizar o parque. O design foi desenvolvido pela Habitat Indoors e foi implementado com materiais reutilizáveis, graças a doações de duas empresas. Esta primeira intervenção foi o primeiro parque no Peru e teve um grande sucesso, beneficiando 60 mil pessoas no primeiro ano de implementação. Note-se que o supermercado, após um período experimental, assumiu a total responsabilidade pela manutenção da intervenção e até já remodelou o projeto duas vezes, o que garante seu interesse e compromisso com a intervenção.
Por outro lado, a colaboração participativa com os cidadãos no processo de desenvolvimento das intervenções facilita o empoderamento e a contribuição subseqüente para transformar a cidade em uma cidade mais justa, humana e inclusiva. Isso foi demonstrado no caso de organizações de vizinhança que continuaram promovendo a proteção e recuperação de espaços públicos em sua comunidade, fazendo frente a interesses econômicos que violam seus direitos e beneficiam a minoria. A abordagem participativa é transversal à estratégia OSC, uma vez que se pretende que todos os atores envolvidos participem ativamente do processo independentemente de gênero ou idade. Isso é promovido a partir do primeiro passo onde se identifica espaço em potencial para intervir até a inclusão das políticas públicas do distrito. Ocupa Sua Rua atua como um facilitador que promove a colaboração entre os atores durante o processo.
Desta forma, os participantes se sensibilizam com a abordagem dos espaços públicos, para serem então treinados na medida do uso do espaço e, assim, poder identificar conjuntamente os principais problemas e necessidades do local para intervir. É importante enfatizar que a inclusão de todos os tipos de pessoas durante o processo, pois levam em consideração as necessidades de pessoas com diferentes habilidades, crianças, idosos, jovens e adultos para o projeto. Além disso, durante a apresentação da proposta de projeto de implementação, são designados papéis e responsabilidades que contribuem para a manutenção da intervenção. A inclusão dos atores participantes ao longo do processo fortalece o senso de apropriação com o espaço e, finalmente, a sustentabilidade, bem como a replicabilidade do mesmo.
Recursos Necessários
Os recursos materiais provêm principalmente de doações de empresas, por isso depende do que está disponível e também da criatividade para usar os elementos. Usaram principalmente palets, pneus, carretéis de madeira, lâminas de madeira, tijolos, tintas e outros materiais para preparar a madeira, cascalho ou peças de tijolos para o chão. Em algumas ocasiões, foram usados garrafões ou carrinhos de mão como vasos.
Resultados Alcançados
Desde 2014, foram implementadas 20 intervenções urbanas que recuperaram espaços públicos em oito distritos de Lima e Callao, gerando cerca de 5.500 metros quadrados de novos espaços públicos, beneficiando mais de 500.000 cidadãos e conseguindo que os quatro distritos incorporem em sua gestão municipal de políticas pública ou boas práticas dos espaços públicos. Isso é colhetado através das medidas feitas antes e depois da implementação do espaço para definir a tipologia dos usuários e uso que dão ao espaço. Da mesma forma, pesquisas e entrevistas são realizadas para verificar a percepção das pessoas que a utilizam o espaço ou que transitam por pela área. Toda essa informação gera evidências que nos permitem melhorar os processos subsequentes do projeto e do planejamento e, posteriormente, ter dados quantitativos e qualitativos do impacto que gerou a intervenção. Por exemplo, no caso do piloto realizado em Miraflores, as medidas mostraram que o projeto foi bem sucedido, o que o fez crescer exponencialmente.
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