Problema Solucionado
As Pedras do Caminho: Desafios Enfrentados:
As dificuldades financeira para manter uma estrutura administrativa e custear suas atividades organizativas como: Os encontros da REDE, as reuniões de diretoria, as reuniões de planejamento, entre outras, tem se constituído num desafio enorme. Outra dificuldade bastante relevante para a Rede de Mulheres P. do Pajeú tem sido a necessidade de manter sua equipe de técnicas educadoras tanto para trabalhar na mobilização de novos projetos como no assessoramento aos grupos e na execução de seus projetos.
Considera-se dificuldades também, a organização da logística de comercialização da produção das mulheres dentro do território, tanto para os produtos da agricultura quanto artesanal.
Um limitador também da produção dos quintais produtivos das mulheres tem sido a grande seca que castiga a região do semiárido nordestino, nesse contexto, a produção das mulheres tem sido severamente prejudicada.
Pouco recurso no Fundo Rotativo Solidário da Rede de Mulheres Produtoras do Pajeú para investimento nas atividades produtivas das mulheres, tem sido um problema e um limitador no planejamento das atividades produtivas com os grupos de mulheres.
Descrição
A Rede de Mulheres Produtoras do Pajeú é uma Associação sem fins lucrativos existente desde o ano de 2005, quando se constituiu numa Rede de articulação de 10 grupos de mulheres na região do Pajeú. Tinha como objetivo inicial quebrar o isolamento das mulheres rurais e de periferias urbanas de baixa renda que lutavam em suas comunidades por dignidade, geração de renda e segurança alimentar. Em 2008 já composta por 20 grupos amplia sua ação em Rede e decide se legalizar como associação. Localizada a 340 km da capital de Pernambuco, sediada na Cidade de Afogados da Ingazeira, atualmente a Rede de Mulheres Produtoras do Pajeú tem atuação em 11 municípios do Sertão do Pajeú e é composta por 28 grupos de mulheres.
Como organização de base gerida pelas próprias mulheres possibilita no contexto territorial a mobilização, articulação e trocas de saberes no campo da Economia Solidária, Feminismo e Agroecologia. Busca através dos princípios da Economia Solidária, Feminismo e Agroecologia atender as demandas dos grupos no que se refere a formação, articulação política, organização produtiva e a comercialização solidária vencer os desafios encontrados cotidianamente por essas mulheres sertanejas. A partir de sua legalização enquanto associação, a Rede adquiriu condições para buscar seus próprios recursos e investir na formação e organização produtiva e de comercialização dos seus grupos.
Nesses 10 anos de construção, muitos caminhos foram trilhados, mas alguns foram essenciais para a consolidação da Rede, como: Os encontros semestrais que reúnem mulheres dos 11 municípios do território, se constituem em encontros de saberes, troca de ideias e aprendizados, especialmente em espaços de gestão coletiva com foco no projeto político, feminista, solidário e agroecológico. Esses encontros acontecem a cada 06 meses com representantes de todos os grupos. Além das assembleias gerais da associação onde acontecem momentos de trocas, avaliação, monitoramento e planejamento das ações em Rede. Além das mulheres, representantes da Rede de assessoria técnica articulada pela Rede de Mulheres Produtoras do Pajeú também se integram nesses momentos para dialogarem com as produtoras sobre suas demandas para incidência da assessoria técnica nos grupos.
Os encontros são geralmente organizados em 03 momentos distintos com 02 dias de duração: No primeiro momento acontece seminário temático, no segundo momento acontece as trocas entre os grupos, onde as mulheres partilham suas experiências, conhecimentos e vivências. No terceiro momento acontece a gestão da Rede, com avaliação das ações, da missão, dos projetos e planejamento dos caminhos a ser percorrido nos próximos 06 meses tomando como base um planejamento estratégico.
Rede de Mulheres Produtoras do Pajeú na construção permanente do conhecimento, tem como estratégia de fortalecimento investir nas formações das mulheres para isso articula um conjunto de parcerias de assistência técnica para atender a demanda de formação das mulheres nos diversos temas de interesses das mulheres e seus grupos. As oficinas nos grupos tem por objetivo ampliar os conhecimentos das mulheres em temas políticos, de gestão solidária de seus empreendimentos e de produção agroecológica e artesanal. Os intercâmbios de saberes entre as próprias mulheres e grupos são metodologias imprescindíveis para a formação continuada para as agricultoras e artesãs.
O Fundo Rotativo Solidário da Rede de Mulheres Produtoras do Pajeú constitui-se numa ferramenta importante de empoderamento das mulheres, é através dele que elas tem liberdade para planejar sua produção, administrar o recurso, e principalmente ter autonomia para decidir sobre o quê e como produzir. Esse Fundo Rotativo é gerido por um comitê gestor formado por mulheres dos próprios grupos e acompanhado pela Rede. O recurso do Fundo Rotativo Solidário financia as mais diversas propostas como: Criação de pequenos animais, infraestruturas, equipamentos, capital de giro e para o acesso a comercialização.
Entendemos que o conhecimento é a principal estratégia de empoderamento das mulheres e de construção de sua liberdade e autonomia como sujeito político e produtivo capazes de decidir e conduzir seus projetos e suas vidas com liberdade, consciência de seus direitos na proposição de políticas públicas que as incluam e sejam transformadoras para inclusão social. De mãos dadas as mulheres somam forças na confiança do apoio umas as outras para expressarem livremente suas ideias e protagonismo na luta por um mundo mais justo e solidário.
Recursos Necessários
Para implementação de uma Unidade da Tecnologia, faz-se necessário fortalecer algumas ações estratégias:
1. Promover Seminários temáticos:
- Hospedagens, Alimentação , Deslocamentos e Material didático;
2. Investir no fortalecimento da infraestrutura produtiva e de Comercialização promovendo a melhoria da estrutura interna do ponto fixo de comercialização de alimentação:
- Cadeiras, mesas, piso, pia, geladeira...)
3. Fortalecer a capacidade de investimento financeiro do Fundo Rotativo Solidário
- Aumento do Capital de giro.
Resultados Alcançados
Como resultado dos 10 anos de trabalho e luta da Rede de Mulheres Produtoras do Pajeú consideramos importante destacar alguns avanços:
1. As Mulheres assumirem o protagonismo de seus projetos, cobrando seus direitos, entendendo que eles não são dados, mas conquistados com luta, organização e persistência;
2. Investir na auto-organização das mulheres tem sido fundamental para que seus projetos produtivos sejam viáveis, convivendo e dividindo coletivamente os aprendizados e desafios compreendendo que eles fazem parte de um contexto histórico da condição de exclusão das mulheres.
3.A formação política aliada a formação produtiva tem possibilitado as produtoras se veem enquanto mulher entendendo sua condição e importância para o fortalecimento do grupo, saindo da invisibilidade e conduzindo seus projetos produtivos e de vidas.
4. Não basta disponibilizar recursos para as mulheres, é necessário um processo de acompanhamento e compromisso da assessoria técnica na elaboração e na condução da gestão coletiva dos recursos junto com as mulheres.
5. O Fundo Rotativo Solidário tem se constituído num instrumento de empoderamento econômico para as mulheres, contribuído inclusive para o rompimento do medo de muitas mulheres em acessar créditos oficiais, motivo pelo qual muitas produtoras deixam de acessar créditos oficiais a exemplo dos PRONAF´s devido sua estrutura burocrática e invisibilidade de suas atividades produtivas, sobretudo, na agricultura. Porém, após acessar o Fundo Rotativo Solidário, muitas mulheres tem conseguido fazer pequenos investimento em suas atividades produtivas e incentivado muitas mulheres também a acessar algumas linhas de créditos oficiais.
Como reconhecimento por esse trabalho a Rede de Mulheres produtoras do Pajeú tem conquistado alguns Prêmios:
1. Prêmio de Tecnologia Social na categoria "Participação das Mulheres na gestão de Projetos Sociais" - Fundação Banco do Brasil - 2009;
2. Prêmio "Mulheres Rurais que Produzem o Brasil Sustentável" - Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres - 2013;
3. Prêmio "Objetivos de Desenvolvimento do Milênio" - Autonomia e Valorização das Mulheres - Gabinete da Presidência e Organização das Nações Unidas - 2014;
4. Prêmio "Boas Práticas em Economia Solidária" (SENAES) - Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) e Ministério do Trabalho (MTE) - 2015.
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