Problema Solucionado
A comunidade de Passarinho, zona norte do Recife, em Pernambuco, encontra-se à margem das políticas sociais, por ser um bairro ocupado de forma desordenada. A inexistência de políticas voltadas para solucionar os problemas do bairro acabam aprofundando as desigualdades socioeconômicas e ambientais, afetando principalmente as mulheres negras e periféricas. A situação de degradação ambiental é observada através da poluição do rio Passarinho que corta a comunidade, descarte inadequado dos resíduos sólidos, assim como do desmatamento da Mata Atlântica para construção de moradias de maneira desordenada, que retrata um pouco a realidade das grandes cidades, que cada vez mais espremem a população pobre para as periferias, sem condições básicas de saneamento e moradia digna. Esse contexto aponta em investimentos em práticas educativas com foco na agroecologia e na valorização e resgate dos saberes das mulheres. A agricultura urbana agroecológica vem fazendo parte da dinâmica das cidades, como uma importante tecnologia social para o enfrentamento ao modelo econômico insustentável.
Descrição
A metodologia está baseada na educação popular e na pedagogia feminista, cujos sujeitos principais de toda ação são as mulheres. Outro elemento importante é a auto-organização das mulheres tendo em vista garantir sua autonomia e capacidade de decidir sobre suas vidas e incidir politicamente em sua comunidade.
As ações priorizam atividades educativas através de oficinas para formação política, aulas práticas para os temas relativos à agricultura agroecológica urbana, intercâmbios para trocas de conhecimentos, vivências coletivas e mutirões entre as participantes, e assessoria técnica feminista nos quintais produtivos.
As atividades foram estruturadas a partir das seguintes estratégias
(1) Práticas Educativas Feministas
(2) Assessoria Técnica Feminista
(3) Auto-organização e ação em rede
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(1) Práticas Educativas Feministas, com carga horária de 88 horas, nos seguintes temas:
- Oficinas Temáticas de Promoção da igualdade racial: Nesta etapa a formação é voltada para o fortalecimento da identidade racial das mulheres, promoção da igualdade racial, e sua relação com aspectos socioambientais, abordando como temas história da cultura africana, identidade racial combate ao racismo, estética afro, entre outros.
- Oficinas de gestão e autogestão: a partir da perspectiva da economia solidária, visa a construção de grupos para a gestão coletiva de hortas comunitárias.
- Oficinas práticas em Agricultura Urbana Agroecológica: manejo do solo, compostagem, plantio, alternativas de tecnologias hídricas, água como bem finito e uso racional da água.
- Oficinas práticas em Segurança Alimentar e Nutricional: higiene dos alimentos, valor nutricional dos alimentos, aproveitamento dos alimentos, frutas, hortaliças e plantas medicinais para uma dieta saudável e econômica.
- Oficinas sobre Plantas Medicinais: propriedades e uso das plantas medicinais no sentido de melhorar à saúde e bem viver assim como a diminuição do uso de remédios alopatas, combatendo a indústria farmacêutica e também contribuindo para redução dos gastos com esses medicamentos na economia doméstica.
(2) Assessoria Técnica Feminista, com carga horária de 60 horas.
Esta etapa se refere às visitas técnicas de assessoria à produção das mulheres em suas casas, para identificar os problemas e ajustes necessários. Essa ação de assessoria também se dá no acompanhamento ao processo de vivências práticas e mutirões. As mulheres compartilham suas experiências, dificuldades e os avanços percebidos; tornando esse um processo de acompanhamento prático, reflexivo e crítico.
(3) Auto-organização e ação em rede: essa ação visa intercâmbios e a troca de saberes de experiências de mulheres nas diversas localidades. Como: visitas à experiências da confecção e comercialização de produtos fitoterápicos, a partir de plantas medicinais; e seu uso para a saúde e o bem estar; bem como outras comunidades com iniciativas de agricultura urbana. Nesta etapa também faz parte uma articulação no âmbito nacional de mulheres de agricultura urbana, enfatizando a realização de encontros territoriais. Neste sentido, a experiência proporcionou em 2018, o I Encontro de Mulheres e Agricultura Urbana da Região Metropolitana do Recife, articulando outras experiências desenvolvidas nos Estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte, resultando no fortalecimento de uma rede de mulheres e agricultura urbana nacionalmente.
Recursos Necessários
Instrumentos e materiais para o plantio - R$ 4.177,00
Kit jardinagem (Pá estreita + pá larga + escardilho)
Adubo orgânico (terra Tratada) sacos de 15 a 30 Kg
Sementes de hortaliças
Tesoura de poda profissional
Tesoura de poda semi profissional
Pá
Enxada
Arame Galv 18
Vasos (para plantas, tamanhos médio)
Peneira de pedreiro 50X50
Esmalte sint. eurolux - várias cores escuras (latas medias, cores: amarelo, verde, azul, vermelho, branca...)
Trincha larga e fina (p/pintura de pneus e garrafas)
Páletes (suporte grande de madeira)
Parafuso sextavado 2poleg com bucha
Thinner (solvente para limpar pincel de tinta)
Brita pequena
Regador 5 litros
Regador de crivo fino (para as sementeiras ou mudas recentransplantadas)
Carro de mão
Rastelo (ciscador/gadanho/ancinho)
Borrifador 2l
Luvas
Faca grande
Material para a Oficina de Segurança Alimentar e Nutricional - R$ 150,00
5 bananas maduras
200g de manteiga
3k de trigo sem fermento
1 garrada de óleo
60g de fermento biológico seco
1 mói de cebolinha
20g de oregáno
40g de linhaça
1kg de cenoura
2 1/2 kg de macaxeira
250g de cebola
7 ovos
1 pote de fermento químico do grande
2 caixa de aveia fina
200g de passas
40 g de canela em pó
1 bolsa de leite em pó
Resultados Alcançados
- O intercâmbio de experiências da agricultura urbana entre comunidades de Passarinho com a ocupação da Carolina de Jesus, resultou na replicação da prática agroecológica continuada com crianças na ocupação.
- Fortaleceu a agenda política do Direito à Cidade em Recife, com a importância da auto-organização das mulheres no âmbito da agricultura urbana.
- Resgate da ancestralidade das mulheres negras com o cultivo das plantas medicinais e o seu uso para o bem viver.
- 25 mulheres com maior apropriação de práticas agroecológicas.
- 25 mulheres apropriadas sobre práticas de beneficiamento de produção e a cultura alimentar africana.
- 25 mulheres apropriadas sobre o uso e as propriedades das plantas medicinais.
- 25 mulheres fortalecidas no conhecimento sobre plantas medicinais.
- 25 mulheres mobilizadas para a melhoria de suas práticas agroecológicas.
- 25 mulheres fortalecidas na sua identidade racial.
- 25 mulheres apropriadas dos processos de gestão comunitária
- 01 artigo científico com pesquisadoras da UFRPE sobre a experiência.
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