Problema Solucionado
As instituições (CNC, Fecomércio, Sesc e Senac) foram criadas em 1946, por empresários do comércio, com a finalidade de promover o bem-estar dos empregados do comércio. A longo desses anos, as instituições trabalharam com foco no atendimento às demandas sociais de sua clientela (comerciários), descoladas das questões ambientais condicionantes à sadia qualidade de vida. Esse foco no público externo abriu uma lacuna no ambiente corporativo interno, especificamente no tange a sensibilização dos seus empregados, a mitigação dos impactos socioambientais (relacionados à sua própria operação) e a otimização do uso de seus recursos disponíveis. Apesar dos documentos referenciais das instituições já afirmarem a preocupação com o meio ambiente, estes não eram condizentes com o que se via na prática. Ou seja, as instituições sabiam o que precisava ser feito, porém não havia um entendimento de como isso poderia ser feito, sistematizado e replicado. Nesse sentido, com os objetivos de promover maior coerência com os documentos institucionais e de disponibilizar ferramentas fidedignas para uma gestão, de fato, mais sustentável, criamos, em 2010, o Ecos – Programa de Sustentabilidade.
Descrição
O Programa Ecos foi criado sob a lógica de dois modelos de gestão ambiental: Ecoeficiência e Qualidade Ambiental Total. A Ecoeficiência aponta para ações relacionadas à minimização do uso de energia e água, reuso, reciclagem e otimização do uso de recursos naturais. A Qualidade Total Ambiental, complementarmente à Ecoeficiência, traz a perspectiva da melhoria contínua do desempenho socioambiental, por meio do ciclo PDCA (Plan-Do-Check-Act), buscando estabelecer objetivos, metas, processos, mecanismos de verificação e monitoramento dos resultados. A partir da combinação destes dois modelos, desenvolvemos a metodologia de implantação do Programa Ecos, dividida em seis fases:
FASE I – ESTRUTURAÇÃO
Duração: até 20 dias
• Designação do coordenador e representantes do grupo gestor
O primeiro passo é criar o grupo gestor. Considerando a natureza intersetorial da sustentabilidade é necessário garantir a representatividade de alguns setores. Sendo assim, o grupo gestor deve ser composto por um coordenador e mais, no máximo, cinco representantes das seguintes áreas: Compras, Comunicação, TI, RH e Infraestrutura (engenharia e serviços gerais).
• Institucionalização do grupo gestor
Após designação dos representantes é necessário formalizar o trabalho do grupo gestor por meio de um ato institucional (ex.: Ordem de Serviço, Portaria, Norma, etc.). Dessa forma, os representantes são reconhecidos e o trabalho legitimado no ambiente corporativo.
FASE II – CAPACITAÇÃO
Duração: 2 dias
Após definição dos integrantes do grupo gestor é necessário capacitá-los, no sentido de equalizar conhecimentos e alinhar conceitos. Com duração de 16 horas, esta etapa é dividida em duas partes. INTRODUÇÃO CONCEITUAL (PARTE I): breve introdução conceitual sobre sustentabilidade, inserindo a instituição no contexto socioambiental contemporâneo. GESTÃO DO PROGRAMA ECOS (PARTE II): apresentação de todos os procedimentos inerentes ao funcionamento do Programa Ecos, como proposta de sistematização do trabalho a ser desenvolvido.
FASE III – DIAGNÓSTICO
Duração: até 30 dias
• Levantamento de indicadores operacionais
Partindo da premissa de que não se pode gerenciar algo que não se conhece, o diagnóstico é fundamental para, por meio da construção de indicadores de sustentabilidade, orientar as atividades prioritárias a serem consideradas pelo grupo gestor. Os seguintes indicadores operacionais são levantados nesta etapa: energia (kW); água (m3); copos descartáveis (unidades); papel A4 (folha); papel toalha (folha); materiais recicláveis e não recicláveis (Kg ou sacos); óleo vegetal (litro), pilhas e baterias (unidade); lâmpadas fluorescentes descartadas (unidade); renda para cooperativas (R$); investimento em desenvolvimento educacional dos empregados (R$); e proporção de homens e mulheres no quadro funcional (%).
• Mapeamento dos aspectos e impactos ambientais
Para o melhor entendimento acerca dos impactos decorrentes do funcionamento da instituição é fundamental o mapeamento das atividades que, potencialmente, podem trazer riscos ao meio ambiente. Para isso, desenvolvemos uma versão simplificada da Matriz de Aspectos e Impactos Ambientais, na qual ficam registrados todos os processos da instituição que interagem (positiva ou negativamente) com o meio ambiente. Com isso, reduzimos subjetividades e ampliamos a assertividade das ações.
FASE IV – PLANEJAMENTO
Duração: 2 dias
• Oficina para elaboração do Plano de Ação
A partir do diagnóstico, realizado na FASE III, o grupo gestor possui importantes informações que subsidiarão as análises e os debates que orientarão as primeiras atividades contempladas pelo programa de sustentabilidade. Para isso, realizamos uma oficina para a elaboração do Plano de Ação, seguindo um roteiro pré-estabelecido. Apoiado na metodologia do Balanced Scorecard (BSC), o modelo de planejamento do Programa Ecos permite a elaboração de planos complexos, mas também de planos simples, com pouco investimento em curto e médio prazos. É flexível à disponibilidade orçamentária de cada instituição.
FASE V – LANÇAMENTO
Duração: 1 dia
• Evento de lançamento do programa
Realização de evento para sensibilizar todos os empregados, comunicando as ações e metas planejadas.
FASE VI – ACOMPANHAMENTO
Duração: permanente
• Acompanhamento mensal dos indicadores
Considerando que o programa é orientado pelo ciclo PDCA, realizamos a análise mensal dos indicadores (levantados na FASE III). Dessa forma, acompanhamos o desempenho das ações propostas, possibilitando corrigir eventuais resultados inesperados em tempo hábil, além de melhorar continuamente os resultados já alcançados.
• Relatório Anual Ecos
Esta é a principal ferramenta de acompanhamento, contendo a síntese das atividades executadas e dos principais resultados alcançados, para prestar contas aos colaboradores e demais públicos interessados. O relatório é dividido nas seguintes seções: ações rotineiras, executadas e planejadas, indicadores operacionais e resultado financeiro.
Recursos Necessários
Para executar a metodologia de implantação do Programa Ecos são necessários poucos recursos materiais. A seguir o detalhamento por fase de implantação:
FASE I: e-mail, internet, computador, softwares (Word e Excel).
FASE II: sala, sete mesas e cadeiras, projetor de slides, sistema de som, computador e softwares (Word, Excel e Power Point).
FASE III: e-mail, internet, computador e softwares (Word e Excel).
FASE IV: sala, sete mesas e cadeiras, projetor de slides, sistema de som, computador e softwares (Word, Excel e Power Point).
FASE V: auditório (de acordo com o número de empregados), projetor de slides, sistema de som, computador e softwares (Excel e Power Point).
FASE VI: e-mail, internet, computador, computador e softwares (Word e Excel).
Resultados Alcançados
A metodologia de implantação e operação do Programa Ecos tem demonstrado ser de fácil replicação e com baixo custo, despertando o interesse das instituições do comércio (CNC, Federações, Sesc e Senac) em todo o Brasil. Desde seu lançamento, em 2010, o Programa Ecos já foi implantado em 20 estados brasileiros: SC; PR; RJ; MG; MT; MS; DF; GO; TO; PA; RO; AC; AM; AP; RR; PI; PE; AL; SE.
Para além dos resultados referentes à replicabilidade da metodologia do Programa Ecos, destacamos a seguir os principais resultados operacionais alcançados por meio da ecoeficiência.
ECONOMIAS OBTIDAS NO DEPARTAMENTO NACIONAL DO SESC (EM UNIDADES) DESDE A IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA ECOS:
• Copos descartáveis economizados: 8.784.519 (R$ 87.845,00)
• Sacolas plásticas economizados: 252.000 (R$ 67.200,00)
• Guardanapos economizados: 6.720.000 (R$ 67.200,00)
• Papéis-toalha economizados: 2.164.218 (R$ 21.642,00)
• Litros de água economizados: 87.539.000 litros (R$ 1.792.799,00)
Obs.: Quantitativos acumulados desde março de 2010. Para o cálculo das economias consideramos as médias de consumo dos dois anos anteriores à implantação do Programa Ecos (2008-09).
ECONOMIAS OBTIDAS NOS DEPARTAMENTOS REGIONAIS DO SESC (EM PERCENTUAL) UM ANO APÓS A IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA ECOS:
Alagoas:
• 19% água
• 70% papéis toalha
• 14% papéis ofício
• 45% copos descartáveis
Obs.: Dados referentes ao exercício de 2013, quando comparados aos de 2012.
Sergipe:
• 25% papéis toalha
• 33% papéis ofício
• 93% copos descartáveis
Obs.: Dados referentes ao exercício de 2013, quando comparados aos de 2012.
Paraná:
• 10% energia
• 72% copos descartáveis
• 5% papéis ofício
Obs.: Dados referentes ao 1º semestre de 2014, quando comparados ao mesmo período de 2013.
Rio de Janeiro:
• 65% copos descartáveis
• 17% água
Obs.: Dados referentes ao 1º semestre de 2015, quando comparados ao mesmo período de 2014.
Tocantins:
• 90% copos descartáveis
• 45% papeis toalha
• 19% papeis A4
Obs.: Dados referentes ao exercício de 2015, quando comparados aos de 2014.
Ressaltamos que, de forma transparente, todos os dados informados estão disponíveis para consulta nos relatórios anuais. Todos os números acima foram levantados a partir dos dados disponíveis no Sistema de Gestão de Materiais da instituição, bem como das contas de luz e água. Para composição fidedigna dos indicadores, consideramos o número real de consumo em vez das compras realizadas pela instituição.
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