Problema Solucionado
O problema que motivou a criação da Tecnologia Social surgiu na década de 90. Professores da rede de ensino regular, que atendiam pessoas com deficiência intelectual e múltipla nos Centros de Ensino Especial, se preocupavam com a falta de terminalidade das pessoas com deficiência intelectual e múltipla que entravam nos Centros de Ensino e não saíam. A solução adotada foi a conquista de parceria com a Secretaria de Educação do Governo do Distrito Federal com a Apae nacional (Fenapaes).Com o passar dos anos e uma maior disposição da sociedade pela inclusão social das pessoas com deficiência, foi identificado que, apesar do público atendido pela instituição passar por processos educacionais, normalmente, eles chegavam sem repertório básico para frequentar os programas que a Apae oferecia.Foi preciso criar e desenvolver um projeto que atendesse às necessidades individuais dos candidatos. Com o passar do tempo, os projetos se transformaram em um programa de formação básica. Em resumo, esta metodologia surgiu a partir da necessidade de preparar e qualificar as pessoas com deficiência intelectual, atendidas pela APAE-DF, para o seu ingresso no mundo do trabalho.
Descrição
Com o objetivo de preparar pessoas com deficiências intelectual e múltipla para o mundo do trabalho, a APAE busca promover ações que propiciem a formação básica e a qualificação profissional de seus usuários. Esse processo educacional e profissionalizante fundamenta-se em três etapas que são: 1- Formação básica, 2 - Qualificação profissional e 3 - Inclusão profissional. 1 - A formação básica envolve: a avaliação preliminar e dinâmica, que consiste no levantamento das potencialidades e dificuldades funcionais do candidato, especificando o grau de capacidade para execução de uma tarefa ou desempenho de uma função ou emprego. A formação básica envolve: atividades práticas, acadêmicas, físicas, artísticas, culturais e tecnológicas, que se conectam entre si. As atividades práticas são desenvolvidas em diferentes espaços de aprendizagem, de forma vivencial, dando-se funcionalidade aos conteúdos abordados. Assim como: oficinas de lavanderia, recepção, digitalização, de higienização de ambientes e laboratório para desenvolvimento de temas transversais voltados para legislação trabalhista, sexualidade, higiene, etc. A educação profissional deixa de ser algo distante em sua relação com a vida e passa a ser realizada de forma vivencial e prática. 2 - A qualificação profissional é realizada, preferencialmente, fora do ambiente institucional em parceria com agências formadoras, pela própria instituição, em empresas públicas e privadas. Nas empresas públicas ou privadas é aplicada a metodologia de emprego apoiado, ou seja, o aprendiz é colocado na empresa e, em seguida, é qualificado na própria empresa, com o apoio de profissionais especializados na área, invertendo a lógica de “treinar – colocar” para ‘colocar – treinar”. Na instituição, é realizada por meio de cursos e certificação. 3 - Inclusão profissional: consiste na inserção dos educandos no mundo do trabalho, em algum tipo de atividade laborativa, preferencialmente, competitiva e sempre condizente com o potencial, as condições físicas, aspirações e escolaridade dos participantes do programa.As diferentes aptidões, capacidades e potencialidades são requisitos essenciais para a participação dessa clientela em diferentes alternativas de inclusão profissional. A Inclusão Profissional pode se dar nas modalidades: 1 - Emprego convencional com apoio e/ou sem apoio: proporciona à pessoa com deficiência condições que a levem a uma atividade produtiva e remunerada, realizada no mercado de trabalho competitivo, a qual lhe assegurará o exercício de seus direitos e deveres trabalhistas e permitirá sua inclusão social; 2 - Emprego apoiado individual: trabalho competitivo, em recintos inclusivos, desempenhado por: (a) pessoas com deficiência que nunca trabalharam fora das entidades sociais ou (b) pessoas para quem o emprego competitivo tem sido intermitente ou interrompido em consequência da condição impeditiva que, portanto, necessitam serviços de apoio contínuo; 3 - Emprego apoiado de prestação de serviços via enclave inclusivo:um grupo de cerca de 8 pessoas com deficiência e sem deficiência, acompanhadas por um apoiador, que realizam o trabalho dentro da empresa que contratou o serviço; 4 - Emprego apoiado de prestação de serviços via equipe móvel inclusiva:um grupo de cerca de 5 pessoas com deficiência e sem deficiência e um mediador (consultor ou treinador laboral), de um programa de emprego apoiado, que realizam trabalhos fora da instituição social, fazendo, por exemplo, conservação de jardins e parques, bem como limpeza e manutenção de outros logradouros públicos ou particulares; 5 - Trabalho autônomo: individual, indústria caseira e cooperativa: Caracteriza-se pela atuação profissional, sem vínculo empregatício. Implica no gerenciamento de um pequeno negócio ou empreendimento, que envolve administração de recursos, aquisição de encomendas e comercialização, marketing e venda. Principais fundamentos teóricos: Perspectivas educacionais Paulo Freire, Perspectivas desenvolvimentistas e educativas de Lev Vygotsky, Teoria das inteligências múltiplas de Howard Gardner, Teoria dos estilos de aprendizagem, e a Teoria de Miguel Angel Verdugo. Fundamentação legal desta Tecnologia Social: Lei nº 9.394/1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB),Lei nº 13.146/2015 – Lei Brasileira de Inclusão (LBI),Decreto nº 3.298/1999 e Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPC). Fases da implantação:A APAE-DF criou, em parceria com as mães dos aprendizes, uma cooperativa. Concomitante a este trabalho, a APAE-DF também realizou a colocação profissional por meio do trabalho competitivo normal. A partir de 2007, a instituição colocou em prática um projeto específico para a colocação de pessoas com deficiência por meio do emprego apoiado de prestação de serviços via enclave inclusivo. Foi fundamental o envolvimento da comunidade dos bairros onde estão as 4 unidades da APAE-DF. Sem o envolvimento da comunidade, a Tecnologia Social não consegue ser implantada.
Recursos Necessários
Para a implementação desta Tecnologia Social é necessário a criação de salas ambientes. A sala ambiente de uma lavanderia, por exemplo, precisa ter todos os equipamentos que uma lavanderia comercial pequena precisa, além de um instrutor e os clientes. Os clientes são pessoas da comunidade onde a Tecnologia Social é implantada. Exemplo de materiais para uma unidade de lavanderia para formação de 16 aprendizes, 8 por turno: 8 Tábuas de passa, 8 ferros, 1 máquina de lavar doméstica, 1 máquina industrial, 1 secadora industrial, 2 varais de chão, 3 araras de parede, 1 mesa grande, 1 mesa redonda e 8 cadeiras, baldes, 12 cestos de roupa, armários, balcão de atendimento, telefone, mural, uniformes, produtos de limpeza, embalagens e material de escritório. Outros exemplos de oficinas para a implementação de uma unidade da Tecnologia Social: Copa; Vendas e Atendimento ao Público (Lanchonete); e Recepção e Serviços Administrativos. Para cada uma delas, são necessários equipamentos que simulem o ambiente de uma Copa, de uma Lanchonete e de uma Recepção.
Resultados Alcançados
Resultados quantitativos:A entidade possui registros somente a partir do ano de 2006 da implementação desta Tecnologia Social desenvolvida pela instituição. De 2006 até este ano, foram inseridos no mercado de trabalho 50,91 pessoas, em média, por ano. Entre 2016 e 2017, de um total de cerca de 200 aprendizes que frequentaram o programa de formação básica para inclusão profissional, 97 foram inseridos no mercado de trabalho, uma taxa de 48,5%. A instituição acompanhou no mercado de trabalho, em 12 anos, uma média de 210 pessoas com deficiência, em cada ano. Atualmente, são 266 pessoas com deficiência intelectual que se encontram hoje inseridas no mercado de trabalho e que são acompanhadas pela APAE-DF. Destas, 54 estão inseridas na modalidade emprego apoiado via equipe móvel inclusiva. No total, a APAE-DF atende a 780 pessoas (514 atendidas nos diferentes programas da instituição e 266 são pessoas inseridas e acompanhadas no mercado de trabalho). Resultados qualitativos:A instituição percebe que, no decorrer destes anos todos em que está em funcionamento, houve uma maior aceitação da sociedade em favor da inclusão profissional da pessoa com deficiência, o que facilitou a expansão do trabalho da APAE-DF. Um exemplo disso é o aumento, a partir de 2007, da inclusão profissional por meio do emprego apoiado de prestação de serviços via equipe móvel inclusiva, conforme explicado acima. A contratação por meio do emprego competitivo convencional também cresceu muito nestes anos, devido à Lei de Cotas e à fiscalização do seu cumprimento pelos órgãos públicos. Com a colocação de pessoas com deficiência intelectual,a sociedade também percebeu que a pessoa com deficiência é tão produtiva quanto qualquer pessoa, o que aumentou a demanda pela contratação específica desta clientela.
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