Problema Solucionado
As escolas da rede pública parceiras estão localizadas em territórios de vulnerabilidade social, com poucas atividades culturais e educativas. Além das questões territoriais, estas enfrentam grandes desafios, como: índices significativos de abandono escolar e/ou reprovação; ambiente escolar pouco atrativo para os alunos e não atende as necessidades e interesses dos adolescentes e jovens do século 21 e carência no desenvolvimento de estratégias que possibilitem o senso crítico e reflexivo em relação ao acesso à arte, em especial aos aos produtos audiovisuais. Segundo o INEP 2017, alunos da rede privada passam mais tempo na escola. A falta de oferta de atividades em período integral nas escolas restringe oportunidades educacionais e a ampliação do repertório sociocultural. Estes jovens, por outro lado, passam cada vez mais tempo conectados a dispositivos digitais de produção e reprodução de imagens e vídeos, sem possuírem um olhar crítico para estes produtos e seus mecanismos de criação. audiovisual é muito utilizado por professores como recurso metodológico em sala de aula, porém, o seu uso sem um conhecimento específico da linguagem não contribui para práticas educativas efetiv
Descrição
O primeiro passo é a seleção das escolas públicas e feita por meio por meio de uma convocatória. É necessário o interesse de um professor da escola de a acompanhar as oficinas e receber a formação em pedagogia do cinema. A oficina acontece no contraturno distribuídas em 30 encontros com carga horária de duas horas cada. Os professores de cinema apresentam a proposta da oficina nas turmas das escolas. O limite de participantes é de 20 estudantes.
Trabalhamos a metodologia compartilhada no âmbito da rede “Cinema, cem anos de juventude”, que conta com a orientação de Alain Bergala (crítico, diretor e professor de cinema, de escolas como a FEMIS e a Universidade Paris 3 – Sorbonne Nouvelle). O projeto Imagens em Movimento, criado em 2011, é o pioneiro da América Latina a integrar a rede que hoje envolve organizações independentes de 14 países, dedicadas à experiência do cinema nas escolas, com as quais compartilhamos uma mesma metodologia e seus resultados, a cada ano. O projeto é responsável pela adaptação desta metodologia mundialmente reconhecida para a realidade da educação pública brasileira, desde 2011. Nosso método se baseia em duas linhas de ação intrinsecamente ligadas: a análise e a realização de filmes. O objetivo é estimular o gesto criativo do aluno, enquanto observador e realizador. As práticas propostas têm premissas simples que instigam a experimentação das múltiplas possibilidades do cinema. Convidamos os alunos a reinventarem esta arte, a partir do encontro com obras de diversas partes do mundo, realizadas em diferentes momentos históricos.
Para orientar o trabalho, um tema geral pertinente ao universo do cinema, é trabalhado por todas as organizações parceiras a cada ano. Trata-se de uma abordagem transversal: a partir da temática escolhida, que age como um fio condutor, desdobram-se as análises de filmes e as discussões sobre outras camadas constituintes da linguagem cinematográfica. O tema 2018 foi: “Lugares e Histórias” – Esta proposta nos leva a explorar os lugares onde as histórias se inscrevem, configurando-os como espaços singulares. Como os personagens os acessam, e como retornam? Como um lugar pode abrigar uma história, no cinema? Ou, ao inverso, como uma história pode ser desenvolvida a partir da exploração ou da experiência de um lugar? Lugares sagrados ou proibidos, lugares da memória, lugares sonhados.
Nas oficinas trabalhamos conhecimentos relativos à história do cinema, à semiologia e à estética em dinâmicas de conversa com os alunos, nas quais estes são convidados a colocar em grupo suas impressões e associações pessoais a partir de cada filme. Os imaginários pessoais dos estudantes são assim revelados e compartilhados, dando origem à reflexão sobre os filmes. O desenvolvimento das aulas e do conteúdo se dá em função de uma dinâmica dialógica que tem os alunos como figuras centrais. O objetivo principal é criar as condições para que os estudantes levem para a sala de aula suas impressões e experiências pessoais de forma que, em um momento seguinte, possam transfigurá-las em obras audiovisuais por meio do processo criativo. Os professores atuam no estímulo aos alunos e nunca impondo conhecimentos, uma vez que, na arte, não há um conjunto de regras fixas a serem seguidas, mas propostas configuradas de acordo com subjetividades singulares. Desta forma, a iniciativa busca inaugurar uma nova relação entre professores e alunos, motivada pela partilha de experiências, desconstruindo o paradigma tradicional da transmissão verticalizada de saberes pré-concebidos.
Ao longo da primeira etapa das oficinas, além dos debates sobre filmes e dos exercícios de filmagens, são propostas dinâmicas de grupo, trabalhos corporais e jogos interativos para favorecer o desenvolvimento de projetos autorais coletivos. Na segunda etapa, damos início ao processo de criação, filmagem e posterior montagem de um curta metragem. Todas as sub-etapas são vivenciadas e realizadas pelos estudantes, coletivamente. As funções de realização (captação de som, câmera, direção de atores, direção geral, atuação, produção, direção de arte e figurino) são intercambiadas entre todos os membros da equipe. Após as filmagens, retornamos à escola, e após uma aula expositiva, os alunos realizam a edição de seus curtas. A última etapa é a produção da mostra de cinema para a exibição e debate dos filmes produzidos pelos alunos. São convidados todos os patrocinadores, Secretaria Municipal de Educação, artistas, professores, cineastas, jornalistas, familiares dos alunos, ativistas dos direitos humanos, representantes de órgãos públicos e demais interessados. Os curtas e vídeos produzidos são disponibilizados em plataformas digitais(site do projeto e redes sociais), proporcionando o acesso ao público. Os filmes são enviados para festivais nacionais e internacionais de curtas-metragens. Cada escola beneficiada recebe uma série de DVDs com os filmes realizados. Os DVDs possuem capa, catálogo, ficha técnica e sinopse.
Recursos Necessários
Para Compra de material para filmagem e edição dos curtas: equipamento de projeção (R$ 1.700,00); câmera completa (R$ 6.000,00); equipamentos de som- (microfone direcional, vara boo)- (R$ 1.500,00) e notebook (R$ 3.000,00). Logística de transporte(van) para realização das filmagens 4 diárias no total de R$ 2.000,00. Lanche para os participantes das oficinas durante 4 meses no valor de R$ 2.750,00. Material pedagógico(papelaria) no valor de R$ 200,00. Material para a produção dos DVDs no valor de R$ 300,00. Para promover o acesso e a autonomia da produção de conteúdos mesmo durante as oficinas, os jovens irão utilizar o celular para a criação e produção de vídeos, mas terão também acesso a equipamentos profissionais de produção cinematográfica para a realização do curta. Alguns valores foram adequados para a execução de baixo custo.
Resultados Alcançados
Os resultados são acompanhados através das fichas de inscrição e controle de frequência; acompanhamento da execução dos conteúdos programáticos das oficinas; reuniões com a equipe de produção e os professores de cinema; relatório semestral e anual das atividades. As escolas parceiras também disponibilizam dados sobre rendimento escolar dos estudantes. São realizadas avaliações respondidas por alunos e professores, registros fotográficos e audiovisuais. Desde 2011, os resultados quantitativos foram: 80 professores formados em pedagogia do cinema; 1.040 alunos beneficiados; 53 escolas parceiras; 62 oficinas de cinema oferecidas em 6 municípios; 135 filmes apresentados em mais de 20 festivais em 8 países e 10 mostras de cinema; xx DVDs distribuídos para escolas e bibliotecas. Em 2019, a previsão é de 40 professores formados; 240 alunos beneficiados; 12 escolas parceiras; 12 oficinas de cinema; 24 curtas produzidos; 2 mostras de cinema.
Como resultados qualitativos, os jovens apresentam: ampliação do repertório sociocultural a partir do acesso a diferentes linguagens artísticas e culturais, em especial pelo cinema; Desenvolvem habilidades relacionadas à escrita, leitura, expressão em público, responsabilidade, autonomia, cooperação e criatividade. Identificam no projeto a oportunidade de expressar suas impressões pessoais acerca do seu cotidiano, entender sua história, sua relação com a escola e o lugar onde vivem. Desenvolvem a consciência crítica e cidadã ao refletir sobre as desigualdades sociais e acesso a direitos. Revelam o desejo de transformação da realidade social na qual estão inseridos, o que reflete na forma com que enxergam a escola e a sociedade. Destacamos a também a permanência interessada na escola e a conclusão do ensino básico ao mudar positivamente o olhar sobre o ambiente escolar pelo acesso a experiência de práticas inovadoras educação pela linguagem do cinema. Os alunos passam a compreender sobre a importância da escola na construção de seus projetos de vida. Os jovens enxergam o projeto como uma oportunidade de formação, há diversos casos de ex-alunos que optaram por seguir carreiras estudantis ou profissionais com as quais tiveram contato em nossas oficinas (como por exemplo, jovens que buscaram Escolas Técnicas de Audiovisual, escola NAVE, Oi Kabum!, e mesmo faculdade de Comunicação, Produção, entre outros).
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