Problema Solucionado
A ideia de fazer um trabalho voltado à Primeira Infância surgiu em 2013, quando a prefeita Teresa Surita assumiu mais uma vez a gestão da Prefeitura de Boa Vista. A inspiração veio em curso feito na Universidade de Harvard, quando ela ainda era deputada federal, em que ficou bem claro que os primeiros três anos de qualquer pessoa são para sempre e marcam toda a sua trajetória de vida. Se os bebês de hoje tiverem o cuidado que merecem, alimentação, o carinho, a atenção e estímulos corretos, certamente serão adultos mais preparados, cidadãos mais desenvolvidos e bem-sucedidos. Até 2012, tínhamos um diagnóstico preocupante em relação à gravidez na adolescência em nosso estado – um dos maiores índices do País – e precisávamos atuar nesse segmento, para apoiar as mães despreparadas para a gestação e evitar já conhecidos desvios de comportamento em jovens, que ocorrem principalmente devido a desestrutura familiar e falta de cuidados na infância.Os grupos de encontros foram uma estratégia importantíssima para a disseminação de informações relevantes e sensibilização das mães para mudanças de comportamentos que impactam no desenvolvimento da criança.
Descrição
Os Grupos de Encontros Família que Acolhe ocorrem de quinze em quinze dias, na sede do Programa Família que Acolhe, que é uma política pública municipal voltada à Primeira Infância, e estão em expansão para acontecer também nos Centros de Referências de Assistência Social da cidade de Boa Vista. Para iniciar nos encontros, a mulher deve estar grávida de até 21 semanas, que logo é inserida em uma turma cujas participantes estão na mesma fase gestacional que ela, e segue com esta turma até a criança completar 2 anos e 11 meses ou até ela ser incluída em uma Casa Mãe (creches do município). O objetivo é acompanhar a gravidez da mulher, repassando as informações necessárias para que a gestação dela transcorra da melhor maneira possível e continuar o acompanhamento logo após o nascimento do bebê, orientando em cada fase de vida da criança. Os temas tratados nos encontros seguem um currículo pré-estabelecido que aborda as questões mais sensíveis e/ou importantes para o cuidado e desenvolvimento da criança, sempre promovendo também o vínculo entre esta e seu cuidadores. Cada facilitadora atende 43 turmas por mês, duas vezes no mês com uma média de 25 pessoas por turma. Os conteúdos são apresentados de diversas formas, com ou sem ajuda de powerpoints. Vale ressaltar que nestes encontros é estimulada a participação tanto da mãe quanto do pai, ou de qualquer outra pessoa que esteja diretamente ligada aos cuidados com o bebê/criança. No primeiro encontro do mês é um momento de discussão sobre um tema específico e definição de tarefas a serem executadas em casa para colocar em prática o que foi discutido na roda de conversa. O segundo encontro do mês é o momento para que cada beneficiária possa relatar como colocou em prática o ensinamento adquirido e o ganho obtido com a experiência. A cada encontro as mulheres vão ficando cada vez mais seguras com o processo a ponto de criar um vínculo muito forte com a facilitadora e, em alguns casos, confidenciar situações de abusos ou problemas extremos que esteja passando em casa. Neste caso, a equipe de profissionais dá as orientações/encaminhamentos pertinentes e faz os acompanhamentos devidos, buscando sempre preservar a confidencialidade do fato e, se for o caso, a integridade da mãe e criança. Durante estes encontros, devido a quantidade de vezes que a beneficiária participa, a própria facilitadora consegue também identificar alguns sinais de alerta e, sendo necessário, consegue tratar direta ou indiretamente a questão. Os temas apresentados nos encontros vão desde Sinais de Parto como também o tema Brincar, sempre tendo a criança como o foco central. Como estímulo para a assiduidade aos encontros, são entregues enxoval para as grávidas, a partir do oitavo mês de gestação e, quando a criança completa um ano de idade, ela começa a receber três latas de leites mensais para complementar a alimentação da criança. E, ao completar dois anos, a criança também pode ser encaminhada com vaga garantida para as creches do município. Sendo que todos estes benefícios estão condicionados a um nível mínimo de participação de 70% de presença. Os grupos são pequenos a fim de proporcionar uma maior interação entre a facilitadora e as participantes, dar maior oportunidade de participação para as beneficiárias nas rodas de conversa e oportunizar um melhor acompanhamento do desenvolvimento de cada mãe e sua respectiva criança. Os assuntos são tratados de forma prática e sempre levando em consideração as maiores dúvidas ou dificuldades que as mães tem em cada fase da maternidade, utilizando-se também de dinâmicas para melhor absorção do conhecimento. Vale ressaltar que o conteúdo programático é revisado anualmente tendo como foco principal o feedback das beneficiárias sobre os temas apresentados. Nestes encontros são feitos estímulos à realização do pré-natal, vacinação, leitura desde o berço, diálogo com o bebê e outras questões sensíveis ao desenvolvimento adequado e integrado da criança.As orientações repassadas auxiliam sobremaneira as mamães de primeira viagem e também os homens que assumiram sozinhos o cuidado de um bebê. Mas também, como cada gestação e o desenvolvimento de cada criança nunca é igual a outra, sempre os participantes usufruem de ganhos importantes para o cuidado delas. O Grupo de Encontros Família que Acolhe tem o diferencial do tempo de acompanhamento, iniciando desde a gestação e finalizando aos 2 anos de idade, tempo em que a maioria das crianças é encaminhada para as creches. Além da sequência de conteúdos apresentados quinzenalmente, com um currículo estruturado e sempre revisado pela equipe de facilitadores. O acompanhamento das frequências é rigoroso utilizando-se fichas de presenças e posteriormente lançadas em um sistema integrado da prefeitura. Todo este controle faz um diferencial que nos possibilita ter uma maior participação e acompanhar a evolução destas famílias no cuidado com as crianças, em especial as crianças que estão na faixa etária da primeira infân
Recursos Necessários
1 notebook; 1 datashow; Folhas de frequências para assinatura das participantes; Folhas de relato de ocorrência para registrar e acompanhar situações de vulnerabilidades identificadas pelas facilitadoras ou relatada pelas beneficiárias; Calendário dos encontros para registro da participação da beneficiária e que fica em posse dela, para ela também controlar a participação; Material impresso ou em mídia dos assuntos a serem tratados em cada encontro. Material de escritório como canetas, tesouras, resmas de papel ofício, cola, hidrocores, gizes de cera etc
Resultados Alcançados
Os resultados são tangíveis e intangíveis. Aumentamos em 50,23% o número de consultas de pré-natal; 59% nos registros de nascimentos; 33% na vacinação; 166% a mais de vagas em creches e 60% na pré-escola; hoje a nossa frequência escolar está acima de 90%. Outros resultados, mensurados pela Universidade de Nova Iorque, em nossas Casas Mãe (creches diferenciadas), são extremamente animadores. Com a aplicação da prática “Leitura desde o Berço”, em 50% das nossas unidades, cientistas levantaram que, com esse nosso trabalho, houve 50% de aumento de famílias que estão lendo três vezes ou mais por semana; 14% de aumento no vocabulário das crianças; 25% de aumento de crianças sem problemas de comportamento; mais estimulação cognitiva nos lares; redução de punição física, dentre outros avanços.A maior parte deste público é oriundo dos Grupos de Encontros Família que Acolhe e tiveram estes estímulos desde o início da gestação. Conseguimos perceber que este pais tem uma participação mais ativa no acompanhamento escolar do seus filhos. Outro resultado importante é o fato de muitas mães que recebem a vaga na creche, mas tem condições de cuidar de seus filhos em casa, optar em não levá-lo para a creche pois aprendeu nos encontros a importância do vínculo e como nas Casas Mães a criança fica tempo integral, a mãe prefere estar mais presente na vida do filho. Há casos importantes de mães que iniciaram grávidas no programa mas estava rejeitando a gestação e depois de tudo o que aprendeu sobre esta fase tão linda da vida, começou a amar seu filho. Também temos vários casos de adolescentes grávidas que se sentem acolhidas e orientadas e muitas vezes se cuidam melhor para evitar outra gravidez não planejada. Mas os resultados mais impactantes são os fortalecimentos de vínculos dos cuidadores com as crianças, em que eles começam a entender a importância do diálogo com o bebê, do abraço, do carinho, do brincar. É mostrar para estas famílias o potencial de cada criança e eles entenderem que são responsáveis pelos estímulos adequados para que ela possa evoluir e conseguir ser um ser humano melhor e buscar as mesmas oportunidades que todas as outras pessoas. Apoiar estas famílias neste processo de forma séria, comprometida, organizada e de forma contínua abre uma janela para enxergarmos uma sociedade mais digna e justa para todos.
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