Problema Solucionado
A discussão da associação entre adolescência e “problemas/perigo”, decorrente tanto de fatores de natureza biológica quanto da autonomia relativa e ambígua que os jovens desfrutam na família e na sociedade, é uma preocupação presente na literatura médica e sociológica, além de estar na pauta de muitos meios midiáticos. Da mesma forma, há o entendimento que esse fenômeno surge em sociedades modernas, acentuando-se em processos de rápida urbanização. Em outros termos, existe um vasto consenso de que a adolescência/juventude é um período de intensa vulnerabilidade. A sua maior sujeição à vulnerabilidade está na condição de adolescente potencializada em seu risco pela situação de pobreza. Esse quadro leva as situações como: violência nas áreas atendidas pelo projeto; evasão escolar ; drogas; falta de identidade e baixa auto-estima; apatia e falta de perspectiva e cidadania, ou seja, o adolescente, principalmente de baixa renda, apresenta problemas escolares, familiares e sociais. A partir dessas questões, a equipe ImageMagica elaborou um plano de trabalho para atender esta população.
Descrição
Ao longo de mais de 20 anos de atividades, consolidamos a Metodologia ImageMagica. Criada a partir de métodos conhecidos de confecção e produção de fotos, introduzidos como ferramentas em uma proposta de inclusão social – através da construção e reflexão crítica da apropriação de seu entorno e reflexões entre temas, objetos e fenômenos apreendidos pelas câmeras de cada participante. A metodologia ImageMagica está embasada nas teorias e práticas pedagógicas de Celèstin Freinet, Paulo Freire e Lev Vygotsky. Partimos do princípio que: O indivíduo não nasce pronto e nem é cópia do ambiente externo; que o aprendizado se dá, sobretudo, pela interação social. (Vygotsky) O aluno deve ser preparado para tomar decisões; todo projeto pedagógico deve reconhecer a cultura local. Educar é constituir o sujeito da transformação e, para isto, é preciso respeitar o universo cultural dos educandos. (Paulo Freire) Uma sala de aula prazerosa e ativa, onde o trabalho é o motor da pedagogia.
(Freinet) Sendo assim, procuramos criar uma estrutura na qual o aprendizado não fique limitado às horas diárias de aula e às paredes da instituição. Onde o aprendizado não seja um processo individual e cartesiano, mas sim dinâmico e interativo, que envolva os jovens participantes, seus educadores, seus pais e demais membros da comunidade. O Projeto Escola do Olhar prevê três ações principais:
1) O Curso de Fotografia para crianças e jovens da escola ou entorno. Os participantes aprendem técnicas da fotografia e depois saem para fotografar. Paralelamente, são desenvolvidos exercícios de sensibilização do olhar, que facilitam a compreensão da fotografia como instrumento de comunicação e expressão, convidando-os a construir um olhar cada vez mais crítico e sensível.
2) Execução de projetos comunitários através das atividades de multiplicação. A estratégia pedagógica desenvolvida para o Projeto também estimula a postura
empreendedora dos jovens, ao propor desenvolvimento de ações protagonistas na própria comunidade. Além disso, essa ação contribui para a apropriação da linguagem fotográfica, para a consolidação do Projeto como espaço de produção e experimentação artística e cultural, para a disseminação do conhecimento adquirido/ produzido para outras pessoas da comunidade.
3) A Capacitação de professores e educadores locais. Capacitação técnica e conceitual da equipe de educadores da Escola / Comunidade que sediar o Projeto, para apropriação da fotografia como ferramenta pedagógica e exploração das possibilidades de desenvolvimento de ações educacionais em sala de aula e para além dela. 4) Ação de multiplicação onde os alunos viram educadores e ensinam todo o conhecimento aprendido durante o curso para toda a escola e comunidade.
5) Exposição final no local de realização do projeto, ampliando ainda mais o projeto e o acesso à cultura e aos temas discutidos. A carga horária de um programa é dividida entre as etapas de sensibilização, apreensão, reflexão e produção. A periodicidade é planejada em conjunto com a escola parceira.
Vale a pena destacar que desde 2014, a ImageMagica desenvolveu um aplicativo para smartphone chamado Camino que possibilita todo o processo de criação de uma fotografia com sua respectiva legenda. Esse processo de modernização de forma de fotografar permitiu com que a ImageMagica tivesse um projeto mais acessível, custos mais enxutos e que os alunos, após o projeto, pudessem dar continuidade com o aprendizado fotográfico por possuírem equipamentos similares.
Recursos Necessários
Smartphones com aplicativo Camino para oficinas de fotografia;
Papel fotográfico;
Impressora fotográfica;
Janelas ópticas;
Kit de leitura de imagens;
Caixa óptica;
Autorizações de uso de imagens;
Ampliações para exposição fotográfica;
Banners;
Cartazes de divulgação do projeto;
Materiais de papelaria (caneta, lápis, papel, tesoura, cola etc.)
O valor estimado para implementação é de R$ 70.000,00 para realização do projeto na região metropolitana de São Paulo, durante 3
meses com 2 encontros semanais, exposições fotográficas e ação de multiplicação com
a comunidade.
60 beneficiários diretos;
20 educadores da escola atendida capacitados;
200 impactos diretos pela ação de multiplicação com comunidade;
1.500 pessoas – impacto indireto pela exposição que fica exposta na escola ou
equipamento público.
Recursos humanos:
1 Coordenador Geral – cuida do projeto inteiro, alinhando o tema, metodologia, fazendo
contratação de equipe, gestão do projeto, avaliação, relatórios.
1 Coordenador de Campo – cuida da parte operacional do projeto, faz produção, cuida
da equipe de educadores e auxilia no campo do projeto.
2 Educadores – realizam o projeto em campo junto aos participantes.
Resultados Alcançados
O Projeto Escola do Olhar, antigo Foto na Lata, vem sendo desenvolvido desde 2002, já foi implementado em mais de 120 instituições públicas, em sua maioria, escolas. Em todos os núcleos observamos o desenvolvimento de um novo olhar e de uma consciência critica baseada na realidade apreendida e discutida. Ficou evidente que os alunos passaram a expor nas fotos o que pensam do mundo. A imagem ganhou um poder de comunicação muito forte no dia a dia deles. As mensagens para o mundo podem ser observadas durante as exposições (constituídas de imagens, título e legendas) que finalizam todos os projetos, onde os alunos apresentam sua releitura da realidade. Além desta abordagem, vale a pena destacar que até o presente momento foram elaborados 200 projetos comunitários, com diversas modalidades:
- multiplicação do conhecimento adquirido através de oficinas para educadores e professores;
- organização de oficinas de fotografia abertas à comunidade;
- organização de exposições em equipamentos públicos;
- elaboração de projetos para escolas e outras instituições (escoteiros, por exemplo).
A Capacitação de Professores acontece como uma das ações da etapa de multiplicação propostas pelos alunos. A proposta é proporcionar a sensibilização dos professores a partir da fotografia e da troca de papéis com os alunos. Também é importante ressaltar que uma parte dos alunos é contratada como assistente de fotografia nos nossos projetos. A partir de 2009, a Capacitação de Professores tornou-se um dos objetivos específicos do projeto. Essa alteração veio devido à demanda identificada na avaliação e resultados do projeto, que aponta a necessidade de integrar ainda mais os profissionais locais para envolvimento da escola como um todo e ampliação das possibilidades de disseminação do projeto.
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