Problema Solucionado
A Fast Food da Política nasceu em agosto de 2015, durante uma manifestação Pró-Impeachment em Brasília, Júlia Carvalho, que já desenvolvia jogos sobre Política, decidiu aplicar jogos com os manifestantes para compreender o entendimento deles sobre as consequências legais de suas reivindicações: "Se a Presidente saísse, quem ficaria no lugar dela?".
Mais tarde, foram aplicados jogos também nas manifestações contra o Impeachment, em ambas ficou evidente: a urgência de aproximar o debate acerca dos mecanismos formais da política; e a eficácia dos jogos como linguagem de disseminação de conhecimentos. O conceito da organização foi criado com o intuito de facilitar processos lúdicos de educação política, aprofundando esse debate complexo, de forma simples.
Hoje, existem mais de 90 jogos (entre metodologias completas e protótipos) com temáticas como: três poderes, três esferas, sistema eleitoral, STF, mobilidade, e muitos outros. O projeto Molho Especial, que aborda Gênero e Política, foi lançado no final de 2016 e, ao jogarmos com mulheres, percebemos o aumento do autoconhecimento acerca de sua realidade social, reconhecimento de seus direitos, da estrutura social vigente e de seu papel no exercício da cidadania.
Descrição
Inicialmente os primeiros jogos desenvolvidos pela TS foram concebidos com a proposta de traduzir uma/ou mais regra/s do Sistema Político na velocidade que se comeria um hambúrguer (de 5 a 15 minutos). Nosso primeiro jogo desenvolvido foi o Três Esferas: jogo que simula um basquete onde as bolinhas representam competências governamentais, (como: Ensino Infantil, Polícia Militar, Metrô, Concessão de Mídia, A.M.A., S.U.S. e outros) cada uma delas deve ser colocada na cesta correspondente, sendo: “Esfera Federal”, “Esferal Estadual” e “Esfera Municipal”. Ao fim do jogo, jogadores descobrem a responsabilidade de cada uma das esferas de governo, entendendo de quem eles devem cobrar o que.
O nosso segundo jogo desafiava os manifestantes que pediam para o governo sair (ou ficar), montar o governo. No jogo "Monte Seu Governo", os políticos deveriam ser encaixados em seus respectivos cargos. Após essa etapa, o Impeachment acontecia, e o jogador era desafiado a dizer quem assume na cadeia sucessória. Com papelão, fotos e canetinhas, esses e muitos outros jogos foram confeccionados para serem multiplicados, por quem desejasse jogar.
Nossos jogos são sempre confeccionados a partir de uma demanda específica, alguma dúvida ou ruído em relação a algum tema político que aparece pelo momento político que o País vive, seja nas ruas, nas redes sociais e nas oficinas que aplicamos. Prototipamos a partir de uma longa pesquisa sobre um tema, atrelando mecânicas de jogos conhecidas, para que a experiência do usuário seja a mais fluída possível, muitas vezes adaptando lógicas que as pessoas já estão familiarizadas, potencializando o aprendizado absorvida durante os jogos.
Após alguns meses aplicando os jogos sobre bases constitucionais em manifestações, eventos culturais, escolas, coletivos, movimentos sociais, empresas, ongs e espaços públicos, a assertividade dos jogos como uma potente ferramenta de educação política se tornou cada vez mais nítida, e entendemos que o próprio processo de desenvolvimento de jogos, poderia ser gamificado e disseminado para que mais pessoas criassem seus próprios jogos para desvendar temas relacionados ao Sistema Político Brasileiro.
Em 2016, a Fast Food da Política teve sua primeira experiência como política pública, sendo selecionada para o Edital Agentes de Governos Aberto da Secretaria de Relações Internacionais da Pref. de São Paulo. Nesse tempo, foi aplicada a metodologia de Criação de Jogos Políticos com mais de 800 pessoas por aparelhos públicos de toda São Paulo, desde Marsillac - Parelheiros (extremo sul), Tiradentes (zona leste) e Casa Verde (zona norte). Entre jovens, adultos e idosos, foram desenvolvidos mais de 80 jogos entre grupos, alguns deles: abordavam o caminho para se criar um partido político no Brasil; o funcionamento do sistema de saúde; os direitos que os políticos possuem vs os direitos que os cidadãos possuem; o Andando na Cidade era um tabuleiro sobre as políticas públicas disponíveis para serem acionadas em caso de violência contra mulher; A Cruzadinha da Desigualdade Social, denominava alguns dos vários sistemas de opressão que podem ocorrer na nossa sociedade; O Caça palavras da Ditadura Militar, traduzia alguns dos principais acontecimentos dessa época na história do Brasil; Um jogo da memória sobre os Presidentes da História do Brasil, desafiava os jogadores a ordenar os nomes e os principais feitos dos nossos presidenciais; e muitos outros.
Ao fim de 2016, lançamos nossa linha de jogos sobre Eleição, aplicando nas ruas durante o período de campanha e explicando como funciona o Sistema Eleitoral Brasileiro a partir de jogos rápidos.
Nesse mesmo ano, também demos início ao Molho Especial, projeto com 5 jogos rápidos que aborda a relação entre Gênero e Política a partir dos seguintes temas: legislações que impactam as mulheres brasileiras, seus avanços e retrocessos (Direitos e Silêncios); as mulheres que construíram e estão construindo a história do Brasil (Mulheres na Política); sistema eleitoral e Gênero: quais são os dispositivos formais que impedem a entrada das mulheres no mais simbólico espaço de poder para a conquista de direitos? (Jogo das Vozes; entre tantos feminismos, o que cada teoria e movimento atribuída ao Feminismo diz? (Feminismo Indefinido); e a atual estrutura social brasileira, simulando suas regras sociais e políticas traduzidas a partir de estatísticas que destacam cada elemento social, o desafio é reconhecer essas nuances e modificá-las (Queda do Patriarcado). Em 2017, o Molho Especial foi oficialmente lançado, com a disponibilização das facas gráficas em nosso site, e, por meio do edital Agentes de Governo Aberto, aplicamos esses jogos em diversos pontos da cidade de São Paulo.
Em 2018, atualizamos os Jogos de Eleições, focando nas esferas estadual e federal, formamos multiplicadores e passamos todo o mês de setembro aplicando os jogos. No final do ano, fomos finalistas do Prêmio Empreendedor Social de Futuro, sendo representadas pela fundadora Júlia Carvalho.
2019 foi o ano de realizar projetos em parceria! Em parceria com a AMATRA XV, lançamos o Trabalho em Jogo - em que conhecemos alguns direitos sociais e econômicos e como podem ser garantidos via Justiça do Trabalho - e, com o Instituto EducaDigital, o Jogo da Política de Educação Aberta - que propõe diagnosticar o potencial de abertura das políticas educacionais desenvolvidas em secretarias e órgãos que trabalhem com recursos educacionais abertos - logo estará no ar. Até o fim do ano, serão lançados novos jogos voltados para a população migrante no Brasil - em parceria com o Centro de Apoio ao Migrante (CAMI) - e com temática LGBT+, que estamos desenvolvendo com o Vote LGBT e o #MeRepresenta.
A Fast Food da Política se organiza para dar cada vez mais passos em direção a uma tecnologia que possa servir como política pública, ampliando o conhecimento do Governo de dentro para fora e de fora para dentro. Trazendo uma maior abertura e transparência dos processos governamentais, incentivando a participação e a otimização no seu funcionamento, tanto pelos próprios funcionários públicos, quanto pelos cidadãos que não são servidores.
Recursos Necessários
Em termos de recursos materiais, é necessário que a pessoa interessada tenha acesso à internet para fazer o download de um ou mais jogos. As informações necessárias para jogá-los estão presentes nos manuais de cada um dos jogos.
O valor para impressão dos materiais é variável de acordo com a qualidade da impressão, papel e materiais escolhidos. A critério de referência, os 5 jogos da linha Molho Especial impressos pela organização em gráfica de São Paulo, papel couchê e coloridos custaram em torno de R$ 550,00. Podendo ser adicionados também custos referentes à cola, tesoura e demais peças de jogos específicos, como: baldes, bolinhas de piscina, EVAs, peças de madeiras e outros.
Resultados Alcançados
Desde Agosto de 2015, já jogamos com mais de 8 mil pessoas, realizamos cerca de 60 oficinas e aplicação de jogos, que resultaram na criação de em torno de 80 jogos, tanto pela organização quantos pelos participantes dos processos. Grande parte das aplicações de jogos foi realizada em espaços abertos e eventos culturais, o que inviabilizou a quantificação e aplicação de questionários de feedback.
Em relação às atividades desenvolvidas com grupos fechados, os participantes puderam expor suas opiniões, que apoiaram a nossa iniciativa, mostrando surpresa e muito entusiasmo diante do processo vivenciado. A principal crítica que já recebemos foi que ficava a curiosidade e necessidade de continuar o processo de formação sobre as temáticas, diante de um tempo que era demasiado curto. Participantes trouxeram a demanda de outras metodologias que pudessem aprofundar, aumentando as horas das atividades, mas utilizando a mesma dinâmica lúdica e inovadora (este projeto está em desenvolvimento e se chama Slow Food da Política).
Pudemos aplicar um formulário de feedback online - respondido voluntariamente - com alguns grupos fechados de pessoas que participou de algumas das nossas atividades. Os resultados quantitativos indicaram que, em média, 75% do respondentes concordaram parcial ou totalmente que aprenderam dados sobre o sistema político.
No Agentes de Governo Aberto 88% dos participantes avaliaram nossa Oficina de Criação de Jogos Políticos como boa e muito boa, classificando o aprendizado e o conteúdo como “muito coerente”.
No Molho Especial, todas disseram que jogariam de novo e recomendaram os jogos como ferramentas para facilitarem o aprendizado sobre Gênero e Política.
Desde 2017, quando iniciamos o monitoramento dos downloads dos jogos, eles foram baixados mais de 3.100 vezes, em todos os estados brasileiros, além da Alemanha, Colômbia, México, Nova Zelândia e Portugal.
Em março de 2019, realizamos uma ação impulsionada pelo Dia Internacional das Mulheres que recebeu mais de 100 inscrições de 71 diferentes cidades e foram realizadas oficinas e atividades por 41 pessoas em todas as regiões brasileiras. Para esta ação, o jogo Direitos e Silêncios foi adaptado pelos voluntários Andrés Martano e Renato Scaroni para uma versão digital, que pode ser jogada aqui: https://direitosesilencios.fastfooddapolitica.com.br
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