Problema Solucionado
O Projeto Expedições Culturais teve seu inicio em 2009, após uma visita monitorada ao Memorial da América Latina (SP), com 22 jovens acolhidos pelas Casas Taiguara. Nesta visitação os jovens se recusaram a entrar no espaço do Memorial, permanecendo do lado de fora. Estranhamos tal comportamento, já que estes jovens antes do acolhimento institucional faziam das ruas do entorno do Memorial sua moradia e espaço de sobrevivência. Então, nos questionamos: o que os impossibilitava de entrar? Descobrimos, então, a fronteira invisível da exclusão. Estes jovens se referiam ao espaço do Memorial como – “lugar para quem tem casa e família”, “ lugar para quem está bem vestido”. A partir deste momento, a equipe do serviço de acolhimento iniciou a escrita deste Projeto aqui apresentado e investiu em parcerias com a rede de Cultura da Cidade, Universidades e Comunidade do entorno para a execução deste.Durante estes anos foram realizados encontros de mediação de leitura, criação de uma biblioteca, participação e criação de saraus mensais, oficinas de literatura e a publicação de um livro de poesias “Nós somos todos iguais?”, onde os autores são os próprios menino/as atendidos pela ONG.
Descrição
Metodologia:
Utilizamos ao longo dos anos como base dispositivos diferenciados a partir do grupo participante do projeto, suas referencias históricas culturais, o projeto é modelado a cada novo grupo. Fomos ampliando a abrangência Territorial/equipamentos culturais/oficinas. Incluímos a cultura gastronômica, mitológica e ainda da cidade como um grande museu a céu aberto, buscando sempre à abrangência de possibilidades de sentir e criar novos campos de criação, relação e inclusão das diferenças. A expansão sempre se dá a partir do que estes menino/as nos trazem como "argumento" para o trabalho. O objetivo é conferir a estes menino/as o senso de pertencimento à cidade como um todo e não apenas a sua periferia/borda e apoia-los na sua formação de sujeito - cidadão. Isto vem propiciando o aumento de repertorio de mundo e linguagem ampliando a imaginação, sonhos e desejos, nesta possibilidade de contato com a arte - cidade, é viabilizada a "criação" de novas - outras formas viver. A capacidade de sonhar outros novos caminhos, auxilia no desenvolvimento do "Ser Sujeito" em cada um.
O Mapeamento histórico/geográfico utilizado no Projeto se remodelou para um mapeamento afetivo de cada menino/a participante do Projeto.
Os Mapas e as “Expedições” que esta cartografia afetiva orientarão se constituem de um ritual que vai desde a preparação para a empreitada (Expedição) até as descobertas propiciadas durante a vivencia. Os registros escritos, fotografias, ou na memoria de cada participante criam o desejo de novos passos. A cartografia é um momento continuo dentro do Projeto.
a) O Desenho dos Mapas e Mapeamento da Expedição: relaciona-se com a pesquisa prévia da Expedição, via livros, mapas, uso da internet, etc. Neste momento cada participante se inicia como etnógrafo, ganha seu caderno que será utilizado como Diário de Campo durante todo projeto. O primeiro momento consiste encontros semanais com a apresentação de mapas da cidade e dos bairros onde se localizam estes jovens, fazendo também levantamento via pesquisas na internet e livros sobre as histórias dos bairros. Nestes levantamentos as perguntas que devem nortear a pesquisa são: “De onde vim?”, “Onde estou?” e “Para onde vou?”. Estas perguntas serão norteadoras e ressignificadas durante todo Projeto, remetendo assim ao passado, presente e futuro da vida destes sujeitos, promovendo planejamento de suas ações no projeto e em suas vidas pessoais. As oficinas serão espaços de apropriação de linguagens (artes) e espaços de novas curiosidades relacionadas a cada tema *artes, ainda que sempre buscando trazer a arte - criação de cada um.
b) Experiência em Si: A segunda parte consiste em visitas guiadas pelos eixos temáticos envolvidos (Cinema, Música, Literatura e Artes), linkando este ao cotidiano e trajetória de cada participante. Neste momento, iniciamos a pesquisa de campo, saindo pelo bairro com os mapas (que foram produzidos a partir da pesquisa anterior realizada via livros, mídias sociais, entrevistas, fotografias e diários de campo, outros ), alem de visitação a espaços onde acontece a Arte, neste momento a pergunta é - O que isto tem haver com a minha vida ? como posso interagir ? participar ? gosto ou não ?. Junto a este momento os menino/as são envolvidos em Oficinas artísticas. Durante estes momentos de vivencia os participantes do projeto podem ir se identificando com algumas linguagens artísticas e são apoiados pelos educadores a se aprofundarem tanto na pesquisa, aproximação e na atuação com esta linguagem.
c) Registro e Significação do Vivido: Na terceira parte, os educadores trabalham as vivências e os registros destas através dos diários de campo, fotografias, desenhos, entrevistas, etc. Neste momento o menino/as passam de espectador a autor. Cada grupo de menino/as, com apoio dos educadores, promovem encontros com “artistas” e vivências relacionadas num formato de Sarau Cultural,. Os procedimentos e métodos traçados pelo Projeto funcionam como instrumentos para transformação dos participantes em público (aqui, como conjunto de pessoas constituintes do espetáculo artístico-cultural) e consequente desenvolvimento dos meninos/as nas atividades (Sarau). Pretendemos com isto levantar o maior número de sentidos, sensações e significados que o mesmo tema pode desencadear nos participantes. Estas impressões, escritas, desenhadas, musicadas são discutidas com os menino/as e apresentadas em Sarau a cada quatro meses. O Sarau é realizado nos serviços de acolhimento da Instituição, e envolve a produção (criação) de todos os participantes (por exemplo, o grupo que está pesquisando sobre música apresentará os resultados, o outro grupo que esta pesquisando artes plásticas apresentará seu trabalho e assim por diante. Nestes Saraus são convidados a participar todas as crianças/ jovens e seus familiares envolvidos no projeto, a comunidade do entorno, professores da Rede Pública que atendem estes menino/as, artistas, músicos, escritores, amigos dos participantes.
d) Sistematização: Nesse mês, compilamos todo o material colhido ao longo do projeto, o que resulta em uma sistematização impressa e um registro videográfico em formato de documentário, este material é disponibilizado aos participantes do Projeto. Este material ainda nos apoia a pensar novos caminhos para o Projeto e como qualificar melhor nossas ações neste Projeto.
Durante todo o Processo (anual) há reuniões semanais com a equipe que desenvolve o Projeto estas são de supervisão, acompanhamento e formação dos Profissionais envolvidos neste projeto. Sendo a Arte e a Cultura os alimentos deste Processo, entendemos que também os educadores necessitam se alimentar, então , 1 x ao mês, há uma Expedição Cultural somente para os educadores, buscamos espaços provocadores/estimulantes para energizar o trabalho destes. Realizamos ainda imersões culturais 07 ou 10 dias para equipe atuante no Projeto.
Recursos Necessários
Educadores Sociais comprometidos com seu fazer; 1 educador para cada 07/08 menino/as;
Parcerias com Universidades nos cursos; Geografia/historia/arquitetura/musica/artes/fotografia; alunos dispostos a realizar estágios na área;
Parceria com coletivos culturais;
Parcerias com espaços de Arte e Cultura;
01 câmeras fotográfica/filmadora - para cada 07/08 meninos; as fotografias devem ser reveladas, então parceria para a revelação;
01 caderno - diário de campo para cada participante;
canetas/lápis preto;borracha;
caderno de desenho;
Lápis de cor -
Tinta natural/ guache/óleo/outras;
Pinceis;
R$ transporte; ou caronas
R$ lanches; ou lanche coletivo;
Mapas locais/regionais/territórios; uso coletivo e individual
1 computador para cada 05 menino/as;
1 gravador;
1 aparelho de som, entrada para CD e Pen drive;
Livros infanto juvenis;
Revistas;
Resultados Alcançados
- Vinculação e aproximação das famílias com seus filhos;
- Vinculação efetiva na Rede Pública de Ensino, menor n. de evasões destes menino/as;
- Alfabetização;
- Aumento de repertório de “caminhos lícitos” pela cidade se contrapondo aos “caminhos ilícitos” percorridos por estas famílias e seus filhos;
- Criação Artística Cultural;
- Apropriação legitima do espaço público/cultural da cidade;
- Aumento de repertório linguístico;
- Aumento de repertorio de Mundo Imaginário; O Sonhar / Acreditar / Ter esperança na vida;
- Efetivação nas parcerias com as Escolas Públicas frequentadas por estas crianças e adolescentes;
- Relação autônoma das famílias, crianças e adolescentes com as possibilidades de uso dos espaços Públicos e Culturais da Cidade se contrapondo a relação de assistência destes com a cidade e seus espaços;
- Resgate e afirmação da memória cultural das famílias, crianças e adolescentes atendidos no Projeto;
- Despertar nas famílias, crianças e adolescentes o interesse por participar de espaços públicos e culturais da cidade;
- estabelecer “pontes” entre aspectos culturais das famílias e dos menino/as atendidos no Projeto com os aspectos culturais da cidade e das representações
artísticas;
- Melhora na auto estima das famílias e dos menino/as;
- Ressignificação das trajetórias de vida;
- Aumento da potencialidade criadoras e de resiliência destes menino/as;
- Aumento do n. de Agentes e Espaços Culturais e Artísticos "percebendo" estes menino/as como sujeitos;
- Aumento efetivo em Parcerias Artísticas Culturais, voltadas para atender estes menino/as;
- Melhora na auto estima das famílias destes menino/as com construção de espaços de significação das vivencias;
- Melhor entendimento e busca de caminhos educativos por parte das equipes dos abrigos institucionais, antes do Projeto a Arte e a Cultura não eram
entendidas como possibilidade de Educação somente como forma de lazer:
- Diminuição do uso de substancias psicoativas - por parte dos menino/as;
- Diminuição da agressividade e violência dos menino/as voltada ao abrigos, educadores, famílias ...
- Redução de 80% n. de evasão dos abrigos;
- Despertou em todos participantes do Projeto a busca pelo Belo - o que configurou a melhoria estética nos espaços dos serviços de acolhimento, menino/as e educadores transformando estes espaços com produções próprias;
- Aumento de propostas/ideias pelos menino/as;
- O Desenvolvimento dos Menino/as, Provocou a Equipe a se Desenvolver.
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