Objetivo
Contribuir com a geração de renda e inclusão de coletivos (grupos) e pessoas socioeconomicamente vulneráveis por meio de processos de incubação orientados pela etnometodologia.
Problema Solucionado
Falta de Renda, desemprego no mercado formal de trabalho, falta de oportunidades, desigualdades, dificuldades de sobrevivência. O problema que motivou a criação da tecnologia social “Etnometodologia na incubação de coletivos” foi que a aplicação dos processos de incubação na economia solidária não estavam gerando resultados esperados, pois estavam engessados. A metodologia que era utilizada
Descrição
FASES DA TECNOLOGIA SOCIAL:
1- AUTORIZAÇÕES - Primeiramente é preciso conseguir a autorização para a pesquisa dentro de cada coletivo (tanto do grupo, como de cada pessoa individualmente), inclusive para gravações em vídeo e áudio e também é aconselhável que seja passado por comitês de ética das instituições de origem dos técnicos.
2- IMERSÃO ADQUIRIDA
Segundo é preciso que um ou mais técnicos façam o exercício de IMERSÃO ADQUIRIDA em cada contexto a ser trabalhado. Mas como é isso mesmo?
2.1 É preciso que eles façam observações de cada coletivo a ser incubado em diferentes dias e horários
2.2 É preciso que eles tenham um CADERNO DE CAMPO em que anotem o horário de chegada, de saída, e tudo o que conseguirem anotar de suas observações e interações neste caderno. Caso tenham autorização, é aconselhável que possam realizar gravações em vídeo e/ou áudio.
2.3 POSTURA EMPÁTICA
A postura dos técnicos nesta fase é a de compreender empaticamente o comportamento das pessoas. Por exemplo, se oferecerem comida e bebida, é aconselhável aceitar, bem como participar de conversas. O objetivo é o de adquirir a NOÇÃO DE MEMBRO – que é uma das características da etnometodologia. Em uma média aconselhamos que cada técnico tenha realizado mais de 50 horas de observações.
3- ANÁLISE DOS DADOS
Terceiro, de posse dos dados, uma análise deve ser realizada pela equipe que vai realizar a incubação a fim de perceber como ocorre ali a comunicação, a tomada de decisões enfim, o raciocínio prático daquele grupo (pois prática e realização é outra característica da etnometodologia). De posse dessa análise pode-se entender melhor “a vida como ela é” a partir da experiência daquele grupo.
Assim pode-se compreender palavras e frases que somente são entendidas naquele contexto. Por exemplo, em uma cooperativa, quando há dificuldade nos relacionamentos eles dizem que tem muita “ladaia” e em outra chamam o coordenador de “pai” e a secretária de “mãe”. Tais aspectos dizem respeito à indicialidade – ou seja – são palavras que tem significados específicos em cada contexto e situações que são usadas. A indicialidade é outra característica da etnometodologia. Ladaia, pai e mãe também são exemplos de reflexividade (mais uma característica da etnometodologia), pois essas palavras são usadas como códigos que tem aspectos implícitos na fala e que representa um senso comum que tem significados específicos em cada contexto.
Também representam aspectos de relatabilidade (última característica da etnometodologia) devem ser evidenciados nas análises dos cadernos de campo, onde por meio da linguagem as situações sociais são estruturadas. Por exemplo, ao se referir à “ladaia” pudemos verificar que aquele grupo específico está tentando manter a ordem social por meio da tentativa de diminuir as fofocas.
4- PLANEJAMENTO GERAL DAS ATIVIDADES DE INCUBAÇÃO
A partir desta aproximação com cada coletivo, cada técnico tem maior compreensão da maneira como cada grupo age, quais as suas necessidades, dificuldades e dilemas e pode, em diálogo com o grupo, ser mais assertivo para o crescimento daquele grupo. Então, depois de reuniões e conversas com a coordenação e com o grupo como um todo um plano de incubação (seja ele de pré-incubação, incubação em si ou pós-incubação) pode ser delineado, inclusive com o estabelecimento de um cronograma anual (se for o caso)
5- PLANEJAMENTO DE CADA ATIVIDADE Assim, chegado o momento de iniciar as atividades com cada coletivo, é preciso planejar diferentes tipos de atividades e oficinas, sempre baseados na aproximação inicial com cada grupo (imersão adquirida - Fase 2), ou seja, respeitando cada contexto e acompanhando as mudanças que vão ocorrendo com o passar do tempo.
É vital que cada atividade seja realizada em cada coletivo (associação, cooperativa), no local de trabalho dos incubados, pois ali é o seu lugar, onde tem possibilidade de melhorar o seu mundo, ou seja, "ir onde o povo está".
6- ORGANIZAÇÃO DE CADA ATIVIDADE Antes de cada atividade, é preciso planejar cada encontro/oficina, onde se estabelece qual o seu objetivo, local, horário, público-alvo. Organizar os detalhes, preparar os materiais, planejar o encontro/oficina. Este planejamento é feito a partir das demandas e temas que o grupo escolheu e pediu, bem como da análise
6.1) Lembrar aos responsáveis por cada coletivo um dia antes da atividade para confirmar os detalhes.
6.2) Separar os recursos necessários (materiais pedagógicos), organizar transporte, etc.
7- REALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES Realizar as atividades no mínimo em duplas, onde uma pessoa conduz/faz a mediação da atividade e outra registra as percepções e visões no caderno de campo.
7.1 O observador deve coletar as assinaturas dos participantes caso concordem.
7.2 Nessa fase é preciso que o técnico procure ouvir, compreender, ter empatia e agir de acordo com o objetivo de cada atividade e o projeto estabelecido inicialmente, respeitando o momento de cada grupo, trazendo feedbacks e insights com cuidado e observando a reação do grupo.
8 ) AVALIAÇÃO DE CADA ATIVIDADE Após cada oficina a equipe deve avaliar a atividade realizada, pontos fortes e fracos, se os objetivos foram atingidos, o tempo previsto e o efetivado, quais os cuidados para a próxima atividade e aprender para melhorar as próximas. Verificar o feedback com alguns participantes de cada coletivo e trazer para a avaliação.
9) RELATÓRIO Em seguida (e o quanto antes melhor) é preciso fazer um relatório específico de maneira que sistematize o que foi realizado, inserindo as anotações do caderno de campo, outras percepções dos técnicos e algumas falas que sobressaíram, bem como vídeos e registros fotográficos e também a lista de assinaturas.
10) CONSTANTES OBSERVAÇÕES E CONVÍVIO Voltar a campo para mais observações e convívio com o grupo mesmo não sendo em momentos de atividades para compreender o momento, as mudanças e a maneira como cada grupo enfrenta as dificuldades diárias.
Recursos Necessários
É importante que toda a tecnologia social seja aplicada no local de trabalho de cada grupo, necessitando transporte para a equipe, gravadores e filmagens ou smart phones, bem como material para anotações. Depois para aplicação das atividades são sugeridos materiais didáticos diversos, mini caixinha de som mas podem ser adaptados com os materiais disponíveis no local. Esses materiais servem para desenvolver as observações, o planejamento, sistematização dos dados e a realização das oficinas práticas com os grupos socioeconomicamente vulneráveis.
Para a implantação da Tecnologia Social é preciso ter uma equipe multidisciplinar de no mínimo 2 pessoas para fazer as observações, planejar, executar e avaliar as atividades desenvolvidas, feitas de forma coletiva e integrativa. Referente aos recursos materiais, é necessário adquirir materiais didáticos, tais como: cartolina, papel pardo, canetinhas, lápis de cor, cola, canetas, lápis, giz de cera, argila, tarjetas de papel, tinta guache, mini caixinha de som, gravador e notebook. Esses materiais servem para desenvolver o planejamento, sistematização dos dados e a realização das oficinas práticas com os grupos socioeconomicamente vulneráveis.
Resultados Alcançados
Obteve-se a geração de renda para 118 pessoas e suas famílias em 4 cooperativas de reciclagem na Região Metropolitana de Porto Alegre. A média por ano, Em um ano, foram triadas 2730 toneladas de resíduos urbanos originados de parte da coleta seletiva dos municípios de Canoas, Esteio e Sapucaia do Sul. Após a separação e prensagem, foram comercializadas e enviadas para reciclagem 2.160 toneladas. Foram beneficiados 29 cooperados (em média por cooperativa) que recebem 66 toneladas de resíduos mensais que depois de triados e comercializados geram uma renda mensal média de R$ 1.087,00 (9% superior ao salário mínimo).
Os resultados qualitativos gerados pela assessoria técnica desenvolvida pela equipe da incubadora, levou em consideração alguns processos que são orientados pela etnometodologia, a saber: a) avaliação ao final das oficinas, com a participação dos sujeitos e observações participantes; b) diagnóstico participativo (aqui é a avaliação de um ano e projeção do outro); c) avaliação das práticas de incubação por meio de filmagem e entrevista em duplas.
Assim, como resultados obtidos, temos uma maior geração de renda (em média maior que o salário mínimo), maior autonomia dos grupos, empoderamento e aprendizagem individual, valorização do trabalho desempenhado por eles, melhora nas condições de trabalho e no convívio social nas relações interpessoais e grupais.
Os resultados qualitativos gerados pela assessoria técnica desenvolvida pela equipe da incubadora, levou em consideração alguns processos que são orientados pela etnometodologia, a saber: a) avaliação ao final das oficinas, com a participação dos sujeitos e observações participantes; b) diagnóstico participativo (aqui é a avaliação de um ano e projeção do outro); c) avaliação das práticas de incubação por meio de filmagem e entrevista em duplas.
Considera-se que a etnometodologia contribui para o resgate de valores monetários, sociais e emocionais dos participantes, empoderando os trabalhadores nas práticas orientadas pelos princípios da economia solidária. Além disso, as pessoas ampliaram sua atuação na sociedade, fortalecendo os vínculos no seu território, respeitando sua maneira de pensar e suas raízes e resgatando a cidadania.
Público atendido
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Prohvida - Habilitando Crianças E Adolescentes Para A Vida