Objetivo
Reconhecer o entorno das escolas públicas como espaços que precisam ser conservados e respeitados, e tratados como espaços educativos - como uma extensão da sala de aula - , e que para isso necessitam primordialmente de áreas verdes, arborização, e gestão adequada de resíduos.
Problema Solucionado
Há muitos anos, o entorno de inúmeras escolas públicas de Salvador tem se revelado insalubre com o acúmulo de resíduos sólidos em seus passeios, por vezes depositados dentro e ao redor de caçambas estacionárias, ou acumulados em montes. É importante contextualizar o fato de que a instalação das caçambas estacionárias - ou conteiners de lixo - em passeios de escolas acabam agravando o problema do descarte irregular em vez de organizá-lo. Isso porque, em virtude da ausência de coleta de resíduos porta a porta em boa parte das ruas desses bairros, dezenas de famílias e comerciantes descartam os mais diversos resíduos - de orgânicos a entulhos e restos de mobília -, no mesmo local.
O Escola Verde com Afeto agregou inicialmente seis escolas públicas de bairros periféricos em sua experiência piloto no intuito de prepará-las para ser articuladoras comunitárias locais de seus bairros com o propósito de mobilizar recursos/insumos disponíveis e diálogo com órgãos públicos que viabilizassem a transformação de pontos irregulares de descarte no seu entorno em jardins coletivos.
As seis escolas, que já haviam tentado realizar essa transformação diversas vezes em anos anteriores, finalmente através do Escola Verde com Afeto conseguiram substituir os pontos de descarte por jardins coletivos, estreitando vínculos com moradores e comerciantes locais e com a própria rotina curricular, que passou a interagir com os espaços transformados e os sujeitos do entorno.
Descrição
O Escola Verde com Afeto foi criado e desenvolvido por nossa organização parceira, o movimento Canteiros Coletivos, a quem estamos apoiando institucionalmente na busca deste prêmio.
Inicialmente, o Canteiros Coletivos realizou uma articulação com órgãos da prefeitura que estariam diretamente envolvidos no processo de transformação do entorno das escolas públicas: Secretaria de Educação (neste caso, municipal e estadual), Limpurb e terceirizadas (gestão de resíduos), Secis e Seman (arborização).
O segundo passo foi abrir uma inscrição (com apoio das secretarias de educação para disseminar a informação diretamente às escolas) para que as escolas que se identificassem com o projeto (transformar pontos irregulares de descarte de resíduos no seu entorno em jardins) se inscrevessem e enviassem fotos do cenário a ser transformado.
Como requisito, as escolas deveriam aceitar a função de articuladoras comunitárias locais - já apropriadas de uma rede de contato com diversos atores do bairro a ser convidados para a transformação coletiva -, e deveriam ter de alguma forma tentado mudar o cenário através de outras estratégias.
Selecionadas as escolas, elas passam por um workshop preparatório para o planejanento da ação de transformação, proponto articulações com moradores e comerciantes na coleta de insumos e no apoio presencial, e com o gerente de área da Limpurb e terceirizada para combinar a retirada da montanha de resíduos e a lavagem do espaço. Em determinados casos, uma articulação prévia com a Limpurb foi necessária para a remoção de conteineres. No dia do workshop, é definida a data da ação de transformação com implantação do jardim piloto.
No dia da transformação, a ação se divide em três partes: 1) A limpeza do espaço e retirada do conteiner (se for o caso) com apoio da Limpurb são realizados de preferência no primeir horário da manhã. 2) Paralelamente à limpeza da Limpurb, grupos de estudantes realizam a coleta de resíduos recicláveis nas ruas próximas à escola como formar de provocar o olhar para resíduos que poderiam gerar renda, mas são depositados nas ruas causando mal estar e problemas ambientais. 3) Ao retornar da coleta de resíduos recicláveis, as turmas partem para a implantação do jardim no espaço já limpo, com participação de familares, moradores e comerciantes do bairro, além de funcionários da escola.
Realizada a transformação, as escolas se articulam com os parceiros locais (porteiros, feirantes, ambulantes, mães e pais de alunos) para monitorar o espaço e garantir que as pessoas sejam informadas sobre essa mudança e parem de depositar os resíduos ali. Passam também a criar um vínculo diário com o espaço, passando a relacionar a comunidade escolar com as pessoas do entorno através do jardim, da manutenção, da realização de aulas e outras atividades.
Recursos Necessários
- Articulação inicial com órgãos da prefeitura diretamente envolvidos no contexto da transformação: secretarias de educação, secretaria ambiental, gestor de resíduos. As secretarias de educação colaboram na comunicação com as escolas para que se inscrevam como articuladoras em seus bairros. O órgão gestor de resíduos participa diretamente da ação replanejando a coleta no local, realizando a limpeza geral do espaço no dia da transformação, e realocando ou retirando o conteiner de resíduos instalado na fachada da escola (se for o caso);
- Mobilização da comunidade local das escolas para encontro preparatório da transformação, no qual os participantes levantam possibilidades de insumos a ser coletados no bairro ou com parceiros (plantas, vasos, terra, material de pintura) para a implantação inicial do jardim, e mobilizam mais pessoas para o dia da ação;
- Cartazes de divulgação, avisos para familiares dos estudantes, carro de som, rádio comunitária;
- Dia da transformação: pneus descartados, recipiantes os mais diversos que possam funcionar como vasos de plantas (latas de tinta, baldes de azeite ou manteiga etc), mudas de plantas variadas, terra vegetal, tinta, pincel, baldes de limpeza, sacos de lixo, luvas descartáveis;
- Grupos culturais do bairro;
- Lanche para os participantes.
Resultados Alcançados
Seis escolas transformadas em 2018;
Das seis escolas, três tiveram suas calçadas arborizadas meses depois, e todas foram realizando melhorias e transformações em seus jardins em conjunto com as comunidades locais;
Foi realizada a segunda fase do Escola Verde com Afeto, em que 12 novas escolas com o mesmo desejo de transformação foram agregadas. Neste caso, as transformações seriam feitas de maneira mais autônoma, mas foram impedidas com o fechamento das unidades por conta da pandemia;
As 18 escolas - somando as parceiras das duas fases - então agregadas ao projeto se uniram ao Canteiros Coletivos para criar o Projeto de Lei de Iniciativa Popular Escola Verde, uma proposta de lei de autoria da sociedade civil para garantir a arborização e extinção de pontos irregulares de descarte de resíduos do entorno de todas as escolas públicas da capital baiana. O projeto de lei está em campanha de coleta de assinaturas.
O Escola Verde com Afeto foi selecionado para ser apresentado no Fórum Político de Alto Nível da ONU em julho deste ano, em Nova York (que reúne lideranças de vários pontos do mundo para discutir os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável), e está entre os três projetos brasileiros dos 24 selecionados ao redor do mundo (dentre mais de 100 projetos enviados), conectado aos ODS Educação de Qualidade, Saúde e Bem-Estar e Combate às Mudanças Climáticas. Pesquisadores da ONU também chegaram a sugerir uma nova classificação para o Escola Verde utilizando o termo "to flourish" (em inglês,florescer, prosperar, crescer).
Público atendido
Alunos do ensino basico
Alunos do ensino fundamental
Alunos do ensino medio
Adulto
Catadores material reciclavel
Lideranças comunitarias
Professores do ensino fundamental
Professores do ensino medio
Famílias de baixa renda
Diretor escola
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