Objetivo
A Tecnologia Social tem o objetivo de formar empreendedores e apoiar o desenvolvimento de negócios sustentáveis na Amazônia, alinhado com a estratégia institucional da FAS de fazer a floresta valer mais em pé do que derrubada, e dessa forma contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas e reduzir o desmatamento, combinando o conhecimento tradicional com tecnologias inovadoras.
Problema Solucionado
O território Amazônico por um lado concentra a maior sociobiodiversidade do planeta, porém por outro, possui, historicamente, um grande número de pessoas vulneráveis. Pela complexidade do território, ainda são incipientes a chegada de políticas públicas que possam proporcionar a geração de emprego e renda para as comunidades. Apesar deste cenário, na tentativa de garantir a sobrevivência, há empenhos das comunidades para gerar renda por meio do empreendedorismo. No entanto, devido à baixa capacidade empreendedora, os produtos da biodiversidade tem pouca agregação de valor, isto se associa a um cenário de irregularidade de assistência técnica especializada, ausência de marcos regulatórios claros, insegurança jurídica, falta de recursos financeiros, e instrumentos financeiros adequados para apoio ao desenvolvimento dos negócios de base comunitária na realidade Amazônica. A região ainda apresenta baixo investimento em pesquisa e desenvolvimento e dificuldades para acesso a mercados.
Descrição
A metodologia do empreendedorismo de base comunitária para desenvolvimento das cadeias produtivas é formada por uma trilha empreendedora de 8 etapas:
(I) Seleção do empreendedor: Identificação e mapeamento das atividades produtivas, potenciais empreendedores e oportunidades de mercado. Dentro dessa primeira etapa, realizamos laboratórios de gestão para identificação de atividades produtivas vocacionais de cada região e de potenciais perfis empreendedores.
(II) Educação financeira: A educação financeira tem por objetivo levar conceitos básicos do uso consciente de recursos financeiros nos negócios. Essa etapa é desenvolvida por meio da realização de cursos e oficinas de gestão de negócios e o tema de finanças é sempre adaptado para a realidade dos potenciais empreendedores.
(III) Apoio a projetos das cadeias produtivas estratégicas: Promover a organização produtiva das cadeias estratégicas identificadas, com o objetivo de qualificá-las para a iniciativa empreendedora. Essa etapa permite identificar projetos de cadeias estratégicas que podem ser desenvolvidos como negócios.
(IV) Formação Empreendedora: Realização de cursos, oficinas, laboratórios de gestão e práticas de negócios para disseminar a cultura empreendedora entre os empreendedores identificados na primeira etapa, com o objetivo de preparar seus negócios para a etapa de incubação e aceleração.
(V) Incubação e aceleração de negócios: Ambiente de inovação que utiliza modelo de incubação à distância adaptado à realidade Amazônica. Nessa etapa é ofertado soluções especializadas para o desenvolvimento de negócios focado na geração de impactos positivos socioambientais e econômicos. Nesta fase, além de continuar a trilha de formação para os empreendedores, o negócio é desenvolvido até a ida ao mercado de forma qualificada, contando com apoio de parceiros estratégicos da incubadora.
(VI) Estratégias de mercado e inovação: Nessa etapa, são realizadas ações estratégicas para acesso ao mercado, prototipagem e desenvolvimento de novos produtos para o consumidor final, visando a comercialização de produtos e serviços dos empreendimentos, principalmente negócios incubados, com potencial de escala e valor agregado.
(VII) Acesso a microcrédito e investimentos de impacto: Disponibilização de recursos não reembolsáveis e reembolsáveis para apoio a projetos experimentais de geração de renda e negócios da Bioeconomia Amazônica.
(VIII) Graduação Empreendedora: Avaliação dos resultados, nível de maturidade dos empreendimentos, lições aprendidas e graduação dos negócios incubados.
Abaixo é apresentado um passo a passo de como a metodologia foi utilizada para o alcance dos resultados, tendo como exemplo a cadeia produtiva dos Óleos vegetais da Amazônia.
2014 - (I) Seleção dos empreendedores: Seleção dos potenciais empreendedores a partir de um laboratório de gestão, onde foram apresentados planos de negócios elaborados por meio do curso de pós-médio em produção sustentável. (Evidência 1)
2015 - (II) Educação financeira: Realização do 1º laboratório de gestão e práticas de negócios com enfoque na gestão financeira. (Evidência 2)
2016 - (III) Apoio a projetos das cadeias produtivas estratégicas: Criação do modelo de negócio que traz o conceito de Empresa de Base Comunitária do Bauana, formatado em parceria com a Amaru, associação local de Carauari, para produção e beneficiamento de óleos vegetais.
2016 - (IV) Formação empreendedora: Participação no desafio de startups The Boat Challenge com a premiação de startup vencedora. Como prêmio, a EBC Bauana recebeu mentoria e qualificações técnicas da FAS e da Artemisia para aprimorar a gestão de negócio e processo produtivo. (Evidência 4)
2018 - (V) Incubação e aceleração de negócios: A EBC Bauana tornou-se um empreendimento incubado e recebeu apoio especializado para desenvolvimento dos empreendedores e do negócio. A Matriz de Desenvolvimento de Negócios da incubadora da FAS é baseada na metodologia CERNE, onde são trabalhados os eixos “empreendedor, capital, tecnologia, gestão e mercado”. Dentro do eixo “empreendedor”, a qualificação do time da EBC Bauana foi reconhecida internacionalmente no evento Third Annual Zug Impact Summit 2018, na Suíça (Evidência 5/6).
2019 - (VI) Estratégia de mercado e inovação: Lançamento do produto “Menino dos óleos”, óleo de andiroba em vidro conta-gotas de 30ml, desenvolvido pelos empreendedores da EBC Bauana com o apoio de parceiros da incubadora de negócios da FAS (Evidência 7).
2019 - (VII) Acesso a microcrédito e investimento: Capital semente de R$ 150 mil por meio de projeto PTMJ em parceria com a Sitawi para aquisição de equipamentos (prensa, filtro de óleos vegetais), com o objetivo de aumentar a capacidade produtiva do empreendimento.
2020. (VIII) Graduação do empreendimento: Resultados alcançados entre os anos de 2017 a 2020, e os impactos gerados para a base da pirâmide social (Evidência 8).
Recursos Necessários
Para implantação da metodologia em uma das cadeias produtivas é necessário:
- Infraestrutura Produtiva: Unidade produtiva com Infraestrutura física, máquinas e equipamentos, energia solar e Internet.
- Recursos Humanos para gestão do projeto (Assistente + Coordenador)
- Capacitação (realização de cursos, oficinas, consultorias e laboratórios de gestão)
- Assistência técnica e mentoria (Plano de desenvolvimento empreendedor)
- Desenvolvimento de produtos e estratégia de mercado (Design do produto, marca, marketing, selo, protótipo)
- Apoio Logístico (alimentação, passagens, transporte, diárias e combustível)
- Comunicação (conectividade)
- Capital Semente (Investimento inicial em capital de giro e aquisição de matéria prima)
- Disseminação de resultados (Comunicação): (vídeo + acompanhamentos)
Resultados Alcançados
O programa parte de uma realidade onde a economia familiar das comunidades está baseada numa gama de atividades combinadas, como agricultura, pesca, caça, e serviços. A estratégia do programa é voltada para as prioridades definidas de forma participativa pelos beneficiários. A aplicação da metodologia foi capaz de apoiar diversas cadeias estratégica para a realidade Amazônica, como por exemplo, as cadeias: dos óleos vegetais, do turismo (Evidência 9), do artesanato (Evidência 9/10), da farinha de mandioca (Evidência 11/12) e do pirarucu (Evidência 13).
Como resultado, na cadeia dos Óleos vegetais, que é uma das mais bem sucedidas, são 35 comunidades envolvidas nas UCs: Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) de Uacari, Juma, Madeira e Rio Amapá, com 374 famílias beneficiadas, e uma quantidade média de 141.245kg castanhas coletadas, sendo comercializadas R$1.131.189 no ano de 2020, gerando uma renda média de R$2.080/família.
A cadeia do Turismo de Base Comunitária foi apoaida entre 2017-20, sendo investidos mais de R$522.000 em 3 UCs: RDS do Rio Negro, APA do Rio Negro e RDS do Uatumã, benefiaciando 187 famílias. Como retorno do investimento, os empreendimentos de Turismo da RDS e APA Rio Negro alcançaram entre 2018 e 2020 o faturamento bruto de R$1.002.112. Já os empreendimentos da RDS do Uatumã, com foco na pesca esportiva sustentável, alcançaram o faturamento de R$5.259.972. Em 2020, mesmo com o desafio da pandemia, a renda média mensal por família alcançou R$301,42 (Rio Negro) e R$961,55 (Uatumã).
A cadeia do Artesanato, nas RDS do Rio Negro, Piagaçu Purus, Amanã e a Floresta Estadual de Maués, entre 2016 a 2020, teve investimento médio de R$260.004. Como retorno, faturou R$536.563, beneficiando diretamente 235 famílias, em 11 comunidades, com faturamento médio de R$1.973 por família.
Na cadeia da Farinha de Mandioca, que abrange as RDS Mamirauá e outras 13 UCs, o investimento foi de R$2.239.241. Entre 2016 a 2019, os investimentos apresentaram retorno no faturamento de R$ 450.185, sendo o volume produzido de 661.626 ton de farinha, perfazendo uma renda média de R$1.680 por família, beneficiando 16 comunidades e 328 famílias. Também se tem o investimento de R$ 2.936.871 entre 2016 e 2020 na cadeia produtiva do pirarucu, nas RDS de Mamirauá, Piagaçu Purus, Cujubim, Amanã e Uacari, onde se comercializam R$887.785, com uma produção média de 193.458kg, beneficiando 327 famílias, 25 comunidades, e proporcionando uma renda média de R$2.160 por família.
Público atendido
Adulto
Empreendedores
Jovens
População Ribeirinha
Pescadores
Artesãos
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