Problema Solucionado
O Pará, hoje é um dos estados que mais vem sofrendo com os impactos ambientais em todo o país, principalmente relacionados ao desmatamento, queimadas e uso inadequado dos recursos naturais, tem reflexos para o planeta inteiro. Muita das vezes, o uso arbitrário destes recursos faz com que até alguns animais corram o risco de extinção. No entanto, fatores relacionados à pobreza ou ao baixo IDH, ao tradicionalismo das agressões ambientais e a falta de um plano básico de educação ambiental na familia, faz com que praticamente todas as cidades do Estado, sofram progressivamente ao longo dos anos com agressões ambientais. A falta de educação ambiental acaba se estendendo também para as populações urbanas, com problemas identificados com o uso inadequado dos recursos naturais, em especial a água e também pela forte participação da poluição das cidades com o lixo urbano que é o grande ocasionador de problemas de saúde em massa no Estado. Todas estas agressões ao meio ambiente acabam desqualificando o Pará como um polo de atrativos turístico, pois cidades sujas e poluídas não fazem bem ao turismo e consequentemente a geração de emprego e renda e ao desenvolvimento da região.
Descrição
A cada ano, são selecionadas escolas de ensino fundamental de municípios do estado do Pará para participarem do projeto. O projeto é voltado para crianças na faixa etária de 5 a 14 anos. As aulas são ministradas em três etapas durante o mesmo dia:
- Etapa 1. Dentro da sala de aula, através de palestras áudio visuais, com temas bem abrangentes sobre “meio ambiente” e discussões após as aulas na floresta;
- Etapa 2. Campal, na área de produção de mudas, mostrando as formas de cultivo e propagação de espécies vegetais, principalmente as nativas da Amazônia brasileira, onde eles participam de semeio e/ou plantios de mudas;
- Etapa 3 (principal). Dentro da floresta, na forma de apresentação teatral, onde atores amadores transmitem seus conhecimentos, sobre os diversos temas relacionados ao “meio ambiente”.
São realizadas entre duas a três aulas por mês, para turmas entre 40 a 50 estudantes por aula, no horário entre 8h às 11h, da seguinte forma:
- 50 minutos de palestra na sala de aula com temas gerais sobre meio ambiente;
- 20 minutos no campo (área de produção de sementes e mudas);
- 60 minutos na floresta;
- 15 minutos para o lanche;
- 35 minutos para discussões.
As aulas com teatro de floresta são dinâmicas, lúdicas e interativas para maior fixação do aprendizado dos estudantes. Os atores, durante as apresentações, ficam fantasiados com diferentes personagens. A ideia é provocar e fazer com que as crianças interajam com os personagens, dentro da floresta, sobre um tema de interesse mundial.
Foram criados 10 personagens:
- O Duende: Conduz o grupo ao passeio.
- O Curupira e a Mãe natureza: repassam a mensagem da preservação ambiental na floresta;
- O Lenhador: Faz o corte incorreto de árvores
- A Árvore: Pede socorro para uma árvore menor
- A Arara: Transmite a mensagem de preservação da fauna;
- A Muda de árvore: Fala da necessidade do reflorestamento;
- A Matinta: Esclarece sobre uso sustentável de recursos naturais e consequências da poluição dos rios.
- O Pescador Bêbado: polui o rio e cria risco de queimada.
- O Índio, resume e pede reflexão.
Sinopse:
Os alunos começam a adentrar a mata acreditando ser apenas um passei na trilha, mas logo são surpreendidos pelo “Curupira” que sai de dentro da floresta e os aborda, querendo saber quem são aquelas crianças e o que estão fazendo em sua mata. Logo o Duende (guia), explica que a visita é pacifica. A partir daí o Curupira, já convencido, conduz o grupo floresta à dentro. De repente eles se depararam com a Mãe natureza que sai por detrás das árvores e os cumprimenta de forma generosa. Os dois começam a explicar como funciona a harmoniosa vida na floresta. De repente, gritos são ouvidos dentro da floresta e todos correm. Trata-se de uma “Árvore”, tentando evitar o corte de outra menor, por um Lenhador. Um forte debate sobre manejo florestal começa, desta vez com a interação direta das crianças. Após tudo esclarecido, a caminhada continua e encontram uma “Arara”, que lhes dá explicação sobre a fauna amazônica, cadeia alimentar e extinção de animais. Atenciosas e surpresas as crianças continuam a caminhada até se deparar com o nascimento de uma “Árvore”, que os explica a importância de reflorestar para obtenção de produtos provenientes da madeira. Eles aplaudem e seguem trilha à dentro. Logo, observam muito lixo na trilha, colocado propositalmente pela equipe de apoio. O Curupira e Mãe natureza os convidam para juntar o lixo e coloca-lo em um saco e todos ajudam com muita vontade. À frente, eles identificam o autor da sujeira, um "Pescador Bêbado”, que também poluiu o rio e acendeu uma fogueira próxima da mata, com risco de incêndio florestal. Todos correm em direção a ele. O Curupira e as crianças pedem explicação ao Bêbado, que se rebela, acusa as crianças e pede para que todos vão embora, mas as crianças criticam e orientam. No final o Bêbado acaba aceitando as orientações. Ele corrige seus erros e agradece as crianças pelas lições. A jornada continua e logo aparece a “Matinta”, com problemas de saúde e culpa o Bêbado por poluir a água de seu consumo. Neste momento as crianças já estão totalmente envolvidas e interagem com a Matinta, informando-lhe que o Bêbado não mais fará aquilo. A Matinta também dá uma lição, de como se deve fazer o uso dos recursos naturais, pois a própria casa, ela construiu com árvores da floresta, mas explica que sempre repõe outra. As crianças agradecem a aula e continuam a trilha, quando avistam luzes e fumaça vindas de dentro da mata. Um “Índio” aparece por detrás da fumaça e pede para que todos fiquem em silêncio e contemplem a natureza. Neste momento o índio fala palavras de reflexão sobre a importância da floresta amazônica e dos impactos ambientais que a floresta vem sofrendo durante anos. Ele convoca a todos para defender o uso sustentável dos recursos naturais, pedindo que repassem os ensinamentos ali recebidos. As crianças aplaudem, se despedem e saem da trilha.
Recursos Necessários
Para cada 24 apresentações p/ano
1- Lanches: 1680 unidades (água, sucos, frutas e sanduiches)
2- Transporte da equipe (atores e palestrante) = 528 passagens
3- Alimentação da equipe completa (11 pessoas) = 264 refeições
4- EPI (botas) = 100 pares
5- Fantasias para 10 personagens ( 2 conjuntos por ano).
Resultados Alcançados
Desde o ano de 2005, quando foram iniciadas as aulas com o "Teatro de Floresta" até o ano de 2016, cerca de 12.947 estudantes participaram do projeto. Os dados foram obtidos principalmente com lista de frequência, assinados pelos estudantes e em poucos casos por estimativa da equipe, colocados em relatórios numéricos e fotográficos.
Segundo avaliações de professores, os resultados dentro das escolas são imediatos, pois as mudanças de hábitos dos estudantes em relação ao "meio ambiente" são visíveis em gestos, palavras e ações. Os voluntários do Asflora, também realizaram visitas às escolas participantes do projeto, antes e depois das "aulas na floresta" e perceberam significativa mudança em relação à limpeza e ao aspecto florísticos das escolas. Alguns professores disseram que àquelas horas de aulas na floresta, foram inesquecíveis por serem impactantes para as crianças e difíceis de serem esquecidas e isso se transforma em mudanças de hábito de forma imediata.
Após as aulas, em alguns municípios, foram formados grupos de voluntários, tendo a frente professores e estudantes, para proteção de nascentes e matas ciliares. Isso representa que o esclarecimento feito a estes grupos, na forma que foram aplicados, serviu para acender um sentimento que todos temos que é o de cuidar bem dos nossos recursos naturais para a própria saúde do planeta e consequentemente da sociedade.
Alguns governantes, pressionados por grupo de professores e estudantes, também se manifestaram para a realização de limpeza e restauração de praças e proteção de rios, porém neste caso, sempre as resposta são mais lentas.
Nosso sentimento é que apesar de atingirmos uma pequena fração de estudantes e professores a cada ano, acreditamos que a forma de educação adotada é eficiente, de resposta rápida, pois atingimos a mente de todas as crianças no momento da formação do caráter, dos conceitos e princípios básicos da vida, que acreditamos ser o melhor para a nossa sociedade e para a o meio ambiente. Além disso, a forma envolvente da mensagem faz com que as crianças tenham a facilidade de transmiti-la para seus familiares e amigos de uma forma bem convincente, além de poder fiscalizar a aplicação destes princípios.
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