Problema Solucionado
O Instituto UNO desenvolve projetos para crianças e adolescentes em situação de acolhimento que apresentam defasagem importante em leitura, escrita e educação financeira. São vítimas de abuso, abandono e/ou aliciamento para o tráfico, estavam em situação de risco e estão, temporária ou definitivamente, afastados da família de origem como medida de proteção.
Consideramos dois problemas-chave:
1) Sem alfabetização e conhecimentos financeiros básicos não há perspectiva profissional para os jovens no momento de seu desacolhimento (o que os aproxima da ilegalidade);
2) As relações vividas pelas crianças/adolescentes nesta situação são marcadas por vínculos fracos ou inexistentes, resultados também do voluntariado irresponsável que os visita pontualmente, cria expectativa e depois desaparece ou mantém contato esporádico.
Estas situações problemáticas contextualizam/precedem a questão desafiadora que inspirou a criação desta TS: atrair e formar voluntários educadores comprometidos e dispostos para atuação a longo prazo e cheia de desafios, quando as maiores dificuldade das OSCs com relação ao voluntariado são justamente a falta de comprometimento e abandono precoce.
Descrição
De um lado, o educador voluntário oferece seu tempo, talento, trabalho e alegria, do outro a entidade garante profissionalismo, meios e ferramentas para realização das atividades, acompanhamento e apoio. A Tecnologia Social desenvolvida pelo Instituto UNO acredita que a relação entre voluntário e organização deve se dar a partir do respeito, da confiança e responsabilidade com a causa e se baseia nos seguintes pilares:
1º - Identificação: modelar o perfil dos potenciais candidatos, com foco na atração de indivíduos ou grupos com maior probabilidade de entrarem em sintonia com o Programa “Quero Saber…” do Instituto UNO.
2º - Atração e mobilização
A1. Campanha de Atração de novos voluntários
3º - Conscientização
C1. E-mail 1 - Fique por dentro: Extenso e apresenta o trabalho em detalhes;
C2. E-mail 2 - Disponibilidade: Para colher nome completo, telefone e rotina;
C3. Entrevista por telefone - ‘Em profundidade’: Conversa com roteiro semi-aberto e com duração de 1 hora;
C4. Leitura de artigo - ‘A origem’: Apresenta a história e os princípios que norteiam o trabalho da instituição;
C5. Entrevista presencial - ‘A causa’: Realizada no Serviço de Acolhimento;
C6. E-mail 3 - ‘Tomada de decisão’: Após 7 dias da entrevista presencial, o candidato envia um email com sua decisão;
C7. E-mail 4 - ‘Repense’: Incisivo e rigoroso, o convida para última reflexão sobre querer e poder dar conta do trabalho que terá pela frente;
C8. Email 5 - ‘Ficha de inscrição’: Candidato deve informar os dados que serão usados no Termo de Voluntariado;
C9. E-mail 6 - ‘Confirmação’: Oficializa a inscrição, oferece palavras de comemoração e pertencimento ao voluntário que vivenciou todas as etapas e se aliou à causa do Instituto UNO, que passa a ser dele também.
Toda relação entre OSC e candidato é marcada por acordos, acompanhados com rigor e oficializados: é imprescindível estabelecer e cumprir datas, prazos e combinados em todo o decorrer do processo de seleção.
4º - Preparação
P1. Curso de Formação de Educadores Voluntários: PRÁTICA e TEORIA
Ministrado pela equipe do UNO, tem 57 horas de aula e duração de 4 meses. É obrigatório ao voluntário participar deste curso antes de iniciar o trabalho com as crianças e adolescentes.
5º - Acompanhamento
AC1. Supervisão Semanal à distância;
Utiliza as seguintes ferramentas: Relatório Semanal (F1) e Quadro de Frequência Semanal (F2)
AC2. Supervisão Presencial mensal;
AC3. Reunião trimestral entre educadores voluntários e supervisoras: Construção e avaliação de objetivos e metas;
AC4. Vivência na Natureza: Estudo do meio com todos os envolvidos no Instituto;
AC5. Banco de Atividades: Reúne inúmeras atividades promovidas pelos grupos;
AC6. Comunidade de práticas: Encontro semestral entre os voluntários para compartilhamento de experiências.
6º - Avaliação
AV1. Relatório de Progresso: Elaborado semestralmente, avalia a evolução do grupo como um todo e de cada crianças/adolescentes;
AV2. Reunião de Avaliação do Voluntariado: Equipe pedagógica se reúne semestralmente para avaliar a atuação de cada voluntário;
AV3. Análise de Resultados: Reunião de dados gerados pelas ferramentas de acompanhamento apontam resultados quantitativos (total de atendidos, presenças, faltas…)
Recursos Necessários
Internet e linha telefônica, computador com planilha, aparelho de telefone, sala ou espaço para realização de cursos, projetor/monitor, materiais de apoio para o conteúdo do curso, como jogos e livros.
Resultados Alcançados
Durante 8 anos de existência, o “Quero Saber..” já contabilizou 145 voluntários,11 Cursos de Formação de Educadores Voluntários, 228 crianças/adolescentes atendidos e 28 Serviços de Acolhimento parceiros. Em 2018, os 20 educadores voluntários ativos dedicaram 3.798 horas para atividades de educação. No mesmo ano, a frequência dos voluntários foi de 91,86% e das crianças/adolescentes de 92,97%. Nos últimos 3 anos, nenhum voluntário deixou de cumprir o período mínimo de atuação no programa (1 ano), e desses, quase a metade não só o respeitou como iniciou um novo ciclo, permanecendo por, pelo menos, mais um ano. Vale destacar também que nossa equipe pedagógica é formada por pessoas que já atuaram por anos como voluntárias. Em 2019: 33 voluntários atuantes e 65 crianças/adolescentes atendidos. Em setembro iniciaremos o 12º Curso de Formação, quando novos educadores estarão aptos para atuação. Em sua última edição, houve 224 candidatos inscritos, 16 participantes do curso e 14 formados e em atuação. É possível constatar a evolução dos participantes nos aspectos pedagógicos e comportamentais. Em muitos casos, os avanços acontecem não só na aprendizagem, como também na autonomia, autoestima, comunicação e vontade de aprender.
Os voluntários dão feedbacks e avaliam a participação no Curso de Formação e como educadores. Essas “medições subjetivas” mostram o impacto em suas vidas e os resultados com relação à satisfação deste outro público. Já atuando como educadores muitos relatam à equipe que o processo seletivo com corresponsabilidade do candidato, várias etapas e bastante rigor foi fator determinante para a certeza de participarem do Programa. Há anos executando e aperfeiçoando a TS, constatamos que a relação cuidadosa e bem trabalhada com cada voluntário traz resultados evidentes como os altos níveis de frequência nos encontros semanais, o cumprimento do tempo de atuação combinado e a evolução das crianças/adolescentes. Engajar pessoas e promover o voluntariado responsável não é tarefa simples, mas ao investirmos (tempo, energia, cuidado e atenção) e acreditarmos verdadeiramente em seu potencial transformador, temos resultados e alto impacto à favor de uma causa social.
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