Problema Solucionado
O projeto piloto do CDA surgiu devido à total carência de programas voltados para as crianças com deficiência com distúrbios neurossensoriais como é o caso do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), pois as mesmas não são comumente incluídas nas turmas regulares de ensino e excluídas de outros âmbitos da vida social. O Centro de Autismo Dona Meca busca seu primeiro patrocínio oficial exclusivo pois precisa ser ampliado e acima de tudo mantido em funcionamento, uma vez que a fila de espera mantém-se bastante grande, chegando a ter cerca de 50 crianças diagnosticadas dentro do Transtorno do Espectro do Autismo aguardando vaga para atendimento gratuito multidisciplinar. Atualmente, ele funciona com recursos da parceria com a LOTERJ (projeto que finda em junho de 2017).
Descrição
Desde julho de 2013, a OSDM vem desenvolvendo uma proposta diferenciada para crianças/adolescentes com deficiência que apresentem desordem Neurossensorial, entre eles crianças diagnosticadas dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou que ainda não possuem diagnósticos fechados, além de deficiências e síndromes em geral que necessitem de estímulos neurossensoriais. Este atendimento se realiza em turno complementar ao horário escolar, potencializando suas capacidades comunicativas e sociais, estimulando a sua permanência escolar e convívio social.
Partindo do princípio que as crianças autistas apresentam alterações na integração dos sistemas sensoriais, ou seja, no modo que recebem, processam, absorvem e respondem aos estímulos (visuais, táteis, olfativos, gustativos, auditivos, proprioceptivos e vestibulares), o CDA visa proporcionar a estas crianças estímulos adequados a sua maneira particular de processamento sensorial e vivências à sua família para identificar os estímulos positivos e negativos e como lidar e dar significado a resposta de seus filhos. Com isso, pretendemos proporcionar vivências que permitam melhores respostas adaptativas proporcionando o desenvolvimento das relações e da comunicação resultando numa melhor inserção social.
As crianças e adolescentes com deficiência precisam de uma equipe multidisciplinar de profissionais qualificados para serem estimulados da forma correta, tendo respeitadas suas individualidades, limitações sociais e inter-relacionais característicos de crianças com atrasos neurossensoriais. As crianças atendidas simultaneamente na mesma atividade tem dupla funcionalidade, uma vez que uma auxilia a outra na sua própria evolução e ajudam na socialização e interação social das crianças com desordem neurossensorial e espectro autista (que possuem características de introspecção e evitam o convívio social).
Estimula-se, assim, com a inclusão social, promoção das capacidades físicas e intelectuais e colaborando previamente com a permanência escolar, diminuindo a evasão, já que se trata de crianças/adolescentes com distúrbios neurossensoriais, com agravante das limitações de socialização e comunicação verbal.
A metodologia do CDA baseia-se no construtivismo e sócio-interacionismo, onde a criança pode expressar-se livremente, potencializando suas habilidades natas e estimulando suas possibilidades de evolução em aspectos menos desenvolvidos, que aliados à metodologia pedagógicas de Piaget e metodologias específicas das áreas terapêuticas focalizadas nas dificuldades dos aspectos neurossensoriais, emocionais e inter - relacionais da criança, numa ação conjunta dos pais junto com os filhos na construção que se dá a partir desta interação.
As atividades do CDA compreendem o atendimento no Circuito de Atividades Neurossensoriais, composto por três módulos e salas diferentes (que a criança é inserida de acordo com sua necessidade biopsicossocial), são eles: Ciclo de Comunicação (realizado por uma Fonoaudióloga), Modulação Sensorial (realizado por uma Terapeuta Ocupacional) e Planejamento Motor (realizado por uma Psicomotricista e/ou Hidroterapeuta). Estas atividades desenvolvidas no circuito têm como um dos objetivos, aproximar a família, da criança, e favorecer a relação pessoal da criança com o seu responsável, com o terapeuta e com outras crianças, possibilitando a interação no ambiente escolar, bem como favorecendo seu desenvolvimento biopsicossocial.
As atividades são sempre realizadas individualmente ou em grupos de até 3 (três) crianças, que se assemelham em suas características, em alguns casos com a presença de seus respectivos pais. A grade de atividades das crianças é organizada individualmente, uma vez que ela também participa de outras atividades externas ao projeto, oferecidas pela OSDM e pelos projetos culturais e esportivos financiados por outros parceiros desenvolvidos na Sede. A Psicologia é incorporada ao trabalho por meio de orientações específicas aos pais das crianças com TEA, que se reúnem em 3 grupos de 3 a 4 responsáveis para discutir temas relativos ao Autismo e o dia a dia de seus filhos. Geralmente são trazidos temas pela Psicóloga mas as mães podem trazer situações ocorridas naquela semana para serem compartilhadas e debatidas.
Seleção do Perfil dos atendidos:
• Grupo 1: Crianças que apresentam desregulação sensorial que comprometam a vida social.
• Grupo 2: Crianças pequenas que se beneficiarão dos estímulos sensoriais, por estarem na fase de desenvolvimento próximo ao esperado pela idade.
• Grupo 3: Crianças maiores e que não apresentam respostas à terapia convencional.
Tempo de Permanência nas atividades do circuito CDA:
• Grupo 1 : Tempo indeterminado;
• Grupo 2: Seis (6) meses de estimulação e orientação;
• Grupo 3: Seis (6) meses de estimulação e orientação.
Avaliação:
• Anamnese, Avaliação dos níveis de desenvolvimento funcionais-emocionais, Avaliação do perfil sensorial, Perfil sensorial: questionário do cuidador/responsável.
Recursos Necessários
Equipamentos específicos: Equipamentos de informática ligados em rede para utilizar softwares específicos; Prancha de Equilíbrio Proprioceptiva; Disco de equilíbrio; Circo sensorial; Polvo sensorial; Lap pad; Balanço sensorial; Túnel sensorial; Colete proprioceptivo.
Materiais de Noção corporal: Fantasias, livros, fantoches, bonecos/bonecas, espelhos, vestimentas, massa de modelar, papel ofício, hidrocor, tinta, papel pardo, Cordas, Fitas de cetim coloridas, Fios de lã, elásticos, espaguetes (bastões)
Materiais de Coordenação dinâmica global, equilíbrio e tônus: Blocos de espumas de diversos tamanhos, cores e formas, bambolê, pneus, tapetes, escorrega, colchonetes, caixa de papelão, almofadas.
Materiais de Coordenação motora fina: Tecidos variados, canetas, pincel, contas, tesoura, cola, jornal, fita crepe, argila, giz, brinquedos educativos.
Material para atividades Musicais: Materiais recicláveis como lata de leite, potes de iogurtes, palitos de churrasco (novos), sementes e miçangas variadas e folha de lixa.
Material para Atividades sensoriais: Grãos, farinha, balões de festa, sabão líquido, esponjas, bolinhas gelatinosas, bolinhas de isopor, venda para tapar os olhos.
Materiais para Fonoaudiologia: alimentos com diferentes consistências, espessante alimentar, essência, gelo, luva, gaze, microbrush, bandagem elástica, colher, copo, canudo, espátula, estetoscópio, oxímetro, símbolos Pecs, sequências lógicas, livros infantis, jogos pedagógicos, miniaturas, fantoches.
Resultados Alcançados
Desde 2013, o Centro de Autismo Dona Meca já ofereceu suporte terapêutico a 22 crianças, todas elas com alterações sensoriais importantes que atrapalhavam de forma significativa a sua rotina e suas habilidades comunicativas e sociais. Destas 21 crianças, 9 ainda encontram-se em acompanhamento, 6 saíram do projeto por motivos diversos (falta ou abandono do tratamento) e 7 tiveram alta por terem alcançado os objetivos desta proposta terapêutica.
As crianças iniciam o acompanhamento no Centro de Autismo com características de isolamento, dificuldade de interação e comunicação e/ou agressividade, e até o momento obtivemos resultados positivos em 20 dos 22 casos. Com diminuição da agressividade, diminuição da busca ou fuga incessante por estímulos sensoriais, melhora do comportamento e aumento da interação e comunicação.
Ao receber alta do Centro de Autismo as crianças estão aptas a retornarem as terapias tradicionais e atividades em grupo.
Dentro do projeto contamos com o engajamento das famílias na proposta terapêutica para dar continuidade ao trabalho iniciado em atendimento, seguindo as orientações recebidas. Para tal, as mães participam ativamente estando presente em todas as terapias visando maior entendimento e esclarecimento sobre os estímulos que podem ser continuados fora do ambiente terapêutico, inclusive levando ideias de recursos sensoriais para casa e/ou escola. Porém, no início do projeto observamos grande fragilidade destas famílias que necessitam de apoio para seguir o proposto no projeto. Por essa razão incluímos grupos de responsáveis com mediação da psicologia para oferecer suporte emocional, conseguindo assim maior sucesso na evolução terapêutica das crianças.
Ao longo do projeto, acontecem eventos com atividades temáticas e sensoriais visando a inserção em grupos e permanência em ambientes diferenciados. Os responsáveis relatam melhora na qualidade de vida, conseguindo realizar atividades em família, tais como: ir ao shopping, frequentar festas de aniversário e conseguir permanecer na sala aula.
Anualmente, realizamos avaliação do perfil sensorial gerando como resultado um gráfico que quantifica as alterações sensoriais de cada criança, e ao longo do projeto conseguimos observar ganhos não só pela melhora do comportamento e relato das famílias, mas também com resultados quantitativos na melhora dos gráficos de monitoramento.
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