Problema Solucionado
No povoado do Sítio do Riacho Fundo, na Zona Rural do município de Esperança, no agreste da Paraíba, a 145 km da capital João Pessoa, a única fonte de renda da população (350 famílias) era o trabalho na agricultura, o "alugado", como é chamada a atividade de roçar pastos na região. Essa atividade temporária e irregular depende, sobretudo, das condições climáticas (das chuvas que são raras e fazem o mato crescer no meio das plantações). Dessa atividade, viviam homens e mulheres da comunidade, que ganhavam até R$ 20,00 por semana, até a descoberta do artesanato.
Desde a formação da Associação de Artesãos de Sítio Riacho Fundo, em 2000, um grupo de artesãos aprendeu a trabalhar coletivamente para poder incrementar a renda familiar e, hoje, há 23 artesãos associados que produzem cerca de 3 mil Bonecas Esperança por mês, contabilizando vendas no valor de R$ 1.800,00, garantindo o bem estar de suas famílias.
Descrição
Dona Socorro, a mestra, confeccionava bonecas de pano desde os 7 anos, mas as bonecas nunca tinham sido uma fonte de renda para ela. A chegada dos técnicos do Artesanato Solidário em 1999 permitiu que dona Socorro repassasse seu saber a cerca de 50 pessoas. A partir daí, foram realizadas oficinas de capacitação a fim de nivelar o domínio das técnicas artesanais entre os integrantes do grupo, aprimorar o trabalho de confecção das bonecas, formular preço de produtos, organizar o trabalho coletivo e gerir administrativamente o empreendimento. No que se refere à comercialização, o grupo também participou de feiras e eventos relacionados ao artesanato, a fim de divulgar o trabalho e promover a associação.
Em 2000, a Associação dos Artesãos de Riacho Fundo foi fundada e contou com o apoio da Prefeitura do Município de Esperança, a qual cedeu o espaço e a reforma de onde hoje é a sede da associação.
Paralelamente às capacitações, o grupo enfrentou problemas relacionados à questão de gênero: as mulheres sofriam represálias de seus maridos e os homens discriminavam o trabalho artesanal. Com o passar do tempo, o retorno financeiro e a melhoria nas condições de vida dos artesãos fizeram com que o trabalho do grupo passasse a ser respeitado. Atraídos por tais resultados, a associação passou a contar com homens na produção.
Atualmente, com trabalhos consolidados, a Associação de Artesãos de Riacho Fundo é reconhecida nacionalmente com a participação do grupo em feiras e eventos e a divulgação dos produtos na mídia. As Bonecas Esperança também ganharam projeção internacional a partir da associação das bonecas à cadeira Multidão, um dos trabalhos dos irmãos Campana, renomados designers brasileiros.
Apesar de efetuar vendas mensais, a Associação pontua que seu principal gargalo é a comercialização de produtos. A fim de encontrar uma alternativa para o gargalo comercial comum entre pequenos produtores de artesanato, a última atuação do Artesanato Solidário/ArteSol junto ao grupo foi entre 2009 e 2010, com o projeto “Empreendedorismo e comércio justo na atividade artesanal no Brasil”, que teve como principal foco a ampliação dos canais de comercialização e a criação da Rede ArteSol pelo Comércio Justo, uma plataforma comercial e de troca de informações formada por 16 associações de artesanato, das quais a Associação dos Artesãos de Riacho Fundo faz parte.
Recursos Necessários
.
Resultados Alcançados
Hoje há um grupo de 23 artesãos participando da produção de Bonecas Esperança;
As mulheres de Esperança envolvidas com a confecção das bonecas sentem orgulho e prazer no que fazem;
-Aumento significativo da renda familiar e da capacidade produtiva mensal do grupo. O grupo tem capacidade produtiva de 3 mil bonecas por mês, o que possibilita atender grandes demandas;
-A comunidade conseguiu custear melhorias na infraestrutura da comunidade, como calçamento, construção de quatro cisternas e eletrificação rural;
-Aquisição de equipamentos (duas máquinas de costura, um telefone celular e um armário);
-Projeção nacional e internacional a partir da associação das bonecas à cadeira Multidão, um dos trabalhos dos irmãos Campana, renomados designers brasileiros;
-Visibilidade comercial com a ação de marketing social: A Philips realizou uma campanha de marketing social na qual associou um de seus novos produtos, o ferro de passar com conceito sustentável, o modelo RI3620, a uma Boneca Esperança. Na oportunidade do lançamento do produto foram distribuídas bonecas junto com o eletrodoméstico em um evento de moda e, atualmente, a ação continua vigente na rede social Twitter, agora também vinculada à Associação Viva e -Deixe Viver, consistindo na doação de bonecas a crianças e adolescentes em tratamento hospitalar.
Sobre os resultados obtidos com a aplicação da tecnologia social nas demais comunidades:
- 97 projetos desenvolvidos desde 1998
- 5 mil artesãos envolvidos diretamente
- 25 mil pessoas beneficiadas indiretamente
- 17 estados contemplados
- Resgate de 8 tipologias de artesanato: trançados e cestaria, cerâmica, tecelagem, instrumentos musicais, brinquedos, entalhe em madeira, renda e bordado, artesanato variado.
- 5 prêmios de tecnologia social reconhecidos nacionalmente
- Referência em artesanato de tradição como Pontão de Cultura
- Primeira organização brasileira ligada ao artesanato a receber o selo do Comércio Justo da WFTO (World Fair Trade Organization)
- Criação da Rede ArteSol pelo Comércio Justo
- Realização do I Fórum Latino-Americano de Artesãos pelo Comércio Justo em setembro de 2010.
- Credenciamento pela UNESCO para integrar o Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, com direito a participação nas Sessões do Comitê
Tecnologias Sociais Semelhantes
Adolescentes Protagonistas
Saneamento Básico Na Área Rural - Fossa Séptica Biodigestora
Secador Solar De Madeira
Resgatando Gerações: Medidas Socioeducativas Aos Adolescentes Infratores