Problema Solucionado
O problema econômico foi o 1º que motivou a Diaconia a implementar o Biodigestor Sertanejo. Hoje toda alimentação das famílias beneficiárias já é preparada com o uso do biogás, gerando assim autossuficiência energética para este fim. Elas não dependem mais da compra do botijão de gás, nem do carvão e da extração de lenha, já que ele produz todo o biogás necessário que é utilizado em qualquer fogão a gás comum. Isso gera uma economia real de R$ 75,00 mês/família. Essa tecnologia também evita a emissão de gases causadores do efeito estufa presentes no esterco animal, que são o gás metano (CH4) e gás carbônico (CO2), os quais são acondicionados no biodigestor e queimados no fogão. A degradação do meio ambiente é mais um problema que vem sendo reduzido, já que a lenha e o carvão para cozinhar deixam de ser extraídos da vegetação nativa. Com o desuso do fogão à lenha, há uma melhoria na saúde das pessoas, principalmente das mulheres que assumem a responsabilidade de cozinhar, que eram afetadas sofrendo com a fumaça causadora de problemas respiratórios. Com a retirada do esterco dos currais há uma melhora na sanidade animal, pois se reduz a quantidade de material exposto e de moscas.
Descrição
O biodigestor consiste numa caixa de carga de 0,50cm de altura por 0,50cm de comprimento onde se coloca o esterco misturado a água; num tanque circular de fermentação de 1,80m de altura por 1,70m de largura, que é feito por 52 placas de 50 por 50cm que são sobrepostas em 04 fileiras, onde a biomassa sofre a digestão anaeróbica pelas bactérias resultando na produção do biogás (basicamente metano - CH4); e a caixa de descarga, que tem um formato retangular, é formada por 02 partes interligadas e construída por tijolos, tendo a primeira 01m de comprimento por 0,70cm de largura e 30cm de profundidade (para o recebimento dos dejetos) e a segunda com 15cm abaixo da primeira, tendo 60cm de comprimento e 30cm de profundidade, onde sai o biofertilizante e o adubo orgânico ricos em nutrientes, resultado final da fermentação do esterco animal. A capacidade de produção é de 26kg de biogás/mês, o que equivale ao consumo médio duma família de cinco pessoas durante 04 horas/dia em fogões domésticos. O modelo de biodigestor construído pela Diaconia é feito com placas à base de cimento e areia, de forma cilíndrica, onde é colocado o esterco animal; tem uma caixa de fibra de vidro de 3 mil litros que é colocada emborcada sobre o esterco no tanque de fermentação, a qual é a câmara de armazenamento do biogás; um filtro feito com garrafão de água de 20 litros, que é o filtro de impurezas que serve para eliminar o mau cheiro gerado pelo biogás; um anel de zinco que fica em cima da câmara de armazenamento onde se coloca terra para fazer pressão para o biogás chegar ao fogão, o qual pode ser aproveitado para fazer um canteiro de verduras; e a tubulação de saída do gás que é feita com cano de PVC de 20mm, medindo 30cm de comprimento, de maneira que fique mais alto do que o anel de zinco. Na extremidade do cano instala-se um registro de gaveta, uma união e em seguida um cano curto para conexão da mangueira flexível. A mangueira flexível permite que a caixa de armazenamento suba e desça livremente. A ligação da mangueira com o cano de PVC que vai até o fogão é feita com o auxílio de um adaptador e uma braçadeira de cano. Há o sistema de drenagem que é feito com um buraco no ponto mais baixo da tubulação, onde se cava um buraco com 70cm de profundidade e 85mm de diâmetro e se colocado um cano de 75mm de diâmetro e 70cm de comprimento. Para a vedação do dreno usa-se um CAP de PVC esgoto de 75mm. Esse dreno tem a função de retirar a água do biogás. Para conectar o fogão à tubulação instala-se no fogão uma outra mangueira flexível e coloca-se na tubulação um segundo registro antes da mangueira. Esse registro tem a função de liberar o gás na hora do cozimento. Em alguns fogões será necessário abrir e retirar os giclês para furá-los. Deve se fazer isso com uma broca de 1,5 mm e depois colocar os giclês novamente no fogão. A chama que sai do fogão deve ter cor azul, não ter cheiro e deve apresentar um leve barulho de maçarico. O custo de implantação desse tipo de biodigestor é de R$ 2.800,00 com mão-de-obra. Para fazer o abastecimento diário são utilizados 10kg de esterco que são misturados a 10 litros de água. Para isso, basta que a família agricultora tenha 02 bovinos adultos, ou 10 suínos, ou 20 caprinos, ou 100 aves. Fácil de construir, um pedreiro capacitado faz a parte de alvenaria em três dias e um técnico instala a caixa e faz a ligação até o fogão em um dia.
Recursos Necessários
LISTA DE MATERIAIS DE CONTRUÇÃO - Abril/2015
ITEM DESCRIÇÃO UND QTDE p/ 01 biodigestor
1 Cimento Saco 9
2 Ferro 6,3 mm Barra 2
3 Arame 12 galvanizado Kg 5
4 Arame 18 pré-cozido Kg 0,5
5 Brita 01 Lata 6
6 Adaptador de cano p/ mangueira de 20mm (Cano rosca ext. e mangueira do outro lado) Unidade 3
7 Caixa de fibra 3.000 l (FORTLEVE) Unidade 1
8 Zinco 0,40 m Metro 5
9 Tijolo 08 furos Unidade 100
10 Cano PVC esgoto 100 mm Metro 6
11 Cano PVC ígido 50 mm Metro 3,5
12 Cano de ferro 40 mm Metro 3,5
13 Cano PVC rígido 60 mm Metro 1,5
14 Cano PVC esgoto 75mm Metro 1
15 Cola PVC grande Unidade 1
16 Cano PVC rígido 20 mm Barra 4
17 Cap PVC esgoto 75 mm Unidade 1
18 T PVC rígido 20 mm Unidade 1
19 Parafusos 29 cm 3/8 Unidade 1
20 Joelho PVC rígido 20 mm Unidade 8
21 Flange 60X60 mm Unidade 1
22 Luva L/R 20mm Unidade 2
23 Adaptador Curto de 20mm( rosca externa de um lado e cano soldável do outro) Unidade 2
24 Flange 20 mm Unidade 3
25 Botijão 20l Fibra Unidade 1
26 Registro de esfera 20 mm Unidade 2
27 Mangueira plástica 20 mm (trançada) Metro 5
28 Abraçadeiras rosca sem fim de 1/2" Unidade 4
29 Tabua 0,15 x 0,04 m Unidade 1
30 Parafusos 10 cm 3/8 com porca, todo roscável Unidade 6
31 Tela de nylon 1,50 x 0,80 Metro 1
32 União roscável de 20mm Soldável Unidade 1
33 Fita veda roscável Unidade 1
34 Barrote 7 x7 de madeira Unidade 3
35 Areia fina ou areia lavada Metro 2
36 Massa Epoxi 100 G Embalagem 1
37 Cola de Silicone 50 G Embalagem 1
Resultados Alcançados
Ao longo dos últimos 07 anos a Diaconia implantou 270 biodigestores nos municípios em que atua e a previsão é que até meados de 2016 chegaremos a 500 unidades. Acreditamos que essa tecnologia tem todas as condições para se tornar uma Política Pública. Isto porque ela é sustentável, traz benefícios econômicos importantes e contribui para a qualidade de vida das famílias, bem como se constitui em ganhos relevantes na dimensão do meio ambiente. O Biodigestor Sertanejo é uma tecnologia social que apresenta aspectos de inovação, reaplicabilidade e sustentabilidade. Isso porque ela é socialmente justa (está voltada para famílias que necessitam de apoio), economicamente viável (porque sua implantação tem baixo custo – R$ 2.800,00 e ela gera uma economia mensal de 9,32% de um salário mínimo para cada família, pois não necessitam mais comprar o botijão de gás) e é ecologicamente correta (evita a emissão de gás metano e carbônico na atmosfera, o desmatamento e doenças respiratórias porque elimina a fuligem resultante da queima de carvão e lenha). Além disso, há a minimização da degradação do bioma CAATINGA através da diminuição do uso de carvão vegetal e lenha (se evita o desmatamento); a redução da liberação na atmosfera do gás metano e carbônico produzido nas propriedades pela fermentação das fezes dos animais, evitando sua emissão e assim contribuindo para a preservação da camada de ozônio; a contribuição para minimização do aquecimento global; a produção de biofertilizante para o cultivo de hortas. O biodigestor, além de ser uma tecnologia com baixo custo econômico e feito com materiais simples, consegue gerar independência para a família durante a preparação de seus alimentos, pois todo gás necessário é produzido na sua propriedade. Além disso, os processos de mobilização e capacitação dos técnicos, pedreiros e das famílias, aliados a simplicidade do manejo da tecnologia, incentivam as pessoas para preservarem e fazerem a sua adequada manutenção. O Biodigestor tem conquistado resultados relevantes também na geração de trabalho e renda fortalecendo a economia local, pois a região passa a ter pessoas capacitadas para construir e ensinar a construir o biodigestor e a manejar a produção do biogás.
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