Objetivo
O objetivo geral da auditoria cívica é possibilitar o papel ativo do cidadão no controle da qualidade dos serviços públicos, gerando engajamento do usuário e despertando o senso de pertencimento da sociedade com relação aos bens públicos. Desta forma, a tecnologia possibilita a transformação do relacionamento entre usuário e poder público, fortalecendo a confiança do cidadão.
Problema Solucionado
A situação-problema que deu origem à tecnologia da auditoria cívica faz referência ao baixo engajamento dos cidadãos no exercício do controle social da administração pública. Nesta mesma linha de raciocínio, foi identificado um crescente distanciamento do cidadão em seu relacionamento com o poder público, gerando sentimentos de desconfiança em relação a qualidade dos serviços ofertados pelo Estado e o processo de tomada de decisão na administração pública.
Neste sentido, a auditoria cívica busca atuar no combate ao problema diagnosticado por meio da simplificação do processo de participação cidadã e exercício do controle social da administração pública. Desta forma, a metodologia desenvolvida reduz o custo de participação do cidadão e possibilita o germinar de um senso de pertencimento e protagonismo dos auditores cívicos em relação aos serviços públicos - combatendo, de forma direta, a desconfiança dos usuários identificada como problema a ser resolvido.
Descrição
Implementada em ciclos anuais, a auditoria cívica no âmbito das unidades da rede pública de ensino do Estado de Goiás tem início com a adesão voluntária das escolas interessadas em participar da inovação. Após a efetivação da inscrição, as escolas selecionadas devem indicar os professores que atuarão na mobilização do corpo estudantil para execução das etapas posteriores da tecnologia.
Estes profissionais são de fundamental importância para a metodologia do projeto. São, justamente, estes professores que serão responsáveis por transmitir os princípios que fundamentam a tecnologia - assentada no controle social e participação cidadã na administração pública. Desta forma, a primeira etapa efetiva de implementação consiste na capacitação dos docentes responsáveis em cada escola.
Após esta etapa de formação, inicia-se, de fato, a mobilização do corpo estudantil. Nesta fase, cada instituição deve formar uma equipe composta por, ao menos, 40 estudantes. Como forma de estimular o engajamento desses jovens, cada equipe deve, também, elaborar o chamado Grito de Garra - com base em palavras-chave elencadas pela equipe do projeto.
Com os professores devidamente capacitados e os estudantes mobilizados, chega-se, de fato, a implementação da tecnologia social da auditoria cívica. Nesta etapa, a equipe da Controladoria-Geral do Estado desenvolve uma série de formulários personalizados para cada ambiente da unidade de ensino. Desta forma, por meio de um roteiro estruturado, os jovens auditores podem identificar e avaliar de forma minuciosa as diversas particularidades do espaço físico de sua escola.
Ao final desta etapa de diagnóstico, os dados coletados pela equipe de estudantes de cada escola participante são consolidados pela equipe de Participação Social da CGE-GO. Desta forma, as escolas recebem como devolutiva um relatório pormenorizado da avaliação realizada pelos estudantes. Para além dos dados específicos da instituição, o relatório possibilita à comunidade escolar uma visão ampla em perspectiva comparada com seus pares da rede pública de ensino - além de contemplar aspectos sociais e emocionais do convívio cotidiano dos jovens, elemento fundamental para identificar lacunas no trato da saúde mental destes estudantes.
Com este minucioso relatório em mãos, a equipe de estudantes assume definitivamente o papel de protagonistas da implementação desta tecnologia social. Na fase seguinte, estes jovens recebem o desafio de mobilizar toda a comunidade de sua escola - estudantes, professores, pais, funcionários, moradores da região, etc. Neste momento de interlocução, a comunidade deve utilizar os subsídios apresentados pelo relatório para definir um plano de ação para mitigar, ao menos, um dos problemas identificados.
Os resultados deste processo de diagnóstico e mobilização revelam o potencial disruptivo de transformação com base no uso de tecnologias sociais que facilitam o exercício do controle social e participação cidadã na administração pública. Empoderados com o protagonismo e a metodologia da auditoria cívica, os estudantes e a comunidade escolar vem realizando uma grande transformação no ambiente da rede pública de ensino em Goiás. Ao longo dos quatro anos de implementação, espaços que outrora se encontravam abandonados ou insalubres foram substituídos por ambientes de convivência, bibliotecas, quadras esportivas e salas de aula.
Não obstante estes consideráveis avanços no exercício do controle social, destaca-se a gamificação como outro elemento fundamental desta tecnologia social. As escolas participantes são dispostas em uma grande gincana, onde cada etapa anteriormente citada recebe uma pontuação com base no desempenho da equipe estudantil. Este formato gamificado possibilita o estabelecimento de uma competição saudável, potencializando de forma concreta o engajamento dos estudantes e, consequentemente, os resultados da tecnologia social.
Além disso, outro interessante aspecto da tecnologia faz referência ao seu formato inclusivo. As escolas componentes do Sistema Socioeducativo da rede pública de ensino participam de uma categoria específica e personalizada para sua realidade - demonstrando o potencial de uso da tecnologia como ferramenta complementar no processo de ressocialização destes jovens.
Recursos Necessários
A implementação da auditoria cívica no âmbito da rede pública de ensino destaca-se pelo baixo custo de suas atividades. Desta forma, a maior parte dos recursos necessários para o projeto fazem referência ao montante encaminhado diretamente às escolas e professores como premiação da gincana gamificada.
Para além destes custos, no que se refere às despesas operacionais, destaca-se o uso da plataforma SmartSheet como ferramenta para desenvolvimento dos formulários personalizados de auditoria e consolidação do grande volume de dados gerado pelos estudantes.
Resultados Alcançados
Ao longo de seus 4 anos de implementação, o uso da auditoria cívica no ambiente escolar goiano gerou resultados que confirmam seu potencial de engajamento e transformação no ambiente escolar. Em sua edição-piloto, realizada no ano de 2019, a iniciativa contou com 105 escolas participantes. Hoje, em 2023, foram 779 escolas inscritas - um quantitativo que se aproxima do patamar de 80% em relação ao total de instituições mantidas pelo poder público goiano. Outro relevante indicador faz referência ao total de municípios impactados pela tecnologia. Neste ano, 219 dos 246 municípios goianos têm, ao menos, uma escola participante.
Outro indicador que fortalece a perspectiva de alto potencial de engajamento da tecnologia diz respeito ao número de participantes. Em 2023, foram 38.666 alunos cadastrados como membros da equipe estudantil e 2.057 professores inscritos - ultrapassando, portanto, o patamar de 40.000 pessoas impactadas diretamente pela auditoria cívica. Ao todo, nestes quatros anos, a iniciativa impactou 70.966 alunos, 2.697 alunos e 1.873 escolas.
Além disso, os indicadores de engajamento específicos de cada etapa demonstram o sucesso da metodologia em promover a participação efetiva dos participantes. No ano de 2022, das 249 das 303 escolas participantes que executaram a auditoria cívica, também implementaram com sucesso seu projeto de intervenção em conjunto com a comunidade escolar - um indicador de 82,17% de permanência dos participantes na transição entre as etapas.
Não obstante o alto percentual de engajamento, destaca-se a percepção dos usuários em relação a tecnologia social proposta pelo projeto. Ao serem questionados acerca de sua satisfação com a etapa de auditoria cívica, 69,6% atribuíram nota máxima em uma escala de 1 a 5. De forma complementar, 24,3% avaliaram com nota 4 e 5,4% atribuíram a nota 3. Desta forma, infere-se que a metodologia foi aprovada por 99,3% dos usuários em universo de 906 respondentes do questionário de satisfação.
Estes números são confirmados, também, pela avaliação da etapa posterior à auditoria - onde os alunos recebem o desafio de mobilização da comunidade escolar para o projeto de intervenção. 47% dos respondentes atribuíram nota máxima, 33,5% assinalaram nota 4 e 11,8% avaliaram com nota 3 - correspondendo a um quantitativo de 92,3% de avaliações positivas.
Público atendido
Adolescentes
Alunos do ensino fundamental
Alunos do ensino medio
Crianças
Professores do ensino medio
Professores do ensino fundamental
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