Objetivo
Apresentar a dinâmica urbana, regras, normas, conflitos que interferem na produção cotidiana e contínua de nossas cidades, a partir das aventuras da heroína adolescente, Garota Reparo.
As cidades são produzidas por nós, individualmente e em sociedade. Sendo assim, sendo nós os sujeitos de sua produção, podemos modificá-las. Estamos contentes com as nossas cidades? Seria possível fazê-las diferentes?
Provocar essa reflexão é a grande missão da nossa super-heroína Garota Reparo. Uma adolescente comum, moradora do Bairro Turmalina aqui em Governador Valadares, que nas horas vagas ou quando a coisa aperta assume seus poderes para resolver os malfeitos na cidade, nos bairros, nas vizinhanças.
Esses malfeitos podem ser simples, desde o lixo largado nas calçadas ou nos bueiros, como mais complicados, como construções que burlam as leis urbanísticas, ou as próprias leis que desfavorecem uns em benefício de outros. A partir das suas aventuras, cuja proposta é que sejam escritas por crianças e adolescentes e por eles compartilhadas, a Garota Reparo nos leva a pensar sobre as cidades.
Problema Solucionado
As cidades brasileiras são extremamente desiguais, em todos os sentidos. O ciclo vicioso de valorização das áreas centrais, legislação permissiva à especulação imobiliária, além da sobre valorização da terra como mercadoria, em detrimento do seu valor de uso, associados às desigualdades extremas de renda em um país marcado por baixos salários para a maioria da população, fez com que essa mesma maioria ficasse à margem das cidades. Expulsa do espaço da festa e do poder, tem também retirado de si o exercício do direito à cidade.
A dinâmica urbana reconhecida como natural transforma esse processo em algo intangível, não passível de modificação. Essa constatação é a demanda desta tecnologia social que, embora de modo tímido, intenciona uma transformação de mundo. Desvelar a dinâmica urbana desigual às crianças e adolescentes, possibilita o despertar de um olhar crítico, a partir do qual futuros questionamentos e transformações sejam possíveis.
Vários exemplos de sucesso estimulam nosso otimismo: o posicionamento das crianças nas principais campanhas contra doenças como a Dengue, que levam para suas casas a mensagem correta e necessária dos cuidados com os quintais e jardins ou a adesão delas ao discurso da preservação do meio ambiente. Contudo, ainda não discutimos as cidades em nossas escolas, em nossos projetos educacionais ou em nosso cotidiano. Nesse sentido, defendemos a inclusão dessa pauta como um dos caminhos para a ampliação da cidadania.
Descrição
Primeiramente, apresentamos o perfil @asaventurasdagarotareparo na rede social Instagram. Esse objetiva a divulgação do conteúdo científico sobre cidades, produção das cidades, legislação urbanística, direito à cidade e afins. É um modo de refletir sobre um tema árido e difícil, a partir de uma linguagem simples, ilustrações, vídeos e animações. Nesse perfil incentivamos a participação dos nossos seguidores, com enquetes, pesquisas e outras possibilidades de interação. Está em nossos planos, realizar, proximamente, um concurso de desenhos sobre a personagem. Essa, entre outras, são as possibilidades abertas por este projeto. Quem sabe, não conseguimos a ambição de fazer um joguinho para celular? Outra das ideias já pensadas, mas ainda não realizada, por falta de recursos.
A super-heroína Garota Reparo é a "dona e autora" do perfil e logo, das postagens. Em outras palavras, o conteúdo é apresentado a partir do olhar dela, uma heroína que sabe tudo sobre cidades, mas além e acima disso, é uma adolescente de 13 anos, habitante de um bairro bastante vulnerável em uma cidade de porte médio, no caso, Governador Valadares, Minas Gerais.
Vale dizer, que a Garota Reparo é uma ideia, um instrumento, ou melhor, parte de uma tecnologia social que pode ser manipulada, moldada e adaptada a outras realidades e contextos. A partir das suas histórias e aventuras é possível falar dos conflitos e desigualdades urbanas, das normas existentes, sua importância e as dificuldades do seu cumprimento. É, ainda, possível mostrar que as cidades são regidas, na maioria das vezes, pelos mesmos valores capitalistas que regem nossa sociedade e, por isso, o acesso dos mais pobres aos serviços e a outros direitos urbanos é insuficiente. De outro lado, é possível mostrar alternativas, como ensinar os caminhos participativos colocados por nossa constituição, os direitos por ela assumidos e outras seguranças jurídicas.
1ª Etapa: Oficinas preparatórias
Oficinas realizadas com alguns professores envolvidos no projeto, de acordo com a disponibilidade e indicação da direção da escola, sobre os temas em questão.
Oficinas realizadas com os alunos do 6º ano do ensino fundamental (o 6º ano é apenas uma sugestão, que poder ser modificada se considerado válido), semanalmente ou quinzenalmente, em horários e datas definidos junto à direção da escola, sobre os temas em questão. As oficinas têm como suas principais características: exposição conceitual, de forma lúdica e com a linguagem adaptada à idade dos participantes, sobre a cidade, conceitos e suas principais questões, entre as quais, a questão fundiária e da propriedade, regulação urbana, limitações construtivas, espaços públicos e privados, memória urbana, patrimônio cultural. Ao final, será apresentada a ideia do direito à cidade.
2ª etapa: Elaboração das histórias
Elaboração das histórias para a confecção de um gibi sobre as aventuras da heroína Garota Reparo, cuja missão secreta é consertar os malfeitos na cidade. Os participantes das Oficinas irão escrever, em duplas ou grupos, as histórias, que deverão ser ambientadas nas cidades das crianças participantes, mais especificamente, no bairro a qual pertence a escola integrante do projeto. As histórias, depois de revisadas, serão reunidas em um gibi cuja proposta é sua publicação em mídia digital.
3ª etapa: Intervenção urbana: Brincando de Garota Reparo©
Caminhada com o grupo pelo bairro, onde se situa a escola participante, com adesivos que indiquem certo e errado. No percurso, além de explicações sobre a paisagem, serão identificados, pelos discentes, com a orientação dos professores, pontos que violam a ideia do direito à cidade, que serão marcados com os adesivos com a simbologia de negativo. Em sentido oposto, os pontos positivos serão marcados com os adesivos com os símbolos de positivo, "pode ser feito". Menção ao que nossa heroína faria.
Os adesivos ficarão ali, expostos, chamando a atenção dos passantes para o local. Os pré-adolescente e adolescentes, orgulhosos, com seus feitos, transmitem aos pais, familiares e amigos, o que aprenderam e, mais que isso, mostrarão sua intervenção na cidade. Esses por sua vez, contarão aos amigos e colegas de trabalho e o efeito multiplicador se processa.
Em outro sentido, o ato de interferir na cidade, cria o sentimento de pertencimento e identidade: eu fiz aquilo ali. A cidade é minha também e eu sou daqui.
OBS: Essas etapas foram pensadas para um contexto sem a pandemia de COVID-19, ainda presente em nosso país. No momento atual, estão suspensas à espera das condições adequadas para sua realização.
Recursos Necessários
A tecnologia social, As aventuras da Garota Reparo©, pode ser realizada sem grande aporte financeiro. Os próprios professores da escola, ou monitores em caso dos coletivos e ONGs, podem assumir as oficinas e a condução do projeto. Em todos os casos, é importante destacar a necessidade da previsão de alguns gastos apresentados no Quadro abaixo.
É muito importante destacar, que a tecnologia social pode ser implementada MESMO sem a existência da totalidade ou parte desses recursos, pensados para sua realização de modo ideal. Em falta da disponibilidade dos recursos, adaptações são possíveis. Entre elas:
1. A substituição da confecção de adesivos em gráficas especializadas, por desenhos realizados pelos alunos participantes e fita adesiva para sua colagem, no momento da Intervenção Brincando de Garota Reparo©;
2. A editoração e projeto gráfico pode ser conseguida em parceria com alguma empresa local ou ainda, realizada por alunos, adolescentes, que tenham aptidão e conhecimento em softwares, muitos são gratuitos, nesse processo.
3. A impressão dos gibis pode ser exclusivamente em meio digital/eletrônico.
ITEM VALOR UNITÁRIO QUANTIDADE VALOR TOTAL RECURSO
01 R$ 10,00 100 R$1000,00 Impressão dos adesivos para a Intervenção Brincando de Garota Reparo
02 R$5000,00 01 R$5000,00 Serviços gráficos e editoriais para a elaboração do gibi com As aventuras da Garota Reparo
03 R$ 45,00 250 R$9000,00 Serviços de impressão de 250 exemplares do gibi As aventuras da Garota Reparo .
Impressão de cada exemplar de gibi, com 50 páginas cada, em papel colorido, gramatura normal.
OBS: ESSE ITEM PODE SER DISPENSADO, CASO A OPÇÃO SEJA A PUBICAÇÃO DO GIBI APENAS EM MEIO ELETRÔNICO/DIGITAL.
04 R$1000,00 01 R$1000,00 Apoio à divulgação e lançamento do gibi
Total 01:
OBS: Considerando a impressão física dos gibis, o que pode ser dispensado, com a sua opção em meio digital. R$ 16000,00
Total 02:
OBS: Considerando aqui a impressão dos gibis em meio digital/eletrônico R$ 7000,00
Resultados Alcançados
Realização das Oficinas e da Intervenção Brincando de Garota Reparo, em 2018, em parceira com a Escola Municipal Ivo de Tassis, em Governador Valadares, Minas Gerais. Participaram cerca de 90 alunos, 5 professores e três monitores.
Elaboração do Gibi As aventuras da Garota Reparo, publicado em meio físico e lançado oficialmente em abril de 2019. Desse processo, participaram os mesmos 90 alunos e alunas e duas professoras, todos da Escola Municipal Ivo de Tassis. Foram impressas 250 unidades, distribuídas, primeiramente, entre os alunos e alunas, professores e professoras participantes do projeto, e posteriormente, doadas para as bibliotecas de outras escolas municipais, ONGs e coletivos da cidade.
Atualmente, está sendo necessária uma adaptação a essas atividades, tendo em vista o quadro da pandemia de Covid-19 instalado e continuado em nosso país. Vamos iniciar proximamente, a depender da adesão das escolas, atividades de interação, via tecnologias de comunicação. Essas atividades, irão substituir as oficinas presenciais, em um primeiro momento.
Sobre o perfil @asaventurasdagarotareparo na rede social INSTAGRAM alcançamos, em pouco tempo, 253 seguidores. São constantes, embora ainda em menor número que o desejado por nós, as interações em nossas pesquisas e enquetes. Vale dizer, que embora em número pequeno, nossos seguidores abarcam coletivos da cidade, professores da rede pública e privada, alunos e representantes políticos no cenário municipal. Entendemos, assim, que embora devagar, a Garota Reparo e suas aventuras já fazem a diferença na cidade de Governador Valadares, como referência sobre as cidades, os bairros e suas questões.
Nosso vídeo sobre o projeto, disponível no canal do Youtube do IFMG campus Governador Valadares, no link https://www.youtube.com/watch?v=JBrSg57pkQ4 , mesmo com nosso pequeno alcance de divulgação, recebeu no seu lançamento nas redes sociais, mais de mil visualizações.
Público atendido
Alunos do Ensino Fundamental
Alunos do Ensino Médio
Adolescentes
Diretor de Escola
Organização Não Governamental
Professores do Ensino Fundamental
Professores do Ensino Básico
Professores do Ensino Médio
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