Objetivo
Retomar, redescobrir a “Cultura da Beleza”, através da arte e da cultura, visando favorecer com que a criança e adolescente se manifestem, experimentem afetos e desafetos, se lancem, exercitem a própria identidade e articulem os desejos através de processos socioafetivos, pessoais e comunitários.
Problema Solucionado
O bairro Conjunto Felicidade, onde a instituição está localizada, apresenta uma população constituída por famílias que sofrem com a desigualdade social, precariedade no acesso à saúde, cultura, lazer e educação. A instituição visa possibilitar a ampliação de conhecimento com relação ao contexto em que vivem, e contribuir com a formação sociocultural e o acesso democrático às artes para as crianças e os adolescentes atendidos e, consequentemente suas famílias.
A educação através da arte estimula a sensibilidade, desenvolve a percepção, a imaginação, a observação e o raciocínio e transcende o ambiente da instituição. O belo é estimulado por meio das vivências nas oficinas de canto coral, cantiga de roda, arte em madeira / educação artística, ballet e recreação. A arte é um importante trabalho educativo, pois procura, através das tendências individuais, amadurecer a formação do gosto, estimular a inteligência e contribuir para a formação da personalidade do indivíduo, sem ter como preocupação única e mais importante a formação de artistas.
Descrição
Por que pensar na fruição do Belo quando as necessidades básicas da vida lhes são negadas? Essas e outras indagações foram apontadas inúmeras vezes quando buscamos recursos para implantar nas Obras Educativas um projeto que levasse à beleza aos beneficiários da instituição. É a partir desta realidade e necessidade que nasceu a parceria das Obras Educativas Jardim Felicidade com o BDMG Cultural, desde 1998 podemos proporcionar as nossas crianças e adolescentes a oportunidade de conhecer o belo e a se transformarem.
Trabalhamos a partir da educação para a realidade total, que por si mesma, é boa e bela, levando a criança e o adolescente a uma integração melhor com as pessoas, com a vida e com a arte: música, pintura, ballet, arte em madeira, visitas à museus e parques. Algo que é escasso na região onde vivem.
Educamos também com a socialização: brincadeiras, esportes, palestras e jogos. A partir destes encontros, relacionamentos e propostas, as crianças e os adolescentes têm contato com uma nova realidade, com o belo e, consequentemente, vão tendo a oportunidade de criar um juízo sobre aquilo que é bom ou ruim, que é feio ou bonito, que é finito ou infinito. Vão descobrindo que a vida também é feita de alegrias, felicidades, sorrisos e não só de mazelas e estigmas.
O que nos incentiva a trabalhar assim é perceber que, depois de algum tempo conosco, as crianças e os adolescentes vão descobrindo os seus valores e os seus dons. Percebem que a sua natureza é boa, é bela, capaz de criar, inventar e expandir, porque tiveram a chance de nos encontrar e agora podem comparar. Imaginemos se esta ou aquela criança e adolescente não tivessem nos encontrado. Que perspectiva de vida elas teriam?
Normalmente, os projetos sociais são só de comida, de roupa ou de urbanização. Quando foi pensado em um projeto de arte, não conseguíamos apoio. Parece que arte era algo supérfluo para o pobre. Será que o pobre não tem direito à arte e à beleza? Ele só tem acesso ao que passa na TV, se não oferecemos outra coisa de bonito, eles não conhecem.
A metodologia de intervenção parte, em primeiro lugar, da Centralidade da Pessoa, colocando-a no centro de cada decisão e ação em sua totalidade. No contexto social em que atuamos é essencial o segundo pilar do método: Partir do Positivo, considerando a riqueza que está contida em cada pessoa e cada comunidade, valorizando suas capacidades criativas e construtivas, sua própria história, as relações existentes, ou seja, o tecido social e o conjunto de experiências que constituem o seu patrimônio de vida. A ação nasce do que existe e não do que falta. Para que esta construção se torne frutífera é preciso Fazer Com as pessoas, através da modalidade propositiva e participativa, desenvolvendo o protagonismo e capacitando-os para serem sujeitos de seu próprio desenvolvimento.
Seis (6) oficineiros são responsáveis pela preparação e execução das oficinas, cada um deles têm o seu planejamento de aula, que foi preparado com a coordenação. As crianças e adolescentes podem sugerir e dar opiniões sobre o andamento das aulas e que caso sejam pertinentes e favoráveis para o grupo será adotada. Mensalmente os oficineiros colocam em forma de relatório o trabalho realizado e a experiência vivida com as crianças e adolescentes. Esse relatório é enviado na prestação de contas mensal.
Ofertamos possibilidades concretas de fortalecimento de vínculos familiares e motivamos as famílias a realizarem atividades culturais com seus filhos fora da instituição. É realizado esporadicamente oficinas Pais e Filhos onde as famílias das crianças e dos adolescentes são convidadas a participarem com os seus filhos nas atividades propostas.
É realizado também o acompanhamento familiar através de encontro com as famílias, atendimento individual e visitas domiciliares. Ser companhia da família no percurso educativo de seus filhos significa para nós promover “o tecido humano” que compõe nossa sociedade.
Como contrapartida a instituição disponibiliza recursos humanos que envolvem a gerente administrativa, a coordenadora educativa, a gerente contábil, a assistente administrativa e a agente de ação social; pagamento de tarifas concessionarias; espaço físico para a realização das oficinas; espaço físico para guardar a materialidade, garantindo a qualidade e alcance dos objetivos da tecnologia social.
Recursos Necessários
Partindo do ponto que nossa Tecnologia Social utiliza uma metodologia socioeducativa, precisamos instrumentalizar os atores a ensinar o pensamento e visão crítica da realidade onde os educandos vivem; de forma a despertar o interesse e seu significado, com um olhar amplo que examine todos os seus aspectos, sem exclusões, sem abandonos e sem preconceitos. Para tanto, seriam necessárias formações para semear nosso método e trocas de experiências a partir de rodas de conversas, encontros sistemáticos de forma a capacitá-los a replicar nossa metodologia, pois acreditamos que a riqueza do trabalho desenvolvido pelas Obras Educativas está na forma como a filosofia e a metodologia se concretizam no atendimento as crianças e adolescentes, bem como as suas famílias.
Além das formações, serão necessárias as contratações dos oficineiros, compra da materialidade necessária a cada oficina, espaço onde se realizará a mesma, acompanhamento da coordenação para desenvolvimento das ações a serem desenvolvidas, acompanhamento familiar, somadas a contra partida de pessoal da instituição e também das tarifas concessionarias.
Resultados Alcançados
A resposta para as indagações vem do resultado transformador dos incontáveis ganhos que ao longo dos anos o trabalho proporcionou: desenvolvimento do amor-próprio, alegria de viver, convivência melhor com a família, aumento da disciplina, amizade entre as crianças e adolescentes, acesso a diferentes espaços da cidade, estímulo e amadurecimento do gosto pela beleza, convivência familiar, desenvolvimento das habilidades de coordenação motora, desenvolvimento socioafetivo, acesso gratuito as oficinas: ballet, arte em madeira, musicalização, capoeira, violão, teatro, flauta, educação artística e muito mais.
A conclusão que temos desse cuidadoso trabalho, é que depois de 25 anos da sua implantação, o contato com o Belo plenifica a alma, mesmo em situações em que as necessidades básicas não são inteiramente supridas. Do ponto de vista social, o trabalho revela a nós, as crianças, os adolescentes e suas famílias que a Beleza, universalmente buscada, também se manifesta em algo tão acessível e corriqueiro.
Os registros são feitos através de rodas de conversas aonde as crianças e adolescentes possam verbalizar aquilo que aprendem nas oficinas, desenhos, brincadeiras, relatórios dos oficineiros e educadoras e registros audiovisuais.
A cada ano são acompanhadas cerca de 420 crianças e adolescentes e 382 famílias.
Público atendido
Adolescentes
Crianças
Famílias de Baixa Renda
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