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Quando o encontro do passado e do presente reconstrói a história.

25 de agosto de 2020
por Escrito por Camila Maxi


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A vida é repleta de acontecimentos alegres, tristes, lembranças marcantes e fatos históricos. E se existisse um museu para reunir tantas memórias de cidadãos comuns, famílias e grupos sociais? Este é o objetivo do Museu da Pessoa, um espaço virtual e colaborativo que coleciona as mais diversas recordações.

A certeza de que a narrativa histórica tem um papel valioso no desenvolvimento social do país e de que cada pessoa pode ser produtora, guardiã e difusora de sua própria história, motivou o Museu da Pessoa a construir um conjunto de conceitos, princípios e práticas que contribuem para a ampliação do número de autores na história.

Em 2008 a Fundação Banco do Brasil convidou o Museu da Pessoa para desenvolver uma tecnologia que estimulasse comunidades, organizações da sociedade civil e empresas de diferentes locais, perfis e trajetórias a construírem, organizarem e socializarem suas histórias, valorizando as experiências e os saberes das pessoas. Uma metodologia para ser aplicada em larga escala, com boa relação custo-benefício e que gerasse desenvolvimento social. Assim nasceu a Tecnologia Social da Memória, que sistematizou 20 anos de estudo, reflexão e práticas de registro e produção de narrativas históricas.

Tecendo histórias

A Tecnologia Social da Memória inclui três etapas fundamentais que se complementam. Esse percurso acontece em diferentes dimensões e cada pessoa ou grupo constrói, organiza e socializa sua própria história. Esta narrativa se relaciona com outras e compõe uma trama coletiva. Essa, por sua vez, faz parte de uma rede mais ampla de histórias dos indivíduos e grupos que compõem a sociedade atual.

Um grupo mobilizado se reúne para discutir o projeto de memória que querem realizar. Se a memória a ser registrada será da sua organização, da comunidade, de um tema específico ou um marco histórico significativo para o conjunto das pessoas. Juntos vão construir o projeto, elaborar um plano de ação para sua implantação e com o uso das metodologias oferecidas na Tecnologia Social da Memória, definem as fontes (pessoas, fotos, documentos), as formas de construção das histórias de vida, as técnicas de registro das narrativas em vídeo, áudio ou texto e os produtos que vão produzir para divulgar a narrativa.

“O Museu da Pessoa realiza projetos para a disseminação da Tecnologia Social da Memória em escolas públicas, organizações sociais e empresas. Os projetos são de estudo de territórios, de articulação de redes e de formação de públicos interessados em conhecer e se apropriar da metodologia de construção coletiva de projetos de memória”, explica Sônia Helena Dória London, coordenadora Educativa do Museu da Pessoa.

Em 10 anos, mais de 250 organizações sociais e cerca de 150 líderes comunitários utilizaram a técnica para realizar seus projetos de memória. Além de ser utilizada em 1.500 escolas, com 500 educadores e 56 mil estudantes.

entrevista de moradora de comunidade noPara

Certificação

Reconhecido no Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2019, o Museu da Pessoa tem disseminado essa tecnologia social para instituições e grupos realizarem seus projetos de memória. “Fazer parte da rede de instituições Banco de Tecnologias Sociais potencializa o valor da metodologia e amplia a capacidade de divulgação e de alcance da Tecnologia Social da Memória para várias localidades. A certificação concedida e o uso do Selo de Certificação de Tecnologia na comunicação institucional fortalecem e legitimam o Museu da Pessoa como uma organização social que produz ações efetivas e soluções inovadoras e reaplicáveis de transformação social”, comemora Sônia.

Conquista no espaço acadêmico

Em 2009 a metodologia foi aplicada em um projeto de pesquisa sobre a autonomia política do Distrito Federal em parceria com a Fundação Banco do Brasil e a Abravídeo. A iniciativa resultou na publicação Tecnologia Social da Memória para Comunidades, Movimentos Sociais e Instituições Registrarem suas Histórias.

No ano de 2016, a Tecnologia Social da Memória foi estudada pela professora Joanne Garden Hansen e pela diretora presidente do Museu da Pessoa, Karen Worcman. Este estudo gerou a publicação Social Memory Technology: Theory, Practice, Action pela Universidade de Warwick, no Reino Unido.

“Também incluímos projetos de formação na Tecnologia Social da Memória no Plano Anual de Atividades do Museu da Pessoa, que regularmente recebe o apoio das leis de incentivo para disseminarmos a metodologia em âmbito federal, estadual e municipal”, finaliza a coordenadora.

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