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Famílias quilombolas preparam alimentos com economia e sustentabilidade no Sertão

25 de maio de 2023
por Araripina em Foco

No contexto da convivência com o Semiárido aparecem as Tecnologias Sociais que cumprem um papel importante na vida de milhares de famílias rurais, especialmente no cotidiano das mulheres, que em grande parte, se dedica aos afazeres domésticos. E nessa perspectiva, o Projeto Recupera Caatinga, que conta com o patrocínio da Petrobras, entregou nove biodigestores nas comunidades quilombolas de Jatobá II, município de Cabrobó, e Cupira e Inhanhum, na cidade de Santa Maria da Boa Vista, sendo três em cada uma delas.

Os biodigestores aproveitam os dejetos animais para a produção de biogás, evitando a degradação de matéria orgânica animal e liberação de metano, um gás de efeito estufa, na atmosfera. Para Maria Ozeilde, moradora de Jatobá II, a tecnologia foi importante porque contribuiu com a questão ambiental e impactou na renda familiar. 'O biodigestor foi algo nunca imaginado nessa comunidade, pois não tínhamos conhecimento de uma tecnologia que transformava esterco bovino em gás. Estamos conseguindo economizar ao final de cada mês. Além disso, o gás produzido é limpo e sustentável', destaca.

Durante um período de seis meses, as tecnologias foram implantadas por pedreiros das localidades que participaram das capacitações promovidas pelo projeto, para aprender sobre as etapas do processo de construção e gestão do biodigestor. As formações envolveram ainda as famílias beneficiárias. O morador de Inhanhum, Rogério Torquato, se considera contemplado duplamente, uma vez que participou do curso e também foi beneficiado. 'O biodigestor para mim foi a realização de um dos meus objetivos. Apareceu na comunidade a oportunidade de aprender a construir e também de receber a tecnologia. Então além da produção do gás, agora temos o biofertilizante para adubar as plantas e as hortaliças do meu quintal', revela.

Outro dado importante é que os biodigestores implantados nos três quilombos possibilitaram inclusive ampliar e incrementar o cardápio familiar. 'Passamos a fazer bolos com mais freqüência sem aquele receio do gás acabar durante o cozimento. A nossa única preocupação é fazer o aproveitamento do esterco que temos disponível na comunidade e abastecer o biodigestor. Cada vez que faço isso, já imagino a quantidade de gás que vamos conseguir produzir', complementa Rogério.

Após a implantação nas comunidades foi observado o aumento da visitação de pessoas com o desejo de acompanhar o funcionamento do biodigestor, nesse sentido, a expectativa do projeto é também desenvolver parcerias locais no sentido de expandir a ação para outras famílias.