Problema Solucionado
Ao desenvolver a TS Adolescentes Protagonistas em uma escola, identificamos um grupo de adolescentes profundamente afetados por notícias nos jornais que os ofendiam, sendo que a mídia não os escutava. O problema resolvido foi a conquista de espaço na mídia (uma mídia própria) que respeita as diversas vozes, opiniões e posições dos adolescentes, especialmente de periferia. A Descolad@s é toda feita por adolescentes e jovens e, neste sentido, garantimos a repercussão de imagens positivas dos jovens.
Nas oficinas de comunicação, eles ressaltaram que o jovem pouco aparece na mídia e quando aparece ou é associado à violência, ou é de forma fútil em revistas especializadas que tem caráter comercial e consumista.
A revista Descolad@s foi uma resposta a este vazio e ela tem servido como material pedagógico nas escolas. A revista não tem a pretensão de ser dona da verdade, mas de ser provocadora do movimento de ideias e é centrada na lógica dos direitos humanos.
Como a revista publica dados orçamentários, ela exige que os adolescentes pesquisem o orçamento público do DF com relação aos diversos temas, e assim, façam o controle social sobre as políticas públicas que os interessam.
Descrição
Após um episódio que colocou determinada comunidade escolar diariamente na mídia, numa abordagem que ofendia à comunidade inteira, os adolescentes fizeram um evento na escola para provocar uma reflexão sobre os fatos, convidando a mesma mídia que os mostrava como pessoas problemáticas. A mídia não compareceu. Suas vozes não queriam calar. Inspirados na revista Viração pensamos em criar um veículo que mostrasse uma imagem dos/as adolescentes (especialmente de periferia) como pessoas sérias, que têm boas ideias, preocupação com suas comunidades, como pessoas talentosas e solidárias. O mais importante é que falassem de suas realidades do ponto de vista deles/as mesmos/as. Criamos então, sem dinheiro, a ideia de fazermos uma revista. Ao longo do processo buscamos parcerias e conseguimos publicar o primeiro número com apoio do Conanda - Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente.
Para escrever, os adolescentes passaram por muitas oficinas e formações para garantir um olhar respeitoso sobre os direitos humanos. Todos os temas (a pauta da revista) são escolhidos por eles em reuniões periódicas. O lançamento da primeira edição da revista Descolad@s na Câmara dos Deputados foi amplamente noticiada pela mídia e, os meninos e as meninas que figuravam na mídia como pessoas inadequadas, apareceram com muito mérito, como autores de um trabalho sério e bonito.
O trabalho exige muito esforço e estudo por parte dos adolescentes e além de tudo, a revista passou a ser material pedagógico nas escolas e foi até usada na formação de orientadores escolares.
Recursos Necessários
A revista é um trabalho pedagógico baseado em formação em direitos humanos e orçamento público. O material necessário é material da formação básica em Direitos Humanos, Orçamento Pùblico e Comunicação. Usamos papéis diversos, tintas, canetões, e alguns filmes (DVDs) que debatem os temas específicos em questão e o Estatuto da Criança e do Adolescente e a Constituição Federal. Para o trabalho de elaboração da revista usamos câmaras fotográficas, gravadores e computadores.
Na etapa de impressão - os recursos gráficos.
Resultados Alcançados
A revista elevou a auto estima dos alunos da escola que estava em foco na mídia de modo negativo.
Hoje os adolescentes estão mais maduros e conscientes de seus direitos, ocupando espaços públicos com propriedade para debater sobre problemas sociais e a situação orçamentária de cada ação que lhes interessam.
Adolescentes solidários que compreendem outros contextos e caminham lado a lado com as diversidades humanas.
Com a revista os/as adolescentes aprendem a dialogar mais e modificam suas relações nas famílias e nas escolas e em seus outros espaços de convivência social.
A revista foi adotada por alguns professores como material pedagógico em toda a escola.
A revista orientou o Conselho Tutelar de Brasília a lidar com um caso que envolvia crianças indígenas e escola. A partir da matéria Direitos em Movimento, o conselheiro tutelar convocou uma comissão intersetorial incluindo Conselho Tutelar, Funai - Fundação Nacional do Índio e a Secretaria de Educação para encontrar solução para tal problema.
A revista impactou de um modo especial, adolescentes que cumprem medida socioeducativa (um dos grupos integrantes do projeto), que passaram a compreender o papel da comunicação e do diálogo para as suas conquistas pessoais e coletivas.
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