Problema Solucionado
Muitos bairros da cidade de Juiz de Fora não apresentam possibilidades, além da escola, para crianças e jovens desenvolverem seu potencial artístico e cultural, não contribuindo para a formação integral do sujeito e o desenvolvimento pleno de suas potencialidades.
Tal situação acaba por engrossar o número de pessoas envolvidas em problemas de natureza social, tais como: gravidez precoce, uso de drogas, atividades ilegais, doenças sexualmente transmissíveis, subemprego, e outros. Nas áreas onde podemos observar tais problemas é grande a concentração de pobreza e mínimo o acesso dos jovens à arte e cultura.
O programa “Gente em Primeiro Lugar” acredita em uma saída viável e eficiente para a solução desses problemas, estimulando a atividade e a produção cultural e artística.
Descrição
Para a definição dos bairros ou comunidades atendidos, observam-se os seguintes critérios:
- Caracterização e perfil da população;
- Ausência de projeto social ou educacional similar na região;
- Demanda;
- Existência de espaço adequado para a oficina ou modalidade a ser instalada;
- Parceria com a comunidade;
- Disponibilidade de recursos financeiros e interesse por parte dos responsáveis pelos respectivos locais.
Primeiramente, a coordenação entra em contato com as lideranças comunitárias, que manifestam se há interesse da comunidade em participar do programa. Após visita aos locais de parceria e adequação aos critérios de atendimento, o programa divulga as turmas e horários disponíveis na determinada região e abre inscrições para o inicio das atividades. Vale lembrar que cada comunidade tem um perfil diferenciado, podendo haver mais adesão a uma determinada oficina do que por outra. Assim, o trabalho de campo também se responsabiliza em saber que tipo de oficina atenderá às reais necessidades e demandas de uma ou outra comunidade.
O Programa “Gente em Primeiro Lugar” funciona com oficinas de dança, teatro, capoeira, artesanato (tapeçaria, trabalhos manuais, reciclagem, pintura em materiais diversos), artes visuais (pintura, desenho, grafite, quadrinhos), música (musicalização, flauta, canto coral, percussão) e hip-hop, que são oferecidas às comunidades carentes da cidade de Juiz de Fora. As oficinas são divulgadas nas escolas municipais, estaduais e em seu entorno, para toda a comunidade. A comunidade é envolvida ao participar, cedendo espaço das associações de bairros ou formalizando parcerias através das paróquias, que disponibilizam seus salões para a realização das atividades. As aulas são ministradas por articuladores culturais, selecionados através de edital específico, em dois encontros semanais com 1h20min de duração cada.
O diferencial do projeto é sua abordagem, executada por uma Fundação Municipal de Cultura (e não por secretarias de esportes e/ou assistência social como é geralmente realizado). O programa visa educar, valorizar o talento individual e despertar nas crianças e adolescentes a visão artística, tratando a cultura como um direito e importante instrumento catalisador no processo de formação do cidadão. Seu objetivo final é abrandar os problemas sociais decorrentes da situação de vulnerabilidade em que se encontram. Além disso, o projeto lida diretamente com a comunidade, incluindo-a no processo e utilizando seus próprios espaços e estrutura para a realização das oficinas.
Recursos Necessários
Além do espaço físico para as aulas, cedido através da parceria com a comunidade, os recursos materiais variam de acordo com cada oficina.
- Oficinas de música: flautas (uma para cada aluno);
- Oficinas de dança: som (um para cada oficina);
- Oficina de artes: materiais diversos para pintura, desenho e grafitagem;
- Oficinas de artesanato: materiais diversos (dependendo da atividade realizada);
- Oficinas de teatro: elementos de cenografia e figurino;
- Oficinas de capoeira: uniforme e instrumentos musicais.
O uniforme do programa é distribuído para todos os alunos atendidos.
Resultados Alcançados
O Programa possui 25 articuladores com nove turmas. Cada turma tem dois encontros semanais, perfazendo um total de 24 horas semanais dedicadas às crianças e adolescentes em situação de risco, levando arte, cultura e cidadania à comunidades desprovidas de qualquer acesso cultural. Hoje, são atendidos 3.025 jovens de toda a cidade em 50 locais distintos. O programa atende desde novembro de 2009 e, hoje, já vê frutos do incentivo dado às crianças atendidas. Em 2011, devido à demanda de continuidade e módulos avançados das oficinas já existentes, foram criados os grupos especiais, onde os alunos que se destacam nas oficinas dos bairros são convidados a participar de turmas mais avançadas. Nesse processo surgiram o "Grupo Batuque da Gente", a "Orquestra de Flautas" e o "Grupo de Dança do Programa Gente em Primeiro Lugar". Os alunos convidados recebem vale-transporte para assistirem às aulas. Os alunos de artes plásticas são encaminhados para receberem aulas mais avançadas na área.
As comunidades têm sentido melhora no comportamento das crianças, que têm maior frequência e melhor rendimento escolar. É notável a melhora na autoestima dos alunos, que estão mais confiantes e envolvidos nas atividades. Grande parcela deles estão participando dos módulos avançados das oficinas e até de outros programas e escolas específicas de música, dança, artes visuais e teatro da cidade. O Programa recebe constantemente cartas dos pais e responsáveis relatando o avanço e interesse das crianças pela arte e cultura, diminuindo a frequência nas ruas e evasão escolar.
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