Problema Solucionado
Em 2007, a ONG Centro Cultural Escrava Anastácia, foi solicitada com a demanda de 23 jovens que estavam na lista de morte do narcotráfico. O Estado, outras instituições, não conseguiam lidar com tal questão. O Procurando Caminho dava seus primeiros passos, trabalhando sem paredes de instituições com os jovens, levando para exercer seu direito de mobilidade urbana, conhecendo novas possibilidades, esportes, cativando a cultura local e pensando em conjunto o exercício de cidadania. Assim, aos poucos, a questão foi solucionada, de 23 jovens dois cumpriram Liberdade Assistida, e os outros inseriram no sistema educacional e no mercado formal de trabalho, alguns destes trabalham no Procurando Caminho, agora auxiliando em novos trajetos de outros jovens. O narcotráfico possui comandos rigorosos em algumas favelas e comunidades, inserindo a juventude que possui desistência no sistema educacional e redução de chances de inserção no mercado, assim, alinham sua remuneração ao tráfico de drogas. Um público de atendidos com especificidades únicas, comunidades com alto grau de violência estrutural, políticas públicas que visam a repressão mais do que o olhar em prevenção social a criminalida
Descrição
Para implantação da tecnologia é necessário analisar o território, entender a dinâmica sócio criminal do local, os personagens de liderança, as redes de proteção social que já existem, o histórico da comunidade, a estrutura de organização comunitária. Sendo assim, entender muitos aspectos do local para atuar com o público proposto. Após este relatório de implantação, pensar nas estratégias, que mudam de acordo com cada território, buscar parcerias dos locais e possíveis articuladores sociais. O articulador social será o educador de esporte e também a ponte com a comunidade, escolhemos sempre lideranças comunitárias, de preferencia lideranças jovens. Com o articulador social estabelecido inicia-se os treinos de esporte, geralmente feitos no dia de "folga" do público que trabalha no narcotráfico e também com negociação com o "comando criminal" para a liberação dos jovens interessados, aqui construímos em conjunto. Os treinos de esporte nos dão suporte para a vinculação dos jovens, também o usamos para a escuta ativa das questões individuais. Com o treino, e articulador estabelecidos iniciamos a saída. Neste eixo, exercemos o direito do adolescente e jovem a circular pela malha urbana, direito que é negado pela violência estrutural, nas saídas a prática de esportes radicais faz seu papel em adrenalina e percepção do corpo. Com algum tempo de atuação a equipe técnica consegue inserir e ter melhores visões sobre o local, sendo acompanhado todo mês por um relatório de análise, levantamos dados para o trabalho e levantamos demandas diretas e indiretas que são trabalhadas em atendimentos grupais e individuais, também em projetos temáticos. Nos atendimentos individuais fazemos pontes com outras instituições para aproximar ao máximo o atendido das redes de proteção social, focando em reinseri-lo no sistema educacional e no mercado de trabalho se esta for a vontade do jovem. No eixo de atendimento grupal e projetos temáticos, trabalhamos a comunidade como um todo, com formações políticas, aumento do capital social, projetos culturais para debater temáticas dos propulsores da criminalidade, estruturação de demandas da comunidade como um grupo total.
Apenas olhar para o jovem não soluciona a retirada dele no narcotráfico, é necessário olhar para o território como um organismo vivo. Trabalhamos sem paredes, na quadra da escola, na rua, no terreno que está vago, na pluralidade e possibilidades do local de moradia deste jovem. Atendemos em pontos de venda de droga quando o jovem não pode sair de lá, a família dentro de seu lar. Provocamos a rede que se nega a subir nos morros por medo e preconceitos. O trabalho para ser efetivado deve ser olhado de forma sensível e horizontal, a fala deve ser aberta para todos e escutada pela equipe técnica. O modelo "educacional" deve beber da fonte da educação popular o máximo possível. A prevenção social a criminalidade deve ser entendida como um modelo melhor que a repressão colocada pela segurança pública.
Assim, a metodologia se dá em quatro eixos: Esporte, Saída, Atendimentos e projetos. Visamos que esta é a forma mais adequada para os resultados e para o trabalho de alta complexidade.
Recursos Necessários
Toda a outra estruturação pode ser feita a partir de parcerias com os locais da comunidade. O espaço físico para atendimento se dá na rua ou em alguma instituição, a prática de esporte é realizada em quadras públicas ou em locais de parceria.O custo se dá em projetos locais e na prática de esporte nas saídas (surf), além do notebook.
Resultados Alcançados
Atualmente atendemos 6 territórios, totalizando 230 adolescentes e jovens de 12 a 27 anos. Destes seis territórios em quatro não possuem nenhuma rede de proteção social a juventude, sendo o Procurando Caminho o único a atuar, em 2 territórios a rede pública de CRAS não sobe no local por segurança. No último ano (2018) acompanhamos até a inserção no sistema educacional 21 adolescentes e jovens que haviam desistido de estudar, empregamos no mercado formal 7 adolescentes e jovens. Atuamos nos Centros Comunitários e fazemos levantamento de demanda para buscar parcerias que vão além do trabalho direto com a juventude. Conseguimos mediar com o narcotráfico regras para suas festas que incomodavam a comunidade em geral e atraíam a repressão policial que reverberava para quem não era envolvido diretamente. Reformamos o Centro Comunitário e trabalhamos a sensibilização da importância da união da comunidade, auxiliamos dois produtores culturais da comunidade para não atrelar seu projeto ao financiamento do narcotráfico e buscar vias legais, atendemos constantemente demandas de jovens foragidos e sensibilizamos para que cumpram a lei, atuamos em projetos de violência policial com formações e ações culturais que alinham a cultura da paz como pilar.
Todo o projeto possui instrumentais para acompanhamento. Fichas cadastrais com dados que possibilitam pensar no perfil do público, fichas de presença que qualificam as atividades como atrativas ou não, relatório mensal do território, relatório mensal de acompanhamento dos articuladores, relatório mensal feito pelos articuladores, transformando no relatório geral de acompanhamento.
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