Resumo
O Programa P (P de Pai, no Brasil; Padre, na América Latina) é uma tecnologia social
desenvolvida pelo Instituto Promundo, em parceria com organizações internacionais, como
parte da campanha global MenCare. Criado a partir de evidências de pesquisas como o estudo
IMAGES (International Men and Gender Equality Survey), o Programa P responde à
necessidade de ampliar a participação dos homens no cuidado e na vida familiar, articulando
paternidade, autocuidado e equidade de gênero.
Sua metodologia propõe a criação de espaços reflexivos e educativos nos quais pais e futuros
pais possam discutir masculinidades, saúde, cuidado infantil, divisão das tarefas domésticas e
prevenção da violência. O Programa P é destinado a profissionais da saúde, da educação e
trabalhadores(as) comunitários(as), oferecendo instrumentos práticos para envolver os
homens como aliados no desenvolvimento infantil, no bem-estar das mulheres e no
fortalecimento de vínculos familiares.
Adaptado e implementado em diferentes países e contextos, o Programa P tem se consolidado
como referência internacional. Em 2020, diante da pandemia de COVID-19, foi lançado em
versão online, alcançando centenas de homens em grupos virtuais de WhatsApp. Esse
formato mostrou a flexibilidade da metodologia e sua relevância em situações de crise.
Objetivo
❖ Estimular o exercício da paternidade, incentivando autoconfiança e eficácia no
cuidado.
❖ Contribuir para o desenvolvimento integral de filhos e filhas.
❖ Promover a igualdade de gênero na relação com as mães e no compartilhamento das
responsabilidades domésticas.
❖ Prevenir a violência contra mulheres e crianças, incentivando relações respeitosas e
não violentas.
❖ Apoiar o setor público com ferramentas que envolvam os homens na saúde infantil,
no planejamento reprodutivo e no autocuidado.
❖ Incentivar mudanças culturais que reconheçam a corresponsabilidade de homens e
mulheres no cuidado.
❖ Incentivar o autocuidado como prática fundamental para a promoção da saúde e do bem-estar masculino.
Problema Solucionado
Historicamente, a masculinidade foi associada ao papel de provedor e ao distanciamento
emocional, enquanto o cuidado doméstico, a saúde reprodutiva e a criação dos filhos foram
atribuídos quase exclusivamente às mulheres. Isso resultou em desigualdade de gênero,
sobrecarga feminina, ausência paterna na vida das crianças e dificuldade dos homens em
cuidar de si mesmos.
Apesar de avanços nas últimas décadas, ainda existem barreiras socioculturais que limitam a
participação ativa dos homens no cuidado. A expectativa de vida masculina é
significativamente menor, em parte pela falta de autocuidado e pelo acesso tardio aos
serviços de saúde. Crianças e adolescentes, por sua vez, perdem vínculos importantes quando
crescem sem modelos paternos envolvidos.
O Programa P foi desenvolvido justamente para enfrentar essas desigualdades, engajando os
homens como pais e cuidadores responsáveis, promovendo relações de gênero mais
equitativas e incentivando práticas de cuidado que beneficiam mulheres, crianças e os
próprios homens.
Descrição
O Programa P consiste em um manual e metodologia participativa para o trabalho com pais,
futuros pais e figuras paternas em diferentes contextos familiares. Seu foco é criar espaços de
diálogo nos quais os homens possam refletir sobre suas experiências, desafios e expectativas
em relação à paternidade e ao cuidado.
As atividades combinam grupos reflexivos, oficinas educativas e campanhas comunitárias, e foram concebidas para facilitar a discussão de temas como: masculinidade, saúde do homem, saúde sexual e reprodutiva, violência, divisão das tarefas domésticas e vínculos afetivos com filhos e filhas.
A metodologia é estruturada no ciclo SEPA (Sensibilização, Engajamento, Participação e
Avaliação):
● Sensibilização: Sensibilização do poder público e local e de lideranças sociais, mobilização de profissionais para reconhecer o papel paterno.
● Engajamento: Mobilização comunitária, aproximação dos homens às atividades por meio de vínculos de confiança.
● Participação: Encontros presenciais ou online em grupos reflexivos, com uso de
recursos como áudios, vídeos, cartilhas, dramatizações e debates.
● Avaliação: Aplicação de questionários de linha de base e final, além de métodos qualitativos, para medir mudanças em atitudes e práticas de cuidado.
Durante a pandemia, o Programa P foi adaptado para formato online, com encontros
mediados por aplicativos como o WhatsApp. Essa versão virtual ampliou o acesso dos pais às
discussões, garantindo continuidade metodológica em contextos de isolamento social.
Recursos Necessários
A principal inovação do Programa P está em envolver homens em temas tradicionalmente
considerados femininos, como saúde materno-infantil, cuidado diário e divisão de tarefas
domésticas.
Para isso, são utilizados recursos lúdicos e pedagógicos que favorecem a participação:
❖ Oficinas e grupos reflexivos em formato presencial ou online.
❖ Materiais educativos como manuais, cartilhas, vídeos curtos, podcasts e banners
digitais.
❖ Campanhas comunitárias que dialogam com a realidade local, elaboradas junto aos
participantes.
❖ Formação de facilitadores(as) em gênero, paternidade e cuidado, garantindo
sensibilidade e preparo para lidar com temas pessoais e delicados.
❖ Espaços seguros e inclusivos que favoreçam a troca de experiências e a construção de
alternativas de paternidade positiva.
Resultados Alcançados
No âmbito da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), cerca de 15 mil profissionais têm sido mobilizados para a temática da paternidade e cuidado por meio do Programa P. A iniciativa apresenta impactos positivos em diferentes dimensões:
Crianças: maior segurança emocional, melhor desempenho escolar e menor exposição à violência quando contam com pais ou figuras paternas envolvidas.
Mulheres: redução do estresse, maior apoio emocional e equilíbrio na divisão das responsabilidades familiares.
Homens: ganhos em saúde física e mental, fortalecimento de vínculos afetivos e ampliação da corresponsabilidade no cuidado.
No Brasil, o Programa P foi incorporado à PNAISH, inspirando políticas como o Guia do Pré-Natal do Parceiro (Ministério da Saúde). Desde 2020, sua versão online já alcançou centenas de pais em diferentes regiões, comprovando flexibilidade e adaptação a novos contextos.
No cenário internacional, integra a campanha MenCare, presente em dezenas de países, sendo reconhecido como tecnologia social estratégica para promover masculinidades cuidadoras, reduzir desigualdades de gênero e fortalecer políticas públicas voltadas à saúde, à infância e à família.
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