Problema Solucionado
“Criar a Ciranda: cadeirinha para o chão” foi uma resposta à necessidade das crianças deficientes físicas em sua dificuldade de sentar. Não sentar representa uma série de perdas de vivências típicas da primeira infância, gerando atrasos secundários, não por deficiência cognitiva, na maior parte dos casos, mas por ausência de concretização de conceitos pedagógicos aprendidos quando se brinca. Brincar na primeira infância é, sobretudo, correr e brincar sentado. Estas crianças sofrem uma enorme desvantagem, quando não encontram no que é possível para elas, um equipamento específico na posição de sentadas. Este atraso reflete insegurança nos pais e educadores quanto à capacidade intelectual, de socialização e de inclusão das crianças. Isto se repete quando incluídas nas instituições de ensino e, finalmente, na mudança de horizonte que representa olhar para suas eficiências, e não para as deficiências.
Descrição
As andanças na pesquisa do projeto Carteira Escolar Inclusiva, primeiro produto de design universal da Noisinho da Silva, realizada em 28 escolas de Belo Horizonte, indicaram a demanda dos pais, educadores e profissionais de terapias por um equipamento que auxiliasse as crianças de 1 a 6 anos a se sentar. O fato de se sentarem facilita a inclusão em casa e nas escolas infantis, além de trazer benefícios à saúde e à aprendizagem. Vimos, neste momento, soluções artesanais, como calça jeans acolchoada, balde cortado no formato de cadeira e, na maioria dos casos, a dependência dos cuidadores e/ou assistentes dos professores. Existem também soluções de outros países que dependem do poder aquisitivo e, nem sempre, são apropriadas aos problemas que se quer solucionar. A Ciranda é uma solução de equipamento nacional, e factível a custo razoável. Sua reaplicabilidade pode se estender a todo território nacional, além de significar uma alternativa de geração de renda. “A criação da Ciranda: cadeirinha para chão” foi feita em um ano de trabalho da equipe da Noisinho da Silva, inclusive o projeto e captação de recursos para a Oficina da Ciranda. A Oficina da Ciranda veio como consequência do trabalho de pesquisa antropométrica feita em 300 famílias carentes de Belo Horizonte. Como estas famílias poderiam ter o produto? Por se tratar de um público pobre, pensou-se em convidá-los a fabricar o equipamento Ciranda para seus filhos. Desta forma a doação da cadeira seria através do trabalho, comprometimento e participação dos pais. A Oficina foi pensada e é realizada para a família, pais e ou responsáveis, seus filhos deficientes ou não e profissionais da comunidade dispostos a doar seu trabalho. Foram envolvidos: o poder público, através dos programas da assistência social, MURIKI e Casa de Brincar, além de um número expressivo de voluntários, sobretudo jovens. Este voluntariado jovem é estimulado pela ONG Noisinho da Silva para formar e multiplicar os agentes da inclusão na sociedade. Outros parceiros institucionais, apoiadores e patrocinadores se juntaram à causa da inclusão que beneficiou famílias carentes de Belo Horizonte e, esperamos de todo o país.
Recursos Necessários
Para o núcleo de marcenaria é preciso: chapas de MDF, parafusos, cavilhas, lixas de madeira, grosas, limas, cola branca, tecido, espuma e muita dedicação e trabalho!
Para o núcleo cultural depende da solicitação local. Como incentivamos a cultura da comunidade, algumas pedem tinta de corpo, outras papelão, cola, cartolina, livros, giz de cera, palitos de picolé... Música, contação de histórias, teatro, fantoches e filmes são atividades sempre presentes nas Oficinas. Enfim, o que for preciso para passar a todas as crianças as estórias e experiências daquela comunidade.
Resultados Alcançados
Atendimento de 640 crianças deficientes físicas, que não se sentam, através da Ciranda: cadeirinha para chão;
Fabricação de 640 cadeirinhas Ciranda pelos pais e/ou responsáveis pelas crianças;
Trabalho e Encontro para 640 famílias: troca de experiência, solidariedade e participação;
A fabricação da Ciranda se deu em 13 horas de trabalho efetivo por Oficina realizada;
Recreação para 900 crianças deficientes e seus irmãos, que puderam ter dois dias de lazer e diversão;
Foram beneficiadas, direta e indiretamente, 2.560 pessoas;
Estímulo ao voluntariado, sobretudo de jovens;
Formação de multiplicadores da Ciranda e da Inclusão;
Estabelecimento de parcerias na efetivação da Oficina;
Reafirmação da Oficina da Ciranda como Tecnologia Social: simples, barata, reaplicável e transferível, com acompanhamento da ONG Noisinho da Silva através de meios tradicionais e virtuais de treinamento, oficina, telecurso e videoconferência.
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