Resumo
O Multiplano é instrumento desenvolvido no conceito do Desenho Universal para o Ensino da Matemática e Estatística. Um material lúdico, prático para professores, estudantes sem exceção, atende a necessidade de um ensino contemporâneo, permite Tangibilizar a Matemática, destacar o significado dos temas, criar cenários de investigação, estabelecer roteiros de aprendizagem, realizar análises por meio de gráficos, desenvolver o raciocínio combinatório de forma simples, ou seja, sair do simbolismo para a prática.
- O material mais abrangente para o ensino da Matemática e Estatística;
- Infinitas possibilidades de aprendizagem;
- Destinado a todos os estudantes, em especial aos cegos;
- Aplicação dos conteúdos de ciências exatas, dos mais simples aos mais complexos, dos conceitos primitivos aos tecnológicos.
- Compreende aos conteúdos das series iniciais ao ensino superior;
- Possibilita a aplicação de mais de 110 temas de matemática e Estatística;
além de trabalhar com Física, Artes, jogos de tabuleiro, entre outros.
Problema Solucionado
A utilização do material concreto Multiplano nas salas de aula tem atendido as expectativas de muitos docentes e discentes por várias regiões brasileiras, contribuindo para que a inclusão de alunos e alunas com deficiência visual nas classes regulares de ensino torne-se realidade, evitando que o constrangimento persista em fazê-los sentirem-se isolados num “cantinho”, perdidos em meio a suas dúvidas. O processo ensino-aprendizagem da disciplina de matemática, quando mediado pelo uso do Multiplano, garante facilidade na compreensão dos conceitos exatos dos conteúdos desenvolvidos, tendo em vista que, independente de o aluno enxergar ou não, uma vez que pode observar concretamente os “fenômenos” matemáticos, tem a possibilidade de realmente aprender, entendendo todo o processo, e não simplesmente decorando regras isoladas e aparentemente inexplicáveis. Além do mais, essa tecnologia propicia entre os educandos uma relação de confiança e compartilhamento maior das informações na classe, maximizando dessa forma suas potencialidades. Ressalta-se, porém, que as características descritas a respeito do material são passíveis de ser alteradas de acordo com a necessidade de quem for manipulá-lo. Para tanto, o Multiplano surge como um material didático articulador das ações do docente para com o aluno, em que se ensina e se aprende, possibilitando a ambas as partes satisfação e incentivo.
Descrição
Os primeiros passos do projeto que resultaria no Multiplano, foram dados em abril de 2000.
Foi nesta época que o Professor Rubens Ferronato começou a ter dificuldades com o ensino de matemática para um estudante cego. Diante deste conflito, o professor começou a improvisar formas para que o estudante pudesse aprender os conteúdos da disciplina de Cálculo Diferencial e Integral. Os métodos convencionais não surtiam efeito diante da complexidade das interpretações gráficas propostas pela disciplina.
Sentindo-se desafiado, o professor Rubens prometeu ao estudante que encontraria uma forma de fazer com que ele aprendesse a Matemática. Foi assim que suas buscas começaram: consultas a especialistas, bibliografias diversas, etc. pela disciplina.
Mas, foi numa casa de materiais de construção que foi visualizada a concretização de sua promessa. Com uma placa perfurada, alguns rebites e elásticos, o professor foi ao encontro do aluno, o qual, após realizar alguns exercícios afirmou: “Professor, o senhor não inventou um material para mim, mas, para todos os cegos do mundo! Era isso que faltava para eu aprender Matemática!”.
Entusiasmado com os resultados o material foi sendo cada vez mais aperfeiçoado pelo professor: tornou-se o MULTIPLANO - um instrumento que possibilita, através do tato, a compreensão de conceitos matemáticos.
O material concreto denominado Multiplano consiste, basicamente, em uma placa perfurada de linhas e colunas perpendiculares, onde os furos são equidistantes. O tamanho da placa e a distância entre os furos podem variar consoante a necessidade. Nos furos podem ser encaixados rebites, os quais possibilitam a realização de diversas atividades matemáticas, das mais simples às mais complexas. A superfície dos pinos apresenta identificação dos números, sinais e símbolos matemáticos, tanto em Braille (autorrelevo) quanto em algarismos hindu-arábicos, permitindo que o material seja manipulado por pessoas cegas e por videntes, sem que estas necessariamente conheçam a escrita em Braille. Dessa forma, dentro de uma classe, os mesmos conteúdos matemáticos podem ser trabalhados com a turma toda, sem diferenciações e com a utilização dos mesmos métodos e procedimentos, pois o que vai propiciar ao aluno cego a leitura dos pinos é o toque de suas mãos na superfície deles, e ao aluno vidente a visualização dos algarismos de que ele necessita. Mesmo para o professor, o trabalho fica facilitado pois ele pode compreender as dúvidas dos alunos, em especial a dos cegos, verificando se o processo segue os passos corretos. O professor entende o que foi feito pelo aluno sem necessidade de ser um especialista e conhecedor do Braille.
Recursos Necessários
Kit multiplano, professores capacitados para o uso dessa tecnologia
Resultados Alcançados
No decorrer desses anos de pesquisa, o Multiplano foi aplicado em sala de aula praticamente em todos os níveis de ensino, dentre eles: educação infantil, educação de jovens e adultos, ensino fundamental, médio, superior, sempre com grande aceitação.
Projetos Científicos
Quanto aos projetos científicos em relação ao Multiplano. Até o momento já somam mais de 100 projetos de pesquisa em nível de graduação e pós-graduação, 10 dissertações de mestrado, 3 teses de doutorado, sendo uma no Brasil, uma em Portugal e uma na Espanha. Parte dos dados científicos podem ser comprovados em: https://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt-BR&as_sdt=0%2C5&q=Multiplano+Ferronato&btnG=
Resultados de Impacto Social
Sobre os estudantes com deficiência visual que tiveram grande desempenho com o Multiplano, é possível citar alguns casos especiais. Ivan de Pádua, que foi inspiração para desenvolvimento do Multiplano, hoje é formado em Ciências Sociais. Ivan começou sua carreira de funcionário público no Hospital Universitário de Cascavel, aprovado por concurso, que exigia matemática e chegou a ocupar o cargo máximo do referido hospital como Diretor de Recursos Humanos. Lucas Radaelli, estudou desde seus 12 anos com o Multiplano, cursou Ciências da Computação na Universidade Federal do Paraná e atualmente atua como programador da Google na cidade de São Francisco na Califórnia EUA. Outra história é da Géssica Pereira, que perdeu a visão durante seus estudos onde tinha o sonho de cursar Engenharia Elétrica e só foi possível dar continuidade ao curso através da utilização do Multiplano. Hoje, Géssica é a primeira estudante cega do Brasil a finalizar o Mestrado em Engenharia Elétrica. Sendo assim, as metas foram alcançadas e bem-sucedidas.
Professora Luzia Alves da Silva, mestre em educação, atualmente é professora de Educação Especial da Secretaria de Estado da Educação do Paraná e Professora do Instituto Federal de Educação do Paraná;
Professor Ênio Rodrigues da Rosa, Mestre em Educação pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná, atualmente é presidente do Instituto Paranaense dos Cegos;
Vander M. Lunkes, atualmente é funcionário concursado do Banco do Brasil;
Guia de tecnologias
Em 2018 o MEC - Ministério da Educação do Brasil lançou a Plataforma Evidências para selecionar Recursos Pedagógicos na intenção de compor o novo Guia de Tecnologias Educacionais para atender a Base Nacional Comum Curricular e da Reforma do Ensino Médio, o Multiplano foi submetido para avaliação e foi aprovado.
Assim, o Multiplano concretiza a busca na efetivação de um ideal – ajudar na equiparação de oportunidades numa sociedade sem preconceitos nem discriminações, amenizando possíveis injustiças sociais.
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