Objetivo
O objetivo geral da metodologia Empreenda é capacitar e acompanhar pessoas com deficiência e suas famílias para a criação de empreendimentos para que possam aumentar sua renda familiar.
Problema Solucionado
Em famílias com pessoas com deficiência, um responsável acaba se dedicando exclusivamente para acompanhar o parente com deficiência, o que dificulta a permanência em um trabalho formal. Por consequência dessa realidade, a maioria das pessoas estão em situação de vulnerabilidade social, dependendo de instituições ou auxílios governamentais para sanar suas necessidades diárias. A questão da deficiência traz uma dinâmica diferente de relações para dentro da família e uma rotina voltada quase que exclusivamente para as pessoas com deficiência. A dificuldade do desenvolvimento dessas famílias acarreta em algumas questões que vão desde problemas financeiros, pois geralmente o tratamento é continuado e por isso, na maioria das vezes, os responsáveis abdicam de seus empregos para cuidar dos filhos; emocional, pois em alguns casos a situação dos filhos pode desmotivar a família e dificultar as chances de um futuro melhor e independente para todas as partes e, por fim, social, onde essa dependência afasta as famílias do convívio com outros grupos sociais.
Descrição
A metodologia Empreenda é separada em cinco pilares fundamentais: Seleção de Participantes; Plano de Aula e Capacitações; Acompanhamento de Famílias; e Mentorias.
Para que sua implementação tenha resultados positivos, partimos de algumas premissas como: adesão de famílias e mentores no projeto; ter uma organização local que já conheça e acompanhe as famílias participantes; ao longo do projeto, ter um acompanhamento e contato constante entre um representante da organização parceira e as famílias participantes; e por fim, selecionar mentores que sejam de um contexto semelhante ao contexto das famílias participantes, por exemplo, microempreendedores.
A primeira etapa, Seleção de Participantes, tem como objetivo definir perfis de participantes e critérios de seleção para assertividade e engajamento durante o programa e adequação da didática e conteúdos das aulas. Para isso, desenhar qual o perfil de participantes para a região onde o projeto será implementado, definir critérios de seleção e montar materiais de comunicação para lançamento da seleção e passo-a-passo para inscrição. As inscrições podem ser feitas por meio de formulários digitais ou impressos, mas deve-se atentar aos critérios de acessibilidade para que todas as pessoas possam acessá-lo. Após a seleção deve-se comunicar a todas as pessoas inscritas e, com aquelas selecionadas para o programa, realizar a assinatura de um Termo de Compromisso, uma pactuação que irá formalizar o comprometimento da família ao longo de todo o projeto.
A segunda etapa refere-se ao Plano e Execução de Aulas. Essa etapa tem como objetivo a organização dos encontros e capacitações para apoiar a criação dos novos empreendimentos, fomentar as boas práticas e fortalecer o protagonismo da pessoa com deficiência e sua família. Os encontros devem ser técnicos e, principalmente, inspiracionais. Nessa etapa, é necessário definir a didática, organizar encontros inspiracionais que fomentem a troca de experiências e atividades práticas. Definir conteúdos técnicos sobre empreendedorismo e falar sobre talentos individuais. Os professores devem ser selecionados por seus conhecimentos e vivências práticas, priorizando professores que estejam próximos à realidade daquele grupo de participantes. As aulas são organizadas em encontros semanais com duas horas de duração. O programa tem uma duração de 15 semanas.
Paralelamente às aulas, a equipe executora deve estruturar um processo de relacionamento constante com as famílias participantes. O objetivo é acompanhar participantes ao longo do projeto para suporte técnico e emocional. Garantir a satisfação e engajamento das famílias participantes e incentivar o olhar para o potencial da pessoa com deficiência. Nesse processo, sugere-se uma equipe técnica, geralmente psicólogos que já atuam na organização parceira e que já acompanham as famílias. Organizar uma planilha e rotina de acompanhamento, monitorar presenças e satisfação por encontro e manter um engajamento diário por meio de contatos telefônicos ou por aplicativos de mensagens.
Também paralelamente às aulas e ao relacionamento com os profissionais, organiza-se o acompanhamento com mentores. Os mentores são pessoas que têm vivências no tema e conhecimentos técnicos que vão auxiliar as famílias participantes a criarem seus empreendimentos. Esse processo serve como um incentivo para que as famílias não desistam no meio do projeto. Os mentores podem ser pessoas contratadas ou voluntárias. Dessa forma, deve-se definir o perfil de mentores, realizar uma divulgação e seleção e planejar uma jornada, sensibilizando sobre a causa da pessoa com deficiência, treinando sobre seu papel e as etapas do programa. Após a seleção, realizar a conexão de cada mentor com uma família participante e acompanhar a realização de encontros de mentorias.
Ao final do programa, as famílias devem realizar uma apresentação final de seus empreendimentos idealizados em uma banca avaliadora. Essa banca deve ser composta por parceiros e especialistas e tem o objetivo de validar as ideias e sugerir caminhos para que as famílias continuem com seus empreendimentos. Após a banca final, deve-se realizar uma formatura com o objetivo de fechamento do programa e, principalmente, comemoração dos resultados alcançados. Dependendo dos empreendimentos criados, a formatura pode ser uma oportunidade para realizar a contratação dos serviços das famílias participantes. Por exemplo, caso alguma família esteja empreendendo no ramo de fabricação de salgados, é interessante contratar essa família para fornecer salgados durante a formatura. Essa primeira contratação é um incentivo para as famílias formadas.
Como sustentabilidade, é importante fortalecer a conexão entre as famílias participantes para que possam se apoiar em seus empreendimentos, criando uma rede empreendedora local.
Recursos Necessários
Para a realização do projeto, são necessários recursos humanos como analistas e assistentes para gestão de programas sociais, contratação de professores e de mentores, além de profissionais técnicos para acompanhamento de famílias. São utilizados também materiais de comunicação como flyers, cartazes e peças de comunicação para redes sociais. Para as aulas, são necessários materiais de papelaria, computadores e flipcharts para os eventos presenciais. Em formatos virtuais, é necessário o acesso à plataformas de videoconferência e, se necessário, disponibilização de conexão e pacotes de dados de internet para as famílias participantes. São disponibilizados kits de boas vindas para as famílias, como canetas e cadernos personalizados e materiais impressos das aulas.
Para a realização dos encontros presenciais, deve-se buscar um espaço físico próximo à comunidade onde o programa é implementado. Para a cerimônia de formatura, disponibilizar itens de premiação como medalhas e troféus e brindes e lembranças personalizadas para cada participante. Pode ser necessário recursos de apoio para transporte de famílias até o local das aulas.
Resultados Alcançados
Em 2 edições realizadas nos anos de 2019 e 2020, foram 23 famílias formadas e 10 empreendimentos criados efetivamente nas cidades de Curitiba/PR e Araucária/PR. Outras edições foram iniciadas em 2021 nas cidades de Araucária/PR, São José dos Pinhais/PR, Osasco/SP e São Paulo/SP. Na edição mais recente, foram 18 famílias inscritas, sendo 9 formadas e 7 empreendimentos criados. A média de participação nas 14 aulas foi de 63%, com nota de satisfação de 9,85, avaliando em notas de zero a dez. Esses indicadores foram acompanhados ao longo da execução das aulas e finalizados após a realização do evento de formatura.
Em termos de impacto, seguimos uma mensuração dentro da nossa proposta de Teoria de Mudança. Para atingirmos o objetivo do programa que é a criação de microempreendimentos, as famílias participantes precisam cumprir três pré-condições: aumento da sua autoconfiança - “eu posso empreender”; aquisição de ferramentas empreendedoras básicas - “eu sei empreender”; prática de habilidades empreendedoras - “eu ajo como empreendedora”.
Em entrevistas individuais com 8 das 9 pessoas participantes da edição 2020, foram mapeados os depoimentos e percepções dentro das pré-condições já apresentadas. Todas as entrevistadas reportaram aumento na autoconfiança como fruto do programa. “Eu era acomodada, me sentia incapaz” – relatou uma entrevistada. Ao ver outras mães com os mesmos desafios, mas tendo atitude mais proativa, três entrevistadas confessaram ter tomado a seguinte consciência: “se elas conseguem, eu também consigo!”.
Todas as entrevistadas criaram algo ou então lapidaram sua ideia anterior de negócio como resultado do programa. As que já empreendiam refinaram suas ideias para que o novo empreendimento refletisse um amadurecimento. Aquelas que criaram algo durante o curso, enxergaram oportunidades no mercado que se aliaram às suas habilidades.
Dos 8 empreendimentos acompanhados, 5 estão operando. Uma família adiou sua implementação para poder estruturar melhor o negócio, já que irá utilizar como capital uma premiação no valor de R$ 6900,00 que ganhou num concurso local.
Dos negócios em operação, todas relataram melhora na renda, em graus distintos. Duas puderam relatar ganhos como faturamento triplicado e aumento de 50% no faturamento. Outra, por sua vez, reportou que consegue há 2 meses pagar contas como plano odontológico e alguns remédios. E outra participante relatou que, com os ganhos, pôde comprar um celular para o filho assistir às aulas online da escola.
Público atendido
Adulto
Adolescentes
Empreendedores
Mulheres
Portadores de deficiencia
Tecnologias Sociais Semelhantes
Adolescentes Protagonistas
Saneamento Básico Na Área Rural - Fossa Séptica Biodigestora
Secador Solar De Madeira
Resgatando Gerações: Medidas Socioeducativas Aos Adolescentes Infratores