Objetivo
Favorecer a formação cidadã e de valores, estimulando atitudes positivas, aprendizagem coletiva sobre cidadania e cultura de paz, melhorando o relacionamento entre crianças e adolescentes no ambiente escolar e familiar.
Problema Solucionado
O Brasil é um dos países com maior índice de violência escolar no mundo. A violência e a indisciplina são problemas sociais presentes nas escolas, e se manifestam de diversas formas entre os envolvidos no processo educativo.
Mais de 22,6 mil professores foram ameaçados por estudantes e mais de 4,7 mil sofreram atentados à vida nas escolas em que lecionam (dados do questionário da Prova Brasil 2015, aplicado a diretores, alunos e professores do 5º e 9º anos do ensino fundamental no país).
Muitos alunos chegam à escola com inúmeros conflitos sociais e familiares. Em comunidades de vulnerabilidade socioeconômica têm-se mais visíveis as situações de violência, de bullying.
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE), em 2019, mais de 40% dos estudantes adolescentes foram vítimas de bullying no País.
Estudos e análises indicam que a sociedade atual tem dado mais ênfase às conquistas materiais e status social, em detrimento dos valores positivos. Valores como respeito, tolerância e solidariedade têm sido preteridos, em relação ao individualismo, consumismo, egoísmo entre outros.
Ressalta-se que, de acordo com o IPEA, Mapa da Violência (2019), programas de cidadania e cultura de paz reduzem em até 30% os episódios de violência nas escolas. E, crianças participantes de projetos socioeducativos têm 20% mais chances de manter vínculos familiares e escolares positivos (Fiocruz, Estudo sobre Juventudes e Vulnerabilidade - 2020).
Por tudo isso, são pertinentes as ações que potencializem a formação humana, cidadã, de valores positivos; oportunizem a manifestação e expressão dos desejos, sentimentos e pensamentos de crianças e adolescentes; na tentativa de reduzir conflitos, favorecer a convivência mais harmoniosa e respeitosa entre as pessoas na escola, na família e na sociedade.
Descrição
A tecnologia Atitudes do Bem está vinculada ao Projeto Educação Integrada – Ludicidade e Fortalecimento de Vínculos desenvolvido pela AGACC em comunidades socioeconomicamente vulneráveis do Ceará.
A tecnologia é desenvolvida através de oficinas junto às escolas públicas parceiras do projeto. Sua metodologia pressupõe o envolvimento da comunidade, com o engajamento de associações comunitárias, instituições e escolas.
As associações são selecionadas a partir de critérios como: idoneidade, credibilidade, experiência de dois anos no trabalho comunitário e com projetos sociais. As lideranças têm formação continuada para a concretização qualitativa das ações, sensibilização e mobilização do público.
A parceira com Escolas é essencial para favorecer possibilidades de aprendizagem de crianças e adolescentes na perspectiva de desenvolvimento integral. A ideia não é substituir a escola formal, mas contribuir na formação cognitiva, humana e social de crianças e adolescentes, a partir da interação dos diferentes saberes, promovendo espaços lúdicos de aprendizagem dentro da escola, em especial para o fortalecimento dos valores positivos.
O contato inicial ocorre em visitas às escolas, para sondar as necessidades, apresentar a tecnologia e atividades. Conforme demanda escolar, define-se a intervenção e elabora-se a agenda de atividades, definindo-se dias e horários das oficinas. O diálogo com membros da escola é direto, para o planejamento, a partilha dos instrumentais, a análise, sistematização dos resultados e avaliação das atividades. A Escola faz a divulgação para as famílias em reuniões mensais. A AGACC reforça a parceria em reuniões e encontros mensais dos projetos que executa em cada comunidade. A escola se responsabiliza pela identificação do público; organização do espaço físico e disponibilização dos equipamentos; compromisso com datas das oficinas, incentivando a equipe de professores a participar das atividades; acompanhar a evolução das crianças; participar dos eventos cívicos sociais.
Antes das oficinas Atitudes do Bem, a AGACC realizada avaliações diagnósticas do nível das crianças em relação às temáticas. Depois se elabora um plano lúdico de atividades que favoreçam a formação cidadã e de valores. As oficinas seguem uma metodologia fundamentada na teoria da aprendizagem construtivista, nos parâmetros curriculares nacionais e na pedagogia de Paulo Freire. Essa base proporciona um trabalho dinâmico e interativo favorecendo aos educandos o desenvolvimento integral de suas potencialidades, fortalecendo a auto-estima, promovendo disciplina e concentração.
A tecnologia oferece oportunidade de acesso a alternativas complementares que se propõem a abordar emoção, subjetividade, desejos, inteligibilidade, sociabilidade, a criticidade, a formação de cidadãos; e considera que a aprendizagem precisa estar conectada à vida e ao interesse das crianças.
As oficinas Atitudes do Bem são aplicadas mensalmente nas escolas com grupos de cerca 25 a 30 crianças, de 6 a 12 anos, com dificuldades de convivência, socialização e de seguir regras. Com duração de 50 minutos, abordam: amor, amizade, humildade, paciência, tolerância, solidariedade, cooperação, verdade, paz, respeito, união, responsabilidade, compromisso e gentileza. As oficinas têm o lúdico como diferencial, utilizam ferramentas pedagógicas: dinâmicas, jogos, vídeos, técnica de relaxamento, trabalhos em grupo, contação de histórias, leitura e produção de textos, arte educação (teatro, música, fantoches).
A ideia é gerar no público expectativa e curiosidade, envolvendo-o num diálogo criativo e alegre, a partir das experiências pessoais, incentivando a formação de conceitos sobre os valores. As atividades são direcionadas para que os participantes coloquem em prática o valor aprendido e exercitem boas práticas; desenvolvam atitudes de respeito e preocupação com o bem estar pessoal e coletivo, criando situações onde as decisões têm fundamentação em valores morais e éticos. É nesse exercício que as mudanças vão sendo internalizadas e a experiência de uma convivência pacifica e de respeito são vistas como importantes para uma vida autônoma e feliz.
As crianças participantes são reconhecidas como sujeitos, capazes de intervir e modificar sua realidade. Como uma ação de mobilização comunitária, eles são convidados a participarem em movimentos cívicos sociais organizados pela AGACC e parceiros nas comunidades - passeatas, caravanas, eventos coletivos, em datas alusivas ao Combate à exploração sexual de crianças e adolescentes (18 de maio); aniversário da Convenção dos Direitos da Criança e do Adolescente (20 de novembro).
Para sensibilização de outros atores e equipamentos sociais, trabalha-se em conjunto. São estabelecidos contatos por telefone ou visitas, referendando o trabalho e a articulação AGACC - Escola. Anualmente é feita avaliação e a sistematização dos resultados.
Por ano, são beneficiadas cerca de 700 crianças, uma média de 7 escolas públicas por ano, que participam das oficinas.
Recursos Necessários
Materiais:
- Cópias de fichas, textos, avaliações, pesquisas;
- Canetas, papel ofício, papel madeira, pincel atômico, fita gomada, cartolina, giz gera, lápis de cor, canetinhas, tesoura, cola, régua, borracha;
- Livros paradidáticos;
- Cds e Dvds;
- Jogos educativos;
- Adereços e maquiagem para educador;
- Informativos, panfletos, banner;
- Relatórios – impressão, fotos - revelação;
Equipamentos:
- Caixa de som e microfone;
- Aparelho de som pequeno;
- Máquina fotográfica;
- Notebook;
- Miniprojetor portátil;
- Pen drive;
Deslocamento:
- Vale-transporte / combustível da equipe: técnico pedagógico, educador – aplicação das oficinas, monitoramento, acompanhamento, contatos, articulação, avaliação, eventos comunitários.
Resultados Alcançados
Ao longo de nove anos da realização dessa tecnologia social (2016 a 2024), foram beneficiadas 279 turmas de escolas públicas das comunidades de Fortaleza (bairros Antônio Bezerra, Jardim União e João Paulo II), Granja e Várzea Alegre, atendendo 7.295 alunos, em 1.602 oficinas.
Os principais resultados qualitativos que a tecnologia obtém se relacionam à demonstração de atitudes de respeito, honestidade, solidariedade e espírito de colaboração por parte das crianças; respeito às regras e melhora a convivência com os colegas e professores. Também aprenderam a expressar suas ideias e perspectivas, formar seus próprios conceitos e utilizar o senso crítico de modo responsável, exercitando sua cidadania.
Todo o trabalho das oficinas se volta à promoção de valores essenciais para o desenvolvimento socioemocional das crianças, como gentileza, humildade, perseverança, responsabilidade, honestidade, amizade, justiça e generosidade. As crianças aprendem brincando, ou a partir de uma contação de história, do dialogo reflexivo e de vivências, levando esse aprendizado para o seu dia-a-dia.
A parceria das escolas públicas envolvidas nas ações é primordial, pois disponibilizam tempo, espaço e apoio dos professores para que as crianças participem das oficinas.
Ao final das oficinas, as crianças indicam o que acharam, utilizando fichas, marcadores, ou através de pequenas dinâmicas. As crianças dão depoimentos de como se sentiram demonstrando respeito e solidariedade com os colegas. As falas são surpreendentes, os sorrisos confirmam a satisfação de como é bom receber e fazer pequenas gentilezas. Em avaliações realizadas ao final do ano, observa-se que 82% das crianças apresentam resultados satisfatórios, nos quesitos de prática de valores, comportamento, atitudes de respeito e iniciativa.
Obs: atualmente, a tecnologia social é realizada nos seguintes locais: Fortaleza: bairros Antônio Bezerra e Jardim União; e no interior do Ceará, nas cidades de Granja e Várzea Alegre.
Público atendido
Crianças
Adolescentes
Alunos do Ensino Fundamental
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