Problema Solucionado
A violência e a indisciplina são problemas sociais presentes nas escolas, e se manifestam de diversas formas entre os envolvidos no processo educativo. Mais de 22,6 mil professores foram ameaçados por estudantes e mais de 4,7 mil sofreram atentados à vida nas escolas em que lecionam (dados do questionário da Prova Brasil 2015, aplicado a diretores, alunos e professores do 5º e 9º anos do ensino fundamental no país).
Por outro lado, alunos chegam à escola com inúmeros conflitos sociais e familiares. Em comunidades de vulnerabilidade socioeconômica têm-se mais visíveis as situações de violência, de bullying.
Além disso, há na sociedade uma inversão de valores. O egoísmo, o individualismo, o consumismo, o ter em detrimento do ser, são aspectos presentes no nosso cotidiano.
Sendo a infância a fase em que se forma a personalidade e o caráter do adulto, é pertinente o investimento em ações que promovam a formação humana, cidadã e de valores; oportunizem a manifestação e expressão dos desejos, sentimentos e pensamentos de crianças; na tentativa de reduzir conflitos, favorecer a convivência mais harmoniosa e de respeito entre os seres humanos na escola, na família e sociedade.
Descrição
A tecnologia integra o projeto Educação Divertida desenvolvido pelo Gacc junto às escolas públicas do Ceará.
A metodologia pressupõe o envolvimento da comunidade, com o engajamento de associações comunitárias, instituições e escolas. As associações são selecionadas a partir de critérios como: idoneidade, credibilidade, experiência de dois anos no trabalho comunitário e com projetos sociais. As lideranças têm formação continuada para a concretização qualitativa das ações, sensibilização e mobilização do público.
A parceira com Escolas é essencial para favorecer possibilidades de aprendizagem de crianças e adolescentes na perspectiva de desenvolvimento integral. A ideia não é substituir a escola formal, mas contribuir na formação cognitiva, humana e social de crianças e adolescentes, a partir da interação dos diferentes saberes, promovendo espaços lúdicos de aprendizagem dentro da escola.
O contato inicial ocorre em visitas às escolas, para sondar as necessidades, apresentar a tecnologia e atividades. Conforme demanda escolar, define-se a intervenção e elabora-se a agenda de atividades, definindo-se dias e horários das oficinas.
O diálogo com membros da escola é direto, para o planejamento, a partilha dos instrumentais, a análise, sistematização dos resultados e avaliação das atividades.
A Escola faz a divulgação para as famílias em reuniões mensais. O Gacc reforça a parceria em reuniões e encontros mensais dos projetos que executa em cada comunidade.
A escola se responsabiliza pela identificação do público; organização do espaço físico e disponibilização dos equipamentos; compromisso com datas das oficinas, incentivando a equipe de professores a participar das atividades; acompanhar a evolução da aprendizagem das crianças; participar dos eventos cívicos sociais.
O Gacc realiza avaliação diagnóstica do nível das crianças; avaliação de evolução; elaboração de um plano de atividades lúdico que favoreçam a aprendizagem das crianças e a formação de valores; e aplica as oficinas na escola.
A metodologia se fundamenta na teoria da aprendizagem construtivista, nos parâmetros curriculares nacionais e na pedagogia de Paulo Freire. Essa base proporciona um trabalho dinâmico e interativo favorecendo aos educandos o desenvolvimento integral de suas potencialidades, fortalecendo a auto-estima, promovendo disciplina e concentração. Promove o desenvolvimento de competências, trabalhadas a partir da orientação dos pilares da educação. A tecnologia oferece oportunidade de acesso a alternativas complementares que se propõem a abordar emoção, subjetividade, desejos, inteligibilidade, sociabilidade, a criticidade, a formação de cidadãos; e considera que a aprendizagem precisa estar conectada à vida e ao interesse das crianças.
Antes das oficinas Atitudes do Bem, são realizadas avaliações diagnósticas do nível das crianças em relação às temáticas. Depois se elabora um plano lúdico de atividades que favoreçam a formação cidadã e de valores.
As oficinas Atitudes do Bem são aplicadas mensalmente nas escolas com grupos de 25 crianças, de 7 a 12 anos, com dificuldades de convivência, socialização e de seguir regras. Com duração de 50 minutos, abordam: amor, amizade, humildade, paciência, tolerância, solidariedade, cooperação, verdade, paz, respeito, união, responsabilidade, compromisso e gentileza. As oficinas têm o lúdico como diferencial, utilizam ferramentas pedagógicas: dinâmicas, jogos, vídeos, técnica de relaxamento, trabalhos em grupo, contação de histórias, leitura e produção de textos, arte educação (teatro, música, fantoches). A ideia é gerar nas crianças expectativa e curiosidade, envolve-las num diálogo criativo e alegre, a partir das experiências pessoais, incentivando a formação de conceitos sobre os valores. As brincadeiras são direcionadas para que as crianças coloquem em prática o valor aprendido e exercitem boas práticas; desenvolvam atitudes de respeito e preocupação com o bem estar pessoal e coletivo, criando situações onde as decisões têm fundamentação em valores morais e éticos. É nesse exercício que as mudanças vão sendo internalizadas e a experiência de uma convivência pacifica e de respeito são vistas como importantes para uma vida autônoma e feliz. As crianças são reconhecidas como sujeitos, capazes de intervir e modificar sua realidade.
Como uma ação de mobilização comunitária, as crianças participam em movimentos cívicos sociais - passeatas, caravanas, eventos coletivos, em datas alusivas ao Combate à exploração sexual de crianças e adolescentes (18 de maio); aniversário da Convenção dos Direitos da Criança e do Adolescente (20 de novembro).
Para sensibilização de outros atores e equipamentos sociais, trabalha-se em conjunto. São estabelecidos contatos por telefone ou visitas, referendando o trabalho e a articulação Gacc - Escola.
Anualmente é feita avaliação e a sistematização dos resultados.
Recursos Necessários
Materiais:
- Cópias de fichas, textos, avaliações, pesquisas;
- Canetas, papel ofício, papel madeira, pincel atômico, fita gomada, cartolina, giz gera, lápis de cor, canetinhas, tesoura, cola, régua, borracha;
- Livros paradidáticos;
- Cds e Dvds;
- Jogos educativos;
- Adereços e maquiagem para educador;
- Informativos, panfletos, banner;
- Relatórios – impressão, fotos - revelação;
Equipamentos:
- Caixa de som e microfone;
- Aparelho de som pequeno;
- Máquina fotográfica;
- Notebook;
- Miniprojetor portátil;
- Pen drive;
Deslocamento:
- Vale-transporte / combustível da equipe: técnico pedagógico, técnico em educação e educador – aplicação das oficinas, monitoramento, acompanhamento, contatos, articulação, avaliação, eventos comunitários.
Resultados Alcançados
Em 2016, foram aplicadas 235 oficinas Atitudes do Bem, em 11 escolas, com 43 turmas, 1.120 crianças e adolescentes beneficiários.
- 1.120 crianças demonstrando atitudes de respeito, honestidade, solidariedade e espírito de colaboração, passando a respeitar regras e melhorando a convivência com os colegas e professores em sala de aula.
- 11 escolas públicas envolvidas nas ações, disponibilizando tempo, espaço e apoio dos professores para que as crianças participem das oficinas.
Como principais Aprendizagens destacam-se: as crianças tornaram-se mais pacíficas, relacionando-se melhor com colegas e professores, demonstrando atitudes de respeito, honestidade, solidariedade e espírito de colaboração, passando a respeitar e valorizar as regras de convivência; aprenderam a expressar suas ideias e perspectivas, formar seus próprios conceitos e utilizar o senso crítico de modo responsável, exercitando sua cidadania.
As crianças indicam o que acharam das oficinas após o encerramento, utilizando fichas, marcadores, ou através de brincadeiras. As crianças dão depoimentos de como se sentiram demonstrando respeito e solidariedade com os colegas. As falas são surpreendentes, os sorrisos confirmam a satisfação de como é bom receber e fazer pequenas gentilezas.
Nas Avaliações Iniciais observamos que 54% das crianças demonstraram estar praticando alguns valores; na avaliação final verificamos que este número evoluiu para 82%. A avaliação é escrita ou objetiva aplicada com as crianças participantes no final de cada ano.
A escola avalia também semestralmente, junto com equipe técnica, a evolução das crianças, os resultados no comportamento dos grupos.
O acompanhamento é realizado nas visitas, diálogo com as equipes (escolar e comunitária), registro de atividades, relatórios de atividades.
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