Objetivo
Objetivo geral: Erradicar a subnutrição infantil através do fornecimento de alimento com elevado valor nutricional e de baixo custo.
Fornecer a essas crianças alimento fermentado, a base de soro de leite, suplementado com ferro e polpa de fruta do cerrado, como proposta ao combate à subnutrição.
Objetivos específicos:
Produzir a bebida láctea e avaliar seu impacto na subnutrição infantil;
Realizar testes de eficácia no metabolismo in vivo;
Realizar estudos da eficácia do produto em crianças subnutridas; Disseminar conhecimentos técnicos através do projeto de extensão, integrando a universidade com a sociedade;
Estreitar as relações entre Universidade, Secretarias de Saúde e Educação da Prefeitura, Postos de Saúde, Escolas Públicas, Pastoral da Criança, dentre outros setores da sociedade;
Estimular alunos na inserção social de forma a viabilizar e ser facilitador no processo da busca de soluções dos problemas sociais; Estimular as empresas a buscarem alternativa alimentar a partir do subproduto da indústria de alimentos;
Disseminar o uso de alimentos de baixo custo como alternativa a alimentação de famílias.
Problema Solucionado
A subnutrição infantil representa, provavelmente, o problema mais importante da população brasileira, com severas consequências econômicas e sociais. Dados do Ministério da Saúde registram aproximadamente 89 mil crianças menores de cinco anos desnutridas no Brasil (SISVAN, 2014). Cerca de 50% dessas crianças estão no estado de Minas Gerais. A desnutrição infantil, além de diminuir a imunidade de crianças, aumenta a susceptibilidade a doenças e prejudica o desenvolvimento físico e mental. O monitoramento do risco nutricional deve ser ainda mais intensivo nos primeiros anos de vida, pois este é o período de maior vulnerabilidade e agravos não apenas nutricionais como também infecciosos e ambientais. A falta de nutrientes interfere em todo o seu desenvolvimento psicomotor e, quando em níveis altos, pode provocar a morte precoce das crianças.
Por outro lado, outro problema constatado, é a contaminação ambiental causada pelo descarte de soro da indústria de laticínios. No Brasil, o volume estimado de queijo foi de 423.000 toneladas, correspondendo à produção de aproximadamente 3.807.000 toneladas de soro.
Vislumbrou-se o uso do soro como base para novo produto contra a subnutrição.
Descrição
O projeto se iniciou no ano de 2015, com envolvimento de pesquisadores nas áreas de engenharia de alimentos, nutrição e saúde. Inicialmente, realizou-se a formulação de uma bebida láctea fermentada a base de soro de queijo, suplementada com ferro e frutos do cerrado. Trata-se de uma bebida balanceada capaz de suprir as necessidades nutricionais diárias de crianças, e retirá-las do estado de desnutrição após o consumo diário por dois meses.
O soro de leite com leite são pasteurizados e após fermentados através do uso de bactérias láticas. São adicionados estabilizantes para que não ocorresse dessoramento com o tempo. Após, essa bebida fermentada é suplementada com ferro e polpa de frutos do cerrado.
Para que a bebida pudesse ser testada em crianças, obteve-se previamente autorização de produção da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anexo). Toda a produção foi realizada no Laboratório de Tecnologia de Alimentos, situado no Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais, campus Montes Claros - MG.
Realizou-se também análise físico química dos frutos do cerrado, afim de se avaliar a composição em proteínas, ferro e demais minerais. Todas análises foram realizados de acordo com técnicas utilizadas pelo Ministério da Agricultura. Essa composição centesimal foi utilizada no balanço nutricional das formulações utilizadas no projeto.
Em paralelo à distribuição da bebida para as crianças, também foi realizado testes experimentais em camundongos. A animais subnutridos foram fornecidos a mesma bebida em delineamentos elaborados para se comprovar a eficácia da mesma contra a subnutrição. Para isso, o projeto foi previamente submetido na plataforma do CEUA (Comissão de Ética de Uso de Animais), da Universidade Federal de Minas Gerais. Após a aprovação do projeto a, através do protocolo 377/2015, iniciou-se o experimento no biotério. O experimento constituiu na divisão dos camundongos em grupos, alguns permaneceram com a mesma dieta até o final do experimento, enquanto outros foram induzidos à desnutrição por restrição calórica.
Pelo fato de se tratar de experimentos com pessoas, obteve-se também autorização do Comitê de Ética em Pesquisa, através da Plataforma Brasil. bem como a autorização dos pais através do Termo de Consentimento Livre Esclarecido. Realizou-se diversas análises sensoriais, através do uso de escala Hedômica, de forma a comprovar com análises estatísticas a aceitabilidade da bebida em diversos sabores. Produziram-se e analisaram-se bebidas com sabores de umbu, cagaita, coquinho azedo, mangaba e tamarindo. Estas foram avaliadas por crianças da Escola Municipal Dominguinhos Pereira/CAIC do bairro Maracanã, em Montes Claros MG, através de teste de aceitabilidade direcionado para crianças (Anexo).
Foi realizado diagnóstico situacional da subnutrição infantil e com apoio de agentes de saúde em conjunto com a Pastoral da Criança, para a detecção das crianças desnutridas na cidade de Montes Claros. Inicialmente foi apresentado o projeto às famílias, bem como aplicado um questionário de hábitos alimentares e de questões de saúde, para seleção das crianças. Também foi fornecido termo de consentimento (Anexo), que autoriza a participação da criança em exames de sangue quando necessários, e aferição de medidas (peso, altura e idade), além da divulgação das fotos realizadas posteriormente.
Para se confirmar a desnutrição das crianças foi realizado testes antropométricos, seguido de teste de albumina realizado em laboratório. Dessa forma, após a detecção da desnutrição nessas crianças, iniciou-se a distribuição da bebida diariamente durante dois meses. Ao fim do período de distribuição, realizou-se novamente os testes antropométricos e o teste de albumina para, então, se avaliar os efeitos dessa bebida nas crianças.
Importante salientar que após a produção das bebidas são realizados, rotineiramente, testes físico-químicos e análises microbiológicas com elaboração de laudos desses resultados (Anexo). Somente após a apresentação do mesmo as bebidas são liberadas, para serem distribuídas para as crianças, garantindo a produção da bebida em condições higiênico-sanitárias satisfatórias, e consequentemente, a integridade da saúde das crianças que consomem o produto.
O projeto possui o desafio de aumentar a escala de produção e poder fornecer esse alimento a todas crianças subnutridas da cidade de Montes Claros, e posteriormente buscar a erradicação da desnutrição infantil no Brasil.
Vislumbra-se também a possibilidade de desidratar a bebida, de forma a poder se fornecer alimento em para ser transportado a regiões mais distantes, e até mesmo outros países que precisam.
Recursos Necessários
Para elaborar bebida láctea fermentada a formulação recomendada deve conter 50 % (v/v) de leite e 50 % (v/v) de soro de leite. A cultura lática termofílica deve ser composta de Streptococcus termophilus e Lactobacillus delbrueckii ssp bulgaricus. Estas deverão ser previamente incubadas, separadamente a 1% (v/v) em leite em pó desnatado diluído a 10% (m/v) esterilizado. Para preparo do inóculo, inocula-se na proporção de 2:1, conforme sugerido por Ferreira (17), constituindo 1% do volume total das porções. Após a inoculação o material deverá incubado a 45ºC em estufa ou Banho Maria até o momento da coagulação. Posteriormente o iogurte deverá ser resfriado a 5 ± 2 °C. A adição de ferro deverá ser padronizada seguindo os parâmetros propostos por Brasil (18) que considera alimento enriquecido ou fortificado aquele que fornece no mínimo 15 % da Ingestão Diária de Referência (IDR) em 100 ml do produto pronto para consumo. Neste caso, será utilizado como parâmetro a recomendação de ingestão diária para crianças de cerca de 7 a 10 anos, cujo valor é de 9 mg/dia (5).
Como ingrediente será ainda utilizado amido modificado (0,8 % m/v); açúcar (12 % m/v); polpa de mangaba (5 % m/v) (ou outra fruta se preferir); ferro aminoácido quelato (3 mg/100 mL), e cultura lática termofílica (1% v/v). Neste processo a mistura de leite pasteurizado, com soro de leite reconstituído, sacarose e amido modificado será submetida a tratamento térmico de 75ºC por 15 segundos seguido de redução da temperatura a 45º, e mantida até o final da fermentação, em que será resfriada a 4 ± 2°C e mantendo-se resfriada nessa temperatura durante a quebra do coágulo, homogeneização da mistura após adição da polpa de mangaba e ferro aminoácido quelato, envase e armazenamento.
As bebidas lácteas poderão serem envasadas em embalagens plásticas de 1 litro, previamente lavadas com detergente neutro e sanitizadas com hipoclorito de sódio a 20 ppm, lacradas, devidamente identificadas e armazenadas sob refrigeração a 5 ºC ± 2 ºC por 12 h. Posteriormente, as bebidas lácteas fermentadas poderão ser acondicionadas até o consumo sob refrigeração (5 ºC ± 2 ºC) por 21 dias, até o consumo.
Resultados Alcançados
Na etapa de desenvolvimento da bebida, conseguiu-se uma formulação estável, com bactérias láticas viáveis, contendo carboidratos, proteínas, lipídeos, fibras, cálcio, ferro, fósforo e sódio, confirmados através de análises laboratoriais
No teste de aceitabilidade,obteve-se aceitação de 85% em crianças de 2 a 5 anos de idade.
Foi possível inferir que a bebida com maior taxa de aceitabilidade foi a de coquinho azedo (85% de aceitação – Teste de Tukey 0,05). Contudo, confirmou-se que todos os sabores utilizados, mangaba, umbu, coquinho azedo, cagaita, também tiveram aceitação acima de 80%. A variação nos sabres durante o fornecimento é importante para que as crianças mantivessem a aceitação, e também para que pudesse se aproveitar as safras dos frutos.
Nos testes com animais de laboratório, com dois meses de tratamento, avaliou-se o efeito da bebida láctea nos camundongos, especialmente naqueles que apresentavam baixo peso, portanto, foi possível perceber um aumento de peso considerável para os mesmos, enquanto para os que não receberam a bebida percebeu-se uma estabilidade dos pesos.
A partir dos valores antropométricos das crianças e do teste de albumina foi possível realizar o diagnóstico da desnutrição de crianças.
Após o fornecimento diário da bebida a crianças diagnosticadas com subnutrição, em estado de magreza, magreza acentuada e eutrofia, comprovou-se que através da suplementação alimentar por dois meses estas conseguiram sair do estado de desnutrição.
Através das análises de exame de sangue, foi possível confirmar a eficácia da bebida para se elevar o teor de albumina do sangue de valores considerados muito baixos (2,9%), e baixos (3,1 a 4,4%) para valores aceitáveis, acima de 4,5% na média. Esses resultados foram confirmados pelas análises antopométricas (peso e altura) , que comprovam a eficácia da bebida para retirar crianças do estado de subnutrição infantil.
Os resultados comprovaram que o soro de leite pode ser utilizado como base nutricional para desenvolvimento de alimentos nutricionais, desde que seja suplementado com outras fontes. Neste caso, buscou-se como alternativa os frutos do cerrado por serem de fácil acesso e conhecidos pelas famílias da região, permitindo elevada aceitação do produto.
Entretanto, o alcance do projeto restringiu-se a capacidade produtiva do laboratório, que busca alternativas para ampliar a produção e poder alcanças maior número de famílias que possuem crianças subnutridas.
Público atendido
Adolescentes
Alunos do ensino basico
Alunos do ensino fundamental
Crianças
Famílias de baixa renda
Idosos
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