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Tecnologias sociais impulsionam transformação e desenvolvimento sustentável na Amazônia

2025-06-30 18:58:34
por Rádio Coopnews | Noticias | Redação


Mais que ferramentas, as tecnologias sociais são estratégias de transformação social, valorização cultural e de desenvolvimento sustentável na Amazônia. Este é o resultado promovido por soluções simples, de baixo custo e desenvolvidas ou aprimoradas por equipes das instituições científicas com a participação de comunidades e grupos vulnerabilizados apresentadas no 2º Encontro de Tecnologia Social da Amazônia (2º ETS-Amazônia). O evento encerrou nesta sexta-feira (27), no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), no bairro Petrópolis, zona Sul de Manaus.

Cerca de 200 cientistas, professores, desenvolvedores de tecnologia social, estudantes e representantes governamentais participaram do evento. Múltiplas atividades foram realizadas, como mesas temáticas, oficinas, apresentação oral de mais de 70 trabalhos, lançamento de livros, visitas técnicas, além da Feira de Economia Popular e Solidária e Mostra de Tecnologia Social. Os debates nas mesas trataram sobre mudança climática, empreendimentos solidários, saberes tradicionais e estratégias de fomento e desenvolvimento.

Para o diretor do Inpa, o professor Henrique Pereira, o evento reuniu vozes e instituições comprometidas com o futuro da região e consolidou um movimento coletivo em defesa de uma ciência transformadora, acessível e socialmente referenciada. “Encerramos este Encontro com uma convicção renovada: a tecnologia social é uma estratégia central para o desenvolvimento sustentável da Amazônia, e não uma alternativa periférica”, destacou Pereira.

O ETS-Amazônia foi organizado pelo Inpa e pela Associação Brasileira de Ensino, Pesquisa e Extensão em Tecnologia Social (Abepets), em parceria com quase 15 instituições de ensino e pesquisa do Norte, como Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD-Fiocruz Amazônia) visando se estabelecer como um fórum regional de discussões sobre tecnologia social da região.

“O Inpa tem mais de 70 anos na Amazônia e vem estabelecendo parcerias com as comunidades tradicionais, estudando seus sistemas de produção e procurando encontrar mecanismos que possam fortalecer a economia dessas populações, ao mesmo tempo, em que se preserva o ambiente do entorno”, destacou a diretora substituta do Inpa, a pesquisadora Sônia Alfaia.

Experiências transformadoras

As tecnologias sociais oferecem soluções inovadoras, sustentáveis, inclusivas e são reaplicáveis, atendendo a diferentes necessidades locais no Brasil e na Amazônia. Algumas geram renda, como a produção de calçados a partir do látex da seringueira e o manejo do pirarucu, outras resgatam e preservam a identidade cultural como o dicionário multimídia para revitalização de línguas indígenas. Há outras que atendem à necessidade de acesso à água potável, a exemplo do filtro ecológico para tratamento de água potável feito com baldes plásticos com tampas, ou ainda tecnologia educacional para idosos da Universidade da Maturidade (UMA/TO).

O dicionário multimídia desenvolvido pelo Museu Goeldi em parceria com povos originários está ajudando a revitalizar e preservar línguas indígenas. O recurso digital não precisa de internet para funcionar e combina gravações da língua (oralidade), imagem, texto e frases de uso, permitindo ensinar e aprender as línguas na comunidade e fora dela. Sete dicionários de línguas indígenas já foram desenvolvidos, entre os quais Kanoé e Puruborá.

“Esse dicionário é bom, é muito prático. No começo, a gente não tinha essa possibilidade e foi um trabalho mais difícil do resgate da língua Puruborá, a documentação do museu pra nós era recente. Esse é um material que a gente usa no dia a dia, e através dessa tecnologia consigo ensinar na escola e para as pessoas que não estão no território, até porque a gente ainda não tem território demarcado, e ele também dá força na luta pelo nosso território”, conta o sabedor indígena Mario Oliveira Neto, da Escola Aperoi do povo Puruborá, no município de Seringueira (RO).

Uma das parceiras do evento é a Fundação Banco do Brasil, que possui 40 anos de trajetória, dos quais há 24 anos fomenta e incentiva a temática da tecnologia social no País. A Fundação promove a cada dois anos o Prêmio de Tecnologia Social, no qual identifica, certifica e premia tecnologias sociais, conta ainda com a Plataforma Transforma que é uma maneira de catalogar e difundir a tecnologia social.

“Mais recentemente, fizemos uma parceria com a Universidade de Brasília, e vamos instalar neste ano o laboratório de tecnologia social, o LAB-TS, para desenvolver e aprimorar tecnologias sociais que representem possíveis políticas públicas, soluções transformadoras para problemas da nossa sociedade”, contou a diretora executiva de desenvolvimento social da Fundação Banco do Brasil, Luciana Bagno.

Tecnologia Social na COP30

Conforme a diretora de Tecnologia Social, Economia Solidária e Tecnologia Assistiva (DEPTS/MCTI), Sonia Costa, o momento político é favorável ao fortalecimento da agenda da tecnologia social. Reconheceu ainda o esforço das três unidades do MCTI na Amazônia (Inpa, Instituto Mamirauá e Museu Goeldi) que seguraram as questões ligadas às tecnologias sociais na Amazônia nos últimos anos, com movimentos sociais e instituições parceiras. Em 2024, foi publicada uma Coletânea contendo 100 experiências de tecnologias sociais desenvolvidas na Amazônia.

“Estamos partindo de algo reconhecido, como essas 100 tecnologias. Então, vamos nos preparar para uma grande amostra de tecnologia social para a COP30 ilustrada por essas tecnologias sociais do livro para termos o espaço reconhecido, bem-organizado e representado”, adiantou Costa.

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