Com a ajuda de
pinos e elásticos o deficiente visual consegue criar imagens na placa
perfurada. O método conhecido como Multiplano foi criado pelo professor Rubens
Ferronato, do Paraná, e possibilita, por meio do tato, a compreensão de
conceitos matemáticos também aos que enxergam, sem que estes necessariamente
conheçam a escrita em braille.
Com a técnica,
as pessoas podem compreender operações, equações, proporções, funções, sistema
linear, gráficos de funções, inequações, funções exponenciais e logarítmicas,
trigonometria, geometria plana e espacial, estatística e muitos outros.
Reaplicada em
mais de 200 escolas do país, a metodologia foi vencedora do Prêmio Fundação BB
de Tecnologia Social em 2003, na categoria Educação. Como premiação naquele
ano, a iniciativa foi registrada em vídeo documentário, além de receber
investimento social de R$ 50 mil para aperfeiçoamento e expansão.
Em 2018, o
professor criador e desenvolvedor da tecnologia social foi selecionado entre os
50 finalistas do “Global Teacher Prize”, prêmio conhecido como “Nobel da
Educação”, organizado pela Varkey Foundation, instituição filantrópica com sede
em Londres (Inglaterra). Mesmo com os reconhecimentos, ele busca ampliar o
alcance da iniciativa. “Desejo produzir o Multiplano nas doze línguas mais
faladas no mundo e, ainda, levar a 30 países em dez anos”, disse.
Tecnologia
social cuidando da saúde dos povos
No Amapá é
muito comum as famílias recorrerem às receitas caseiras, desenvolvidas a base
plantas medicinais para cuidar de doenças. A prática resultou na tecnologia
social “Farmácia da Terra”, uma metodologia que nasceu a partir da inquietação
de um grupo de pesquisadores da área de fitoterapia do Núcleo de Plantas
Medicinais e Produtos Naturais do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas
do Estado do Amapá (IEPA). O trabalho foi baseado nos conhecimentos da tradição
local, a partir de espécies amazônicas, buscando manter vivos os conselhos dos
antepassados e trazer uma alternativa barata e eficiente para as populações
carentes.
Terezinha de Jesus Soares, pesquisadora do IEPA explica que muitas vezes essa alternativa oferece tratamento eficiente para diversas doenças a um custo quase zero, e que o foco principal continua sendo o desenvolvimento econômico de comunidades rurais e tradicionais do Estado, com destaque para o projeto de produção de fitoterápicos e sabonetes por algumas associações comunitárias.
Entre as
doenças que podem ser tratadas com fitoterápicos – produtos com fins
terapêuticos obtidos das plantas – estão as respiratórias (bronquite, sinusite,
amigdalite, faringite, gripes e resfriados), de pele (sarnas, escabioses e
pediculoses), gastrointestinais (diarréias, verminoses, gastrite, úlcera
péptica, amebíase e giardíase), doenças dos órgãos genitais e infecções
urinárias, além de reumatismo.
As Farmácias
da Terra estão presentes em oito municípios do estado. Mais de 2 mil pessoas –
entre agentes de saúde comunitários (principal público), parteiras, estudantes
de nível médio, professores, líderes comunitários e curandeiros – foram
treinadas para cuidar de hortas onde são cultivadas as plantas.
“A tecnologia
continua fortalecendo os projetos que existem e ajudando as famílias,
principalmente as ribeirinhas que vivem isoladas. Nosso objetivo é que a
população siga resgatando esses conhecimentos e contribuindo na melhoria da
saúde pública”, disse.
Prêmio
de Tecnologia Social 2019
Se você tem um
projeto interessante como esses, inscreva-se no Prêmio Fundação BB deTecnologia Social 2019. As inscrições estarão abertas até o dia 21 de abril de
2019. Podem participar entidades sem fins lucrativos, como instituições de
ensino e de pesquisa, fundações, cooperativas, organizações da sociedade civil
e órgãos governamentais de direito público ou privado, legalmente constituídas
no Brasil ou nos demais países da América Latina ou do Caribe.
Nesta edição,
o Prêmio terá quatro categorias nacionais: "Cidades Sustentáveis e/ou
Inovação Digital"; "Educação"; "Geração de Renda" e
"Meio Ambiente". O primeiro, segundo e terceiro lugar de cada uma das
categorias será premiado com R$ 50 mil, 30 mil e 20 mil respectivamente. Todas
as instituições finalistas irão receber um troféu e um vídeo retratando sua
iniciativa. Além disso, as tecnologias sociais que promovem a igualdade de
gênero e o protagonismo e empoderamento da juventude receberão um bônus de 5%
na pontuação total obtida na classificação.
As novidades
desta edição são as três premiações especiais: “Mulheres na Agroecologia”, que
visa identificar tecnologias sociais que promovam o protagonismo feminino na
gestão da produção agroecológica; “Gestão Comunitária e Algodão Agroecológico”,
destinada para identificar tecnologias sociais de modelos de gestão/governança
de organizações e comunidades na produção do algodão agroecológico e “Primeira
Infância”, que busca identificar tecnologias sociais que promovam ações que
abordem as dimensões do desenvolvimento infantil (linguagem, cognitivo,
motricidade e socioafetividade), o fortalecimento de vínculos familiares e o
exercício da parentalidade. Nestas premiações especiais também serão
classificadas três finalistas, com as mesmas regras das categorias nacionais.
As vencedoras serão conhecidas na premiação, prevista para outubro. Todas as
categorias são relacionadas aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)
Este ano o
Prêmio conta com a parceria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES), Instituto C&A, Ativos S/A e BB Tecnologia e Serviços, além
da cooperação da Unesco no Brasil e apoio da Organização das Nações Unidas para
a Alimentação e a Agricultura (FAO), Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD), Ministério da Cidadania e Ministério da Ciência,
Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
Esta matéria
faz parte da série Retrospectiva TS, que apresenta histórias de iniciativas
finalistas no Prêmio Fundação BB de Tecnologia Social desde a sua primeira
edição, em 2001.
Notícia publicada em 20/03/2019
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