Em 2005, a
experiência Manejo Comunitário de Camarão de Água Doce, apresentada pela
Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas da Ilha das Cinzas (ATAIC) recebeu
o Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social, como vencedora da
Região Norte. A metodologia paraense foi criada com o objetivo de proporcionar
às famílias ribeirinhas, condições de exploração sustentável dos recursos
pesqueiros (camarão), com melhoria da qualidade do produto e da renda dos
pescadores, sem prejudicar o meio ambiente.
Antes de
vencer o Prêmio da Fundação BB, a pesca do camarão, uma das principais fontes
de renda dos moradores da Ilha das Cinzas, teve que passar por melhorias. Na
época a prática apresentava baixa produtividade, preços ruins para venda,
prática predatória e desperdício de insumos. Um levantamento de campo
identificou que os camarões comercializados tinham um tamanho muito pequeno
(média de 4,5 cm) e que as armadilhas usadas pelas famílias para capturar os
camarões, tinham em média de 140, consideradas armadilhas predatórias, além do
preço muito baixo pago pelo quilo do crustáceo.
E para
contornar a situação, Josineide Malheiros, coordenadora do ATAIC, se uniu aos
pescadores na busca por melhorias. Participaram de seminários, quando foi
definido um plano econômico sobre a a estocagem dos camarões vivos capturados
no final da safra (dezembro), para comercialização na entressafra. Fizeram
também o aprimoramento do matapi, equipamento feito de fibras vegetais,
utilizado para pegar os camarões, e próprio para reter apenas camarões grandes,
liberando aqueles ainda não aptos ao consumo, permitindo que os estoques
naturais da espécie continuassem.
De acordo com Josineide, vencer o Prêmio da Fundação BB foi um marco histórico. “Aqui na região do Marajó e Baixo Amazonas a tecnologia social é reconhecida, e pessoas de diversos níveis nos procuram para obter informações sobre a nossa metodologia”. A coordenadora também explica que houve um avanço muito grande nesses quase 14 anos após o Prêmio. “Um exemplo é a Embrapa Amapá, com a parceria da ATAIC, que deu continuidade a buscas de melhoria da tecnologia de captura de camarão, com o uso do matapi”, disse.
“A pesca do
camarão sempre existiu, mas com o Prêmio, ela saiu da invisibilidade.
Continuamos nos organizando, só que agora temos vários meios de nos mobilizar.
Também já deixamos um registro de que existimos, de que somos uma tecnologia
social conhecida e reconhecida, e que tem gente que reaplica a nossa ideia,
declarou Josi.
Essa
iniciativa e outras 985 estão disponíveis para consultas gratuitas no Banco de Tecnologias Sociais (BTS) da Fundação BB. Este
ano, novas experiências passarão a fazer parte do BTS, com a 10ª edição do
Prêmio que está com inscrições abertas até 21 de abril.
Além da
premiação especial Mulheres na Agroecologia, o Prêmio Fundação BB de Tecnologia
Social também irá reconhecer iniciativas em outras quatro categorias nacionais:
"Cidades Sustentáveis e/ou Inovação Digital”; “Educação”; “Geração de
Renda" e "Meio Ambiente”, outras duas premiações especiais: “Primeira
Infância” e “Gestão Comunitária e Algodão Agroecológico,” e uma categoria
Internacional, destinada a iniciativas da América Latina e do Caribe, onde
serão identificadas tecnologias sociais que possam ser reaplicadas no Brasil e
que constituam efetivas soluções para questões relativas a “Cidades
Sustentáveis e/ou Inovação Digital”; "Educação", “Geração de Renda” e
“Meio Ambiente.”
Os três
primeiros lugares de cada categoria nacional e especial serão premiados com R$
50 mil, 30 mil e 20 mil respectivamente. Todas as instituições finalistas irão
receber um troféu e um vídeo retratando sua iniciativa. Além disso, as
tecnologias sociais que promovem a igualdade de gênero e o protagonismo e
empoderamento da juventude receberão um bônus de 5% na pontuação total obtida
na classificação.
As inscrições
podem ser feitas no site www.fbb.org.br/premio e estão abertas para entidades sem fins
lucrativos, como instituições de ensino e de pesquisa, fundações, cooperativas,
organizações da sociedade civil e órgãos governamentais de direito público ou
privado, legalmente constituídas no Brasil ou nos demais países da América
Latina ou do Caribe.
Nesta edição,
o Prêmio conta com a parceria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES), Instituto C&A, Ativos S/A e BB Tecnologia e Serviços, além
da cooperação da Unesco no Brasil e apoio da Organização das Nações Unidas para
a Alimentação e a Agricultura (FAO), Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD), Ministério da Cidadania e Ministério da Ciência, Tecnologia,
Inovações e Comunicações (MCTIC).
Notícia publicada em 29/03/2019
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